quarta-feira, 9 de maio de 2007

Darwin e o canto dos canários cegos

Sexta-feira estreia na Barraca a peça «Darwin e o canto dos canários cegos». Durante este teatro-ciência, encenado por Helder Costa, iremos assistir ao «difícil percurso do extraordinário cientista inventor da teoria da evolução das espécies.

Durante a viagem no navio Beagle - 4 anos à roda do mundo -, examinando animais e pássaros, recolhendo plantas, cracas e fósseis, Darwin adquiriu as bases físicas essenciais para fundamentar a sua teoria.

E foi durante essa viagem que assumiu o compromisso de lutar contra a escravidão depois de ter assistido a um negro cortar a sua própria língua; tinham-no cegado para cantar melhor como faziam com os canários…

Esse crime traumatizou-o para sempre, e foi com o auxilio de Emma, sua mulher e companheira de investigação que superou os medos e as hesitações de ordem religiosa que o afligiam».

A menos de dois anos do bicentenário do nascimento de Darwin e dos 150 anos de publicação d' «A origem das espécies», espero que esta seja apenas a primeira de muitas excelentes iniciativas que celebrem a data. Eu terei o privilégio de desfrutar a estreia desta ciência viva e partilharei com os nossos leitores as impressões que ela me suscite mas pelo tema e pelo que li recomendo desde já aos nossos leitores a reserva de bilhetes!

Como escreveu o Carlos, «Ciência em palco significa trazer a ciência para diante dos nossos olhos, para o palco das nossas atenções, fazê-la passar para a sociedade. É, portanto, uma forma, uma das melhores formas, de fazer cultura científica.»

Eu acrescentaria que ciência em palco é uma forma privilegiada de unir as duas culturas, de abrir as portas da comunicação que urge escancarar para que a ciência permeie a sociedade, seja discutida em mesas de café e, como consequência, obste ao proliferar de obscurantismos sortidos. O meu bem haja ao Helder Costa e subscrevo inteiramente o que é dito no texto de apresentação da peça:

«Felizmente essa ofensiva contra a inteligência [o criacionismo] não está a fazer o seu caminho. Pelo contrário, despertou as consciências de cientistas, artistas e profissionais de todos os sectores para uma verdade indiscutível: a História não segue um caminho linear, e é frequente o reaparecer da barbárie e da amoralidade.

Já Darwin, citando Heraclito, escrevia 'no mundo tudo se transforma'.

E é essa a lição para hoje e para o futuro: na esteira de Darwin e milhares de outros, o nosso TRABALHO é esclarecer, discutir, polemizar, impedir o renascimento do obscurantismo.

Para prevenir a Paz, ao contrário de prevenir a Guerra, basta saber que a IDEIA é mais importante do que qualquer ARMA.»

17 comentários:

Rui leprechaun disse...

...basta saber que a IDEIA é mais importante do que qualquer ARMA.

Yes, it is, for Knowledge is Bliss!

E a Pura Ideia ou Forma... é essa universal norma!!! :)

Basta apenas recordá-la... e 'pois feliz contemplá-la!

Que essa contemplação é o mistério da União!

E tal arte amorosa se faz na Alma formosa!

Ó Ideia assim Divina... início e final sina!

Belo que do Belo vem... e todo o meu EU contém!

Pois só em Ti tudo SOU... de onde vim p'ra onde vou!!! :)


And there is an absolute beauty and an absolute good, and of other things to which the term 'many' is applied there is an absolute; for they may be brought under a single idea, which is called the essence of each. [...]

The many, as we say, are seen but not known, and the ideas are known but not seen.


Plato's "The Republica"

Rui leprechaun disse...

E por falar em Beleza...

...venha o Shakespeare à mesa! :)


Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O no! it is an ever-fixed mark
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come:
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.


Shakespeare's Sonnet 116

Bruce Lóse disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Antes de celebrar o darwinismo, talvez seja bom ponderar o modo como Darwin sustentou que os "selvagens" deviam ser eliminados, de acordo com a lógica do "triunfo das raças mais favorecidas na luta pela vida" e se opôs ao desenvolvimento dos cuidados de saúde e da vacinação por os mesmos serem contrários às "leis da natureza". Em vez do cuidado dos mais fracos, Darwin defendeu a sua eliminação pura e simples. Será que queremos realmente celebrar isso?

