Nota a iniciar: O título deste texto é da autoria do professor de João Serôdio (in Diário de Coimbra, de 27 de Julho de 2011). A minha apropriação deve-se ao facto de ele traduzir na perfeição o (enorme) esforço dos professores neste final de ano, já de si tão conturbado, para sustentarem o relato das suas práticas para efeitos de avaliação do desempenho profissional.
Se fosse possível escolher um golpe de mestre para completar a desagregação do sistema educativo, dificilmente se conseguiria melhor do que a implantação do modelo de avaliação do desempenho docente (ainda) em vigor.
Apenas e só burocrático, consumindo os frágeis laços agregadores do corpo docente; injusto sob o ponto de vista dos princípios organizacionais e morais mais elementares, marginal ao conhecimento pedagógico-didáctico disponível, pretexto para “aprimoramentos” ao nível de escola, que lhe dão um toquezito de perversidade, tudo nele se concentrou.
O seu terminus, neste ano lectivo que se prolonga até à exaustão, é a redacção do relatório de auto-avaliação relativo a um biénio. Relatório que se traduz numa meia-dúzia de páginas onde o professor sistematiza aspectos (positivos e também negativos?) referentes a quatro dimensões: profissional, social e ética, participação na escola e relação com a comunidade educativa; desenvolvimento do ensino e da aprendizagem; e desenvolvimento e formação.
E tudo isto é preciso fundamentar em evidências… gráficos e quadro, fotocópias, fotografias, impressão da página de um “site” ou de um “blog” em anexo…
Nada disto diz o que quer que seja acerca da eficácia do professor, da qualidade da escola, do funcionamento da educação formal. Nada disto vai melhorar o ensino, até porque os estragos do dito modelo de avaliação foram muitos e profundos…
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