sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CIÊNCIA NA ESCOLA

Artigo de opinião publicado no caderno de educação do Diário As Beiras, publicado a 21-01-2015




Vivemos numa sociedade em que a aplicação do conhecimento científico é uma constante no nosso dia-a-dia. Imersos em ciência, mesmo que disso não nos apercebamos, é importante conhecê-la. Ter uma cultura geral científica é importante para sermos melhores cidadãos, para podermos ter a nossa própria opinião crítica, para podermos ser livres em democracia. Perceber o que é a ciência, ajuda-nos a compreender melhor o mundo em que vivemos. 

Neste contexto, o papel da escola é indispensável enquanto instituição que garante o ensino formal das ciências, permitindo que todos os cidadãos tenham acesso a conceitos básicos sobre como a ciência permite entender o Universo em que existimos.

O ensino da ciência deve estar presente durante a maior parte da escolaridade e começar o mais cedo possível, de preferência logo no pré-escolar. De facto, é desejável ensinar princípios básicos da ciência na infância e dotar o pensamento das crianças com as bases para uma melhor compreensão futura do conhecimento científico. As crianças têm uma natural curiosidade para compreender o mundo em que crescem e a ciência ajuda-as a despertar a sua inteligência para descobrir a natureza e como ela funciona. Os comunicadores de ciência são agentes importantes nesta apresentação da ciência às crianças.

O ensino da ciência na escola não deve ficar só pelo ensino das matérias científicas. Deve permitir que os alunos experimentem, saibam como é que a ciência se faz, compreendam o método experimental científico. É importante que os alunos saibam como é que a ciência funciona e avança. Neste aspecto, a escola deve promover o diálogo entre alunos e cientistas. E estes devem estar abertos a divulgar de forma acessível o seu trabalho científico e disponíveis para falar com os alunos sobre a sua actividade. Este contacto dá sentido prático ao conhecimento científico que os alunos aprendem na escola. Ao apresentarem a utilidade da sua investigação, os cientistas fertilizam a curiosidade dos jovens, para além de os cativar e incentivar para uma eventual profissão na ciência. A proximidade com os cientistas torna a ciência real, mais humana e emotiva.

Os comunicadores de ciência têm aqui um papel muito importante, uma vez que apresentam um conhecimento de uma forma interdisciplinar e mostram a importância das diferentes disciplinas para o avanço do conhecimento científico. A comunicação do conhecimento científico é intrínseca à própria ciência. Sem comunicação não há ciência. Também por isso, o ensino escolar da ciência deve, para ficar completo, promover a comunicação entre cientistas e alunos, como se disse. E o papel dos comunicadores de ciência nesta tarefa é essencial, pois constrói a ponte entre as duas comunidades. 

É que comunicar ciência é uma actividade cívica.


António Piedade

2 comentários:

Francisco Domingues disse...

A Ciência - contra tudo o que os Media pensam (se é que pensam alguma coisa além do lucro...) - é um consumível que deveria ser dado às crianças em vez daquelas balelas de Violetas e quejandas. Exemplo: gravei os programas COSMOS que estão passando na RTP 2, terças, quartas e quintas, às 23H30 (dias e horas para reformados!) e passeio-os a duas crianças de 9 e 12 anos, no fim de semana. Não só gostaram e viram até ao fim, como pediram mais. Que pena que estejamos num mundo de... vendedores de banalidades! Resta-nos lutar com os meios que tivermos ao nosso alcance, meios que, infelizmente, são bem escassos.

António Piedade disse...

Já escrevi em outro lugar que a série Cosmos deveria passar na RTP durante o fim-de-semana e em horário diurno, talvez matinal.

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