Mas não há nada como recorrer às fontes primárias para tirar as coisas a limpo. Leiamos o próprio Darwin:

"With savages, the weak in body and mind are soon eliminated; and those that survive commonly exhibit a vigorous state of health. We civilised men, on the other hand, do our utmost to check the process of elimination; we build asylums for the imbecile, the maimed and the sick; we institute poor laws; and our medical men exert their utmost skill to save the life of everyone to the last moment. There is reason to believe that vaccination has preserved thousands who, from a weak constitution, would formerly have succumbed to smallpox. Thus the weak members of civilised society propagate their kind.

No one who has attended to the breeding of domestic animals will doubt that this must be highly injurious to the race of man. It is surprising how soon a want of care, or care wrongly directed, leads to the degeneration of a domestic race; but, excepting in the case of man himself, hardly anyone is so ignorant as to allow his worst animals to breed.

The aid which we feel impelled to give to the helpless is mainly an incidental result of the instinct of sympathy, which was originally acquired as part of the social instincts, but subsequently rendered in the manner previously indicated more tender and more widely diffused. Nor can we check our sympathy, even without deterioration in the noblest part of our nature … We must, therefore, bear the undoubtedly bad effects of the weak surviving and propagating their kind."

Charles Darwin, The Descent of Man, 2nd Ed., 1887, pp. 133–134

Desde que Caim matou Abel que a humanidade sabe que o homicídio é crime e que nós devemos cuidar uns dos outros. Há muito que a Bíblia ensina a cuidar dos "órfãos, das viúvas e dos estrangeiros", ou seja, dos mais fracos em geral. Jesus Cristo reiterou que todos devemos cuidar dos mais fracos e vulneráveis. Pelo contrário, Darwin propôs a adopção de medidas de extermínio dos mais fracos.

Anónimo disse...

Darwin até pode ter sido o maior bárbaro de todos os tempos (não sei se o foi e duvido que o tenha sido), mas uma coisa é certa: ele abriu as mentes humanas para o conhecimento. E, correndo o risco de causar polémica, afirmo que ele foi mais longe do que a igreja católica demonstrando que não apenas os homens são todos irmãos, mas sim que todas as espécies vivas são irmãs, que descendem de um antepassado comum. Penso que essa mensagem é uma mensagem de paz e que tem uma força tal que nenhuma outra mensagem de qualquer igreja a possa igualar.

As DESCOBERTAS de Darwin (e não uma qualquer "revelação" de um qualquer deus - que pode não passar de um delírio da mente humana)são muito poderosas e devem ser difundidas como forma de se atingir o Bem (leia-se não às guerras, não às extinções das espécies nossas irmãs...)

Manuel Caiano

Anónimo disse...

A Bíblia diz que todo o universo e a vida são o resultado de um Criador Comum. Deus deu ao ser humano a responsabilidade de cuidar da Sua Criação. Isso não é revelação de deus qualquer, mas sim do Criador em Pessoa. Uns aceitam, outros rejeitam. Foi assim desde o primeiro momento da criação. Deus deu-nos essa liberdade.

Por outro lado, se os darwinistas defendem a sobrevivência do mais apto e acreditam que as extinções e as mutações são fundamentais no processo de evolução, então deveriam encarar a presente extinção de muitas espécies e as mutações com optimismo. Porque não o fazem?

Para a Bíblia, as extinções são um mal (daí a Arca de Noé), ao passo que as mutações são parte da corrupção que afecta toda a natureza depois da Queda. As extinções são morte. As mutações são doença e sofrimento. Umas e outras destroem informação genética. A Bíblia não vê qualquer mérito numas ou noutras.

Anónimo disse...

Mas porquê acreditar num livro escrito por um povo ignorante do derserto e não na ciência que nos pode de facto comprovar o que afirma?

Lembro-me nas aulas de biologia do 12º ano quando nos falaram do criacionismo de todos os alunos rirem, tal como rimos de outras suposições tais como a terra ser plana ou o sol andar à volta da terra e esta ser o centro do universo. Até jovens daquela idade acham ridiculo encarar a biblia como fonte de conhecimento, como é que pessoas adultas podem crer nessas estórias?

Cada um acredite no que quiser! Estamos num país livre, agora não se podem negar factos cientificos comprovados. Isso é um disparate!

Até me sinto estúpido por ter de estar a explicar isto...

Julgo que o senhor anónimo já não tenha 5 anos...

Manuel Caiano

Anónimo disse...

Para um "povo ignorante no deserto" até que não está nada mal!


