quinta-feira, 21 de julho de 2011

Comentário sobre os resultados dos exames nacionais

O "Jornal de Leiria" disse-me:

"O exame nacional de Português para os alunos do 12º ano teve, este ano, o pior resultado em 14 anos de prova, com uma média de 8,9. Também Matemática A voltou aos resultados negativos. Depois de, no ano passado, a média do exame nacional de Matemática ter sido de 10,8, este ano baixou para os 9.2. Em reacção, o novo ministro da Educação, anunciou o reforço nas horas lectivas dedicadas à Matemática e ao Português, disciplinas que Nuno Crato considera “estruturantes” para o desenvolvimento dos alunos. Para o governante, que durante anos foi presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, as dificuldades reveladas pelos alunos a Português e a Matemática “não devem ser escondidas simplificando drasticamente os exames ou qualquer outro mecanismo”, mas têm de ser enfrentadas com “mais horas de trabalho para o Português e para a Matemática”.

Que comentários lhe merece o assunto?"

E eu respondi, nos poucos caracteres disponíveis:

"Os resultados dos exames nacionais continuam a ser muito preocupantes, apesar das comparações com anos anteriores não serem fiáveis. Como o GAVE não consegue fazer provas com grau de dificuldade semelhante, o ministro da Educação estará a pensar numa alternativa. A educação nacional constitui um enorme desafio para todos. Mais horas de trabalho na escola são decerto precisas. Assim como mais trabalho dos alunos em casa. E, nesta altura, é sobretudo necessário restaurar a confiança dos professores, muito abalada por um perverso sistema de avaliação docente."

5 comentários:

Manuel disse...

Senhor Prof. Carlos Fiolhais:

Restaurar a confiança dos professores e também a confiança nos professores, na sua competência científica e pedagógica, muito abaladas pelo total descontrolo no processo da sua formação, com a pulverização de instituições de formação (inicial e contínua) em que encontramos de tudo, das mais competentes às incompetentes (funcionando segundo lógicas mercantilistas).
É uma ilusão pensar-se que aumentar as horas de LP e de M só por si resolve o problema, mais, só não se revelará contraproducente se tal aumento for enquadrado numa alteração de um conjunto de outros pressupostos.
Os problemas de que padece o ensino são de varia ordem, depois de devidamente identificados deve actuar-se um pouco em todos eles, de forma progressiva mas determinada.
Outra ilusão foi centrar a crítica ao ensino em dois ou três aspectos apenas, por mais importantes que sejam, esquecendo todos os outros.
E por aqui me fico, expectante.

Manuel disse...

Corrigenda: «...são de vária ordem...»

José Batista da Ascenção disse...

Felizmente, foram os caracteres suficientes para produzir uma excelente resposta.
Fosse essa resposta pronunciada bem alto e (multiplicada) por todo o lado.
E dela se extraíssem corajosa, lúcida e atempadamente as devidas consequências.

Jagganatha disse...

Como o GAVE não consegue fazer provas com grau de dificuldade semelhante...e puqué que uma estrutura tão pesada não consegue fazer tal?

e ñum é solamente a matemática

a bem dizer desde a química à biologia
passando pela vertente mais literata

já pra nã falar daquelas tretas psicológicas

e a simplificação das cruzinhas/escoja multiple
também não é grande coisa

dá menos trabalho nas correcções
uniformiza etc...tc

Anónimo disse...

Muito obrigada, Professor Carlos Fiolhais.
MPP

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...