“Malditos sejam aqueles que se negam aos seus em horas apertadas” (Miguel Torga, 1907-1995).
Por vezes desanimo por ter a sensação de estar a cruzar ferros numa batalha em que não pode haver desistentes. E desanimo por ver uns tantos docentes tudo fazerem para impedirem o esforço hercúleo necessário para que se façam as necessárias e urgentes reformas do ensino. O que vejo é a obstrução de medíocres que, se tentam mudar o status quo, é para ficar tudo na mesma no que respeita à avaliação docente. Defendem uma descarada facilitação em que todos trepam ao topo da carreira docente em verdadeira afronta para com aqueles professores que se empenham no seu mister em verdadeiro espírito de missão.
Ironicamente, manifesta-se, assim, negativamente, um certo espírito de classe (mas de uma classe que não está titulada e sem personalidade jurídica que lhe atribua o cumprimento de um código deontológico que a responsabilize perante a própria sociedade) destituída da noção de que “há um limite em que a tolerância deixa de ser uma virtude" (Edmund Burke). Mas logo me recupero do meu pessimismo para não me tornar desistente de uma causa que deve ter os dias contados por ter terminado a acção de governantes da 5 de Outubro que contribuíram para a actual e desastrosa situação.
Do que me recordo da minha fraca contribuição para me opor a este panorama, entendo transcrever, numa altura em que o silêncio dos que estiveram calados se faz ouvir em desenfreada vozearia, um meu artigo de opinião intitulado “Uma questão de honra” (Público, 01/02/97). Nele respondi a um professor do ensino politécnico que, em carta do leitor, publicada nesse jornal, com o título “Contra a xenofobia académica: por um ensino básico de qualidade”, me acusava dessa atitude criticando-me, em minha opinião um tanto forçadamente, da seguinte forma:
Por vezes desanimo por ter a sensação de estar a cruzar ferros numa batalha em que não pode haver desistentes. E desanimo por ver uns tantos docentes tudo fazerem para impedirem o esforço hercúleo necessário para que se façam as necessárias e urgentes reformas do ensino. O que vejo é a obstrução de medíocres que, se tentam mudar o status quo, é para ficar tudo na mesma no que respeita à avaliação docente. Defendem uma descarada facilitação em que todos trepam ao topo da carreira docente em verdadeira afronta para com aqueles professores que se empenham no seu mister em verdadeiro espírito de missão.
Ironicamente, manifesta-se, assim, negativamente, um certo espírito de classe (mas de uma classe que não está titulada e sem personalidade jurídica que lhe atribua o cumprimento de um código deontológico que a responsabilize perante a própria sociedade) destituída da noção de que “há um limite em que a tolerância deixa de ser uma virtude" (Edmund Burke). Mas logo me recupero do meu pessimismo para não me tornar desistente de uma causa que deve ter os dias contados por ter terminado a acção de governantes da 5 de Outubro que contribuíram para a actual e desastrosa situação.
Do que me recordo da minha fraca contribuição para me opor a este panorama, entendo transcrever, numa altura em que o silêncio dos que estiveram calados se faz ouvir em desenfreada vozearia, um meu artigo de opinião intitulado “Uma questão de honra” (Público, 01/02/97). Nele respondi a um professor do ensino politécnico que, em carta do leitor, publicada nesse jornal, com o título “Contra a xenofobia académica: por um ensino básico de qualidade”, me acusava dessa atitude criticando-me, em minha opinião um tanto forçadamente, da seguinte forma:
“Utilizando uma linguagem belicista com o propósito de mobilizar os estudantes universitários, o autor acaba por tornar visível a xenofobia académica que tem vindo a alimentar algumas (repito algumas) posições, através das quais se recusa, liminarmente, às ESE a possibilidade de formarem professores para leccionarem no 3.º ciclo do ensino básico” (Público, 04/12/96).
No direito que me assistia ao contraditório, escrevi aí também:
“Mas como me sinto feliz e orgulhoso pelo reconhecimento público de que tenho sido um esforçado centurião (aliás, desde 97) da recusa em as ESE poderem formar professores para o 3. º ciclo do ensino básico. Nunca me perdoaria a mim próprio deixar que os estudantes universitários pudessem ser apanhados desprevenidos nas teias que à sorrelfa se urdiam nos gabinetes da 5 de Outubro para lhes usurpar um mercado de trabalho já saturado e da sua tradicional pertença".
No direito que me assistia ao contraditório, escrevi aí também:
“Mas como me sinto feliz e orgulhoso pelo reconhecimento público de que tenho sido um esforçado centurião (aliás, desde 97) da recusa em as ESE poderem formar professores para o 3. º ciclo do ensino básico. Nunca me perdoaria a mim próprio deixar que os estudantes universitários pudessem ser apanhados desprevenidos nas teias que à sorrelfa se urdiam nos gabinetes da 5 de Outubro para lhes usurpar um mercado de trabalho já saturado e da sua tradicional pertença".
E acrescentei:
"Referindo-me, respectivamente aos universitários e aos alunos do politécnico, porque ‘uns são os invadidos e outros os invasores' , tenho que aceitar a acusação que me é feita de ‘xenofobia académica, mas que colhe nobre exemplo nos franceses que, durante a II Guerra Mundial, lutaram contra os alemães nas forças da Resistência, enquanto compatriotas seus colaboravam contra os invasores. Nesta perspectiva, portanto, a minha ‘xenofobia académica’, mais do que uma mera opção, deve ser tida como uma questão de honra!” (Público, 01/02/97).
Na hora que passa em que o sistema educativo se encontra numa difícil encruzilhada, pese embora os sinais de