Com toda essa ignorância, a verdade é que escreveram o livro (i.e. conjunto de livros) mais vendido, mais lido e mais traduzido de toda a história universal, que ainda hoje é
o maior best seller em todo o mundo, com o maior número de edições críticas.

Além disso, é o livro que mais influência teve, ao longo da história, na politica, no direito, na literatura, na música, na pintura, na arquitectura, etc.

Pelos vistos, tudo isto lhe está a passar ao lado. Provavelmente há boas razões para se sentir estúpido, como fez questão de sublinhar.

Não substime o livro em causa, sob pena de acabar por cair no ridículo.

Anónimo disse...

Não vou entrar em guerras religiosas (esse não é de todo o meu departamento!)

Termino apenas dizendo que, na minha modesta opinião, ridículo é, com os conhecimentos actuais, acreditar nesse livro à letra…

Manuel Caiano

Anónimo disse...

Como mulher não posso dizer que morro de amores pelo Darwin, mas tenho que lhe reconhecer o mérito de ter percebido o óbvio (por vezes é o mais difícil), a evolução das espécies ou da vida.
Sinceramente não consigo perceber a relação das descobertas de Darwin com as extinções de algumas espécies, mas talvez isso se deva ao meu baixo nível cultural.

Para resolver este meu problema tenho que perguntar a quem sabe. Quando li os comentários deste anónimo surgiram-me dúvidas(ainda bem porque se já soubesse toda a verdade a minha vida devia ser uma pasmaceira). Gostava que alguém me explicasse como é que o Noé construiu uma arca capaz de salvar animais de todas as espécies, ou seja, uma arca espaçosa, sem nenhuns conhecimentos científicos. Será que a bíblia também dá cursos de engenharia naval? E já agora se foi Deus, que mandou construir a arca para salvar as espécies, quem é que mandou vir o dilúvio?

guida martins

Anónimo disse...

Sei que disse que não ia entrar em guerras, mas a verdade é que não resisti! Peço desculpa mas aqui vai.


1- Ser um best seller. O livro da Carolina Salgado também foi um best seller e isso não quer dizer nada! Estou obviamente a fazer uma comparação idiota, mas isto penso que demonstra que a venda de muitas cópias não implica qualidade! Não digo que a biblia não tenha qualidade, mas apenas que ser 1 best seller não é de todo 1 bom argumento.

2- Com certeza que é o livro que teve mais influência ao longo da história. No entanto ter tido influência em tantas dessas coisas que enumerou, também não implica a veracidade das estórias que estão lá escritas! Fala da influência da bíblia em todas essas coisas que a maioria de nós considera positiva. Esqueceu-se, porém, de mencionar as guerras, torturas, mortes, massacres, castração do conhecimento, etc, que esse livro provocou. Sejamos honestos! Por alguma razão o anterior Papa veio pedir desculpas…

3- “Deus deu ao ser humano a responsabilidade de cuidar da Sua Criação”. Como bom conhecedor da bíblia, que decerto é, deve conhecer isto: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei e submetei a terra; dominai os peixes do mar, as aves do céu e todos os seres vivos que rastejam sobre a terra”. Talvez a tradição judaico-cristã tenha muita culpa da culpa de muitos dos males do mundo: submetei a terra!! O resultado está à vista!! Se a “Bíblia não vê qualquer mérito” nas extinções, como diz, então não deu de facto os melhores conselhos…

4- “Deveriam encarar a presente extinção de muitas espécies e as mutações com optimismo”. Mutação e selecção são os dois pilares da evolução. As mutações acontecem a toda a hora, se trouxerem vantagens ao seu detentor este vai estar em vantagem em relação aos outros e vice-versa. A extinção é um processo natural. No entanto, nós (seres humanos) estamos a extinguir uma quantidade brutal de espécies e ecossistemas, com isso pomos em causa a nossa própria sobrevivência como espécie. Obviamente isto não pode ser encarado com optimismo! Os Darwinistas apenas explicam o mecanismo pelo qual se dá a evolução, não são masoquistas!

5- As mutações são variação na informação genética e por isso não “destroem informação genética”. Se não houvessem mutações não haveria evolução.

Manuel Caiano

:: rui :: disse...

The Darwinist professor
of philosophy and zoology Michael Ruse confesses this in these
words:
And certainly, there's no doubt about it, that in the past, and I think also in the present, for many evolutionists, evolution has functioned as something with elements which are, let us say, akin to being a secular religion ... And it seems to me very clear that at some very basic level, evolution as a scientific
theory makes a commitment to a kind of naturalism..

