A nota do SNESup sobre a "avaliação" da FCT contém um aspecto interessante: o visível afastamento da European Science Foundation (ESF) relativamente aos resultados da avaliação. Ao contrário do que aconteceu no final da 1.ª fase nenhum membro dos painéis nem qualquer outro representante da ESF se dignaram aparecer para defenderem a aberração. A própria FCT teve vergonha do trabalho que mandou fazer e fez e, em vez de anunciar com orgulho os resultados numa sessão pública, como da outra vez, ficou-se por uma sessão à porta fechada só para alguns, onde todas as declarações foram tímidas e apressadas. A sessão teve lugar nas vésperas do Natal para ver se passava despercebida.
Mas não passou. os resultados são demasiado maus para a comunidade científica portuguesa. As notas não estão justificadas e os financiamentos são opacos, nalguns casos perfeitamente arbitrários. Nem sequer há separação de parcelas entre financiamento normal e estratégico. Os cientistas portugueses não se sentiram avaliados por quem percebesse do assunto, como é normal em avaliações internacionais. Perdeu-se completamente a confiança nos actuais gestores da ciência. Eles podem dizer o que quiserem ou até não dizer nada pois já ninguém os leva a sério.
Ainda se aguardam os resultados das numerosas avaliações da 1.ª fase (1.ª fase essa que aliás foi ilegal pois nada à face da lei permite descartar alguns centros tal como foi feito). E provavelmente a essa vão-se somar várias outras reclamações.
Quanto aos investigadores dos centros financiados por este modelo será que eles acham mesmo que a ciência nacional, assim podada, ficou melhor? Quanto aos Reitores, todos lemos o que eles escreveram sobre esta avaliação da ESF/FCT. Quererão agora ser coerentes?
A avaliação desta "avaliação" só pode ser: "chumbo". O sistema científico português, se a justiça não se apressar, terá que esperar por Outubro, para que se ponha fim à arbitrariedade e ao descalabro.
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