Da Newsletter do SNESup:
FCT - ERRO
RECONHECIDO?
Foi ontem
notícia o possível reconhecimento da FCT dos erros que afetaram o processo
de avaliação das Unidades de Investigação e Desenvolvimento. É algo que merece a
atenção do Ministério Público, porque demonstra que o SNESup tinha razão na sua
denúncia. Reconhecer seria positivo, mas não basta e o processo enunciado na
notícia não resolve o problema. De qualquer forma, parece confirmar-se a reunião
mantida entre a tutela e os reitores, que teve como pano de fundo a possível
intenção de várias unidades avançarem com ações judiciais relativas a esta
matéria. A tentativa de impedir que estas ações avancem demonstra a debilidade
óbvia de todo o processo de avaliação. A FCT e a tutela estão numa aporia,
acenando com os seis milhões que restam. O CRUP deve ter consciência do perigo
de assumir o papel de elo de transmissão da FCT, sendo que os reitores começam a
perceber que será difícil dar uma saída honrosa a quem se isolou em tal beco. O
autismo na avenida D. Carlos I continua a sonhar com uma soberania que toma os
demais por menos. Os diretores das unidades de investigação têm a palavra, na
defesa da dignidade. Repor a justiça vai passar por eles. Hoje, mais do que
nunca, o exercício da cidadania é feito de gestos. O verdadeiro heroísmo está
nas mãos de quem foi tomado como irrelevante.
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FCT - CONCURSO = ERRO +
REDUÇÃO
Como habitualmente nos últimos concursos da FCT mantêm-se os erros e
falhas. O processo faz recordar o personagem de uma célebre comédia britânica
que afirmava "Computer says no!". Algumas notas sobre as tendências apresentadas
neste último concurso e que vão para além da já costumeira ineficácia e polémica
nas apreciações.
Por um lado a redução sistemática do número de bolsas atribuídas, em
particular ao nível das bolsas individuais de doutoramento (BD), mantendo-se a
tendência que teve em 2013 um ano dramático, com uma redução de 66%. Esta
tendência de redução encontra-se também presente nas bolsas de pós-doutoramento
(BPD), que apresentam valores perto de metade dos que existiam no período
pré-crise em 2007. Por outro lado, o decréscimo do número de candidatos, quer ao
nível de Doutoramento, quer ao nível de Pós-Doutoramento. Nesta questão era
necessário compreender melhor a forma como o descrédito e a desilusão podem
estar a produzir efeitos de desencorajamento ao ingresso em carreiras
científicas e de investigação. Trata-se de algo que terá custos no médio e
longo-prazo, com os problemas de rejuvenescimento do sistema científico
nacional, bem como de um fenómeno de progressiva frustração geracional.
Note-se que este é um declínio que atravessou toda esta fase de governação.
Uma nota importante para o futuro, porque temos de estruturalmente inverter um
dos períodos mais negativos da história recente da ciência em Portugal.
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