:: rui :: disse...

Selecção Natural

Colin Patterson, the senior paleontologist of the British Museum of Natural History in London and a prominent evolutionist, stresses that natural
selection has never been observed to have the ability to cause things to evolve:
No one has ever produced a species by mechanisms of natural selection.
No one has ever got near it and most of the current argument in neo-Darwinism is about this question.


Mutação

B.G. Ranganathan states:
First, genuine mutations are very rare in nature. Secondly, most mutations are harmful since they are random, rather than orderly changes in the structure of genes; any random change in a highly ordered system will be for the worse, not for the better. For example, if an earthquake were to shake a highly ordered structure such as a building, there would be a random change in the framework of the building which, in all probability, would not be an
improvement.

Anónimo disse...

Em pouquissimo tempo (comparado com a escala de tempo da evolução de espécies)o homem consegui criar dezenas (?) de raças diferentes de cão a partir do seu antepassado comum, o lobo. Aliás criou todos os animais chamados domésticos, desde as ovelhas aos porcos, etc. Se o homem consegue fazer isto em tão pouco tempo, é lógico que em milhões de anos a natureza consegue fazer inúmeras espécies diferentes. Será que se continuarmos a alterar os nossos cães tempo o suficiente não conseguiremos também produzir individuos que nada tenham a ver uns com os outros, que não se consigam reproduzir uns com os outros, ou que, pelo menos não consigam produzir descendentes viáveis ou férteis?

Se a mutação é uma coisa assim tão rara como explicar a panóplia de espécies domésticas (animais e vegetais) criadas pelo homem?

Será que são geneticamente iguais?

Será que entre um cocker e um doberman não haverá diferenças genéticas?

Não teram existido as tais mutações rarissimas?

Anónimo disse...

O problema do Papa é querer colocar a Sua autoridade acima da da Bíblia. Foi por esse motivo que se desencadeou a Reforma protestante.

Se a Bíblia fala tão intensamente a tantos povos ao longo de tantos séculos é porque é realmente muito especial. O livro de Carolina Salgado já era.

A destruição da Terra começou com a maldição que se seguiu à Queda, agravada pelo comportamento humano e pelo progresso científico e tecnológico. Além disso, sabemos que os Estados comunistas, dominados pelo ateísmo, sempre mostraram menos respeito pelo ambiente do que os Estados do ocidente.

Quando o mais apto sobrevive e o mais fraco morre, não se cria nenhuma informação genética nova. Pelo contrário, destroi-se toda a informação genética do mais fraco. Se se repetir o processo muitas vezes, não temos evolução, mas destruição. Não se pode chegar ao cimo de uma escada descendo um degrau de cada vez.

O problema é que as mutações destróem as funções celulares. Não acrescentam informação. Além disso, todas as espécies de caninos são especializações de informação genética pré-existente, como é hoje reconhecido pelos geneticistas. Essa especialização de forma alguma cria informação. Especiação não tem nada a ver com evolução.

Dizer que sem mutãções não existiria evolução é dar como demonstrado o que é preciso demonstrar. Ninguém observou a transformação de partículas em pessoas ao longo de milhões de anos.

Uma coisa é certa: as mutações criam frequentemente doenças e em muitos casos revelam-se letais. Elas vão-se acumulando, podendo conduzir inclusivamente à extinção de espécies.

Anónimo disse...

As sociedas mais avançadas do nosso tempo (na minha opinião!) são as sociedades dos países do norte da europa. Nestes países temos os maiores níveis de ateísmo do mundo e são os países que mais respeitam o ambiente. Ah!! E não são comunistas (tem piada!)!

Os EUA (muito religiosos) não respeitam o ambiente global e com isso não respeitam os outros povos, que para viverem bem precisam que não lhes alterem o clima. Este país quando é assolado por uma catastrofe tem os meios para recuperar, mas 1 país pobre se for afectado, por exemplo, por uma seca gravissima, provavelmente muitos vão passar fome ou morrer. O Sr. Bush, presidente ocidental e cristão (como tão bem gosta de lembrar) é o exemplo vivo que as coisas não são assim tão lineares como apontou.

Manuel Caiano

Anónimo disse...

Para além disso é também o 1º a enfeirar em guerras!

Nem que para isso tenha de mentir descaradamente e passar por cima de tudo e todos (leia-se nações unidas)

Atitude muito cristã as cruzadas

NOVA ATLÂNTIDA

 A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à info...