Do Livro Sexto:
Algarve
1
A luz mais que pura
Sobre a terra seca
2
Eu quero o canto o ar a anémona a medusa
O recorte das pedras sobre o mar
Eu quero o canto o ar a anémona a medusa
O recorte das pedras sobre o mar
3
Um homem sobe o monte desenhando
A tarde transparente das aranhas
Um homem sobe o monte desenhando
A tarde transparente das aranhas
4
A luz mais que pura
Quebra a sua lança
A luz mais que pura
Quebra a sua lança
Cigarras
Como o fogo do céu a calma cai
No muro branco as sombras são direitas
A luz persegue cada coisa até
Ao extremo limite do visível
Ouvem-se mais as cigarras que o mar
No muro branco as sombras são direitas
A luz persegue cada coisa até
Ao extremo limite do visível
Ouvem-se mais as cigarras que o mar
Reino
Reino
de medusas e água lisa
Reino de silêncio luz e
pedra
Habitação
das formas espantosas
Coluna
de sal e círculo de luz
Medida
da Balança misteriosa
Labirinto
Sozinha caminhei no labirinto
Aproximei o meu rosto do silêncio e da treva
Para buscar a luz de um dia limpo
Sozinha caminhei no labirinto
Aproximei o meu rosto do silêncio e da treva
Para buscar a luz de um dia limpo
Quando a pátria que temos não a temos
Perdida por silêncio e por renúncia
Até a voz do mar se torna exílio
E a luz que nos rodeia é como grades
De Coral
E só então
E só então saí das minhas trevas:
Abri as minhas mãos como folhagens,
Intacta a luz brotava das paisagens,
Mas na doçura fantástica das coisas
As minhas mãos queimavam-se e morriam.
Dia perfeito, inteiro e luminoso,
Dia presente como a morte, luz
Trespassando os meus olhos de cegueira.
Cada voz, cada gesto, cada imagem
Na exaltação do sol se consumia.
1 comentário:
Esperemos que durante 2015 a Luz ilumine as cabeças pensadoras na FCT...
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