segunda-feira, 14 de maio de 2007

O QUE É A VIDA?


Outra crónica minha saída no semanário "Sol":

O físico Erwin Schroedinger sabia viver a vida... Ele foi um apreciador de sempre renovadas companhias femininas. Consta até que a descoberta da famosa equação que tem o seu nome foi efectuada após um fim de semana na montanha com uma das suas namoradas. Foi um momento alto da ciência: a equação de Schroedinger, que está na base da teoria quântica, contém, como já alguém disse, toda a química e quase toda a física.

Schroedinger ficou também conhecido por ter imaginado um gato meio vivo e meio morto. E como se explica um gato? Será a vida explicável pelas leis da química e da física? O próprio Schroedinger abordou o assunto em 1942 quando proferiu, em Dublin, uma série de conferências, mais tarde reunidas em livro sob o título “O que é a vida?”. A questão do título prolongava-se noutra: “Até que ponto a física e a química poderão explicar, no espaço e no tempo, os fenómenos que ocorrem dentro de um organismo vivo?”. A resposta deu-a logo a seguir: “A manifesta incapacidade da física e da química para explicar esses fenómenos não implica, de modo nenhum, que se possa pôr em dúvida que eles sejam demonstráveis por ambas as ciências”.

Tal resposta foi dada muito antes da descoberta da estrutura molecular do DNA efectuada em 1953 pelo físico Francis Crick e pelo biólogo James Watson. Ambos reconheceram a sua dívida para com o livro de Schroedinger, que tinha colocado a questão certa. Os desenvolvimentos espectaculares da bioquímica e da biofísica têm dado razão ao físico austríaco. A vida, que anima desde a bactéria Escherichia coli até ao Homo sapiens sapiens, passando pela mosca da fruta Drosophila melanogaster, não tem parado de revelar os seus mistérios aos cientistas, sabedores de química e de física, que se têm interrogado sobre ela...

5 comentários:

Anónimo disse...

Que vergonha....

Para além da extrema leviandade histórica do post, o Sr. Fiolhais ainda comete a asneira de não saber sequer escrever o nome do visado: Schrödinger.

Profundamente vergonhoso.

Anónimo disse...

The God Particle de Leon Lederman

Leaving his wife at home, Schrödinger booked a villa in the Swiss Alps for two weeks, taking with him his notebooks, two pearls, and an old Viennese girlfriend.
Schrödinger's self-appointed mission was to save the patched-up, creaky quantum theory of the time.

The Viennese-born physicist placed a pearl in each ear to screen out any distracting noises. Then he placed the girlfriend in bed for inspiration. Schrödinger had his work cut out for him. He had to create a new theory and keep the lady happy. Fortunately, he was up to the task.

Alef disse...

Ui, jlc, arrisca-se a «ouvir» das que não esperava... Trema, trema... ;-)

«Schroedinger» e «Schrödinger» são formas igualmente válidas, sendo a primeira bastante útil quando não temos «tremas».

Já agora, faça a seguinte experiência escreva «Schroedinger» no «Google» (basta clicar aqui) e confira os resultados. Verá que aparecem as duas formas. Pode fazer experiências parecidas com «Müller» e «Mueller», etc.

Alef

Anónimo disse...

Bom post! Realmente é espantoso o que a ciência nos ensina sobre o que é a vida (claro que é necessário ter sólidos conhecimentos científicos para que se possa realmente perceber alguns dos grandes feitos alcançados!). E a melhor parte, concerteza, ainda está para vir!

Cumprimentos

Anónimo disse...

Caro Carlos Fiolhais

Fico na verdade satisfeito por ver confirmada noutra área científica completamente distinta, a importância de postular as perguntas correctas.

Recentemente Steven D. Levitt expantou a comunidade económica, ao relevar a importância de colocar as perguntas certas, para da informação disponível, poder retirar (buscar) as melhores respostas, em Freakonomics - A verdade escondida de todas as coisas.

Afinal este principio tinha já tido a sua origem há muito tempo num campo distinto das ciências fundamentais. Parece que afinal Levitt, soube tirar partido da interdisciplinaridade científica e extrapolar o principio para outras esferas.

Mais uma vez os meus parabéns pelo esforço de divulgação da ciência séria.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...