sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O IAVE E A PROVA PARA PROFESSORES

Declarações que fiz à Visão a propósito do recente documento do Conselho Científico do IAVE em que criticava a prova para professores ordenada pelo MEC. De facto, acreditei e acredito no conceito de independência do IAVE em relação ao MEC, mas ele ainda não se concretizou.

Saí a 25 de Outubro do Conselho Geral do IAVE - Instituto de Avaliação Educativa, podendo de fora analisar com independência o que lá se passa. Partilho a crítica do Conselho Científico do IAVE à prova para professores que o MEC- Ministério da Educação e Ciência quer a viva força fazer. Defendo que devemos escolher os melhores professores, mas para isso essa prova é mal feita. De resto, é inútil. Mal feita porque não passa de um  teste psicotécnico, sem nada a ver com a profissão docente. Inútil porque não serve para escolher os melhores docentes, mas sim para excluir os supostamente piores. Apenas afasta meia dúzia de candidatos a professores, num tempo em que há poucos lugares. Quanto a escolher os melhores, o MEC já mostrou que não o sabe fazer.  

A prova tem outros danos: instalou na sociedade a ideia de que  os professores são, em geral, incompetentes. Ora não são, são na sua grande maioria profissionais não só capazes como dedicadíssimos. A insistência na prova serviu, portanto,  para colocar a profissão contra os actuais ocupantes da 5 de Outubro, que estão a perturbar o clima escolar e a afastar a atenção dos verdadeiros problemas da educação. 

O ministro Nuno Crato colocou-se contra os professores que o levaram, em ombros, a ministro. Quanto à direcção do IAVE, antigo GAVE - Gabinete de Avaliação Educativa, que devia ser um organismo técnico para realizar exames e não político, ela não  é independente do Ministério nem do ministro. É grave! 

3 comentários:

Graça Sampaio disse...

Muito bem dito, Professor!! Permita-me que o cumprimente pela frase deste seu texto uma das quais mais me agradou: «O ministro Nuno Crato colocou-se contra os professores que o levaram, em ombros, a ministro.»

António Pedro Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Pedro Pereira disse...

Graça Sampaio:
Mal vai quando se levam as pessoas aos ombros, é porque não conseguem ir pelo próprio pé.
É porque não se conseguem impor pelas suas qualidades.
E quando se tornaram (as tornaram) especialistas instantâneas é o desastre, como se está a ver agora, embora ainda só uma parte desse desastre e a menos grave e duradoura.
As mais profundas consequências demoram algum tempo a aparecer na sua plena dimensão,e levarão igualmente muito tempo a ser corrigidas.
Alguns dos que o «criaram» e o levaram ao colo já se mostram arrependidos.
Agora é tarde.
Mesmo que se fosse de vez, em quatro anos fez-nos muito mal, nem no dobro do tempo se corrige todo o mal que nos fez.

UM CRIME OITOCENTISTA

  Artigo meu num recente JL: Um dos crimes mais famosos do século XIX português foi o envenenamento de três crianças, com origem na ingestã...