Do livro “Poemas de Marianne Moore e Elizabeth Bishop”, editado pela
editora Campo das Letras, escolhi dois poemas de Elizabeth Bishop com
referências às ciências físicas. Ela foi, com Marianne Moore, Hilda Doolittle e
Sylvia Plath, uma das quatro grandes poetisas americanas do século vinte. Muitos dos poemas de E. Bishop são só
compreensíveis se soubermos dos vícios, da doença e das escolhas afetivas— o alcoolismo, a vida nómada (viveu em três continentes), a depressão, o aneurisma e a homossexualidade— da
senhora que ficava encantada com a curiosidade dos cervídeos em contato com o progresso.
A Vivacidade de Espírito
“Esperem, deixem-me pensar um
minuto,” disseste.
E de imediato Eva e Newton cada
um com uma maçã,
E Moisés com a Lei,
Sócrates, que coçava a cabeça
encaracolada,
E muitos outros da Grécia,
Todos chegam agora apressados,
Trazidos pela tua fronte
enrugada.
Mas a seguir fizeste um
trocadilho brilhante.
Demos uma gargalhada estrondosa.
Desconcertados, os que vieram
ajudar-te desapareceram;
E por entre os intervalos da
conversa, depois,
Captámos, — lá para trás, lá para
trás,
Longe, longe, — o reluzente
aniversário de uma estrela turbulenta.
Soneto
Surpreendida — a bolha
No nível de
bolha de ar,
Uma criatura
dividida;
E a agulha de
marear
Oscilando e
vacilante,
Indecisa.
Liberto — o
mercúrio
Do termómetro
quebrado
A fugir;
E o pássaro,
arco-íris
Do estreito
bisel
Do espelho
vazio,
Voando para
onde
Lhe apetece,
feliz!
3 comentários:
Em Junho de 2013 assisti, no teatro Carlos Alberto, no Porto,a uma peça interessantíssima, “Um porto para Elisabeth Bishop”, que me levou a escrever no meu blogue, uma mensagem evocando a autora, com alguns poemas seus. Estes não conhecia e são belíssimos.
Obrigada pela partilha
Regina Gouveia
O título da peça assenta na perfeição.
Para se tocar no humor da poetisa, temos que descer aos abismo do mar.
M.Moore foi "professora" dela.
Tão bonita a poesia e Elsabeth Bishop. Obrigada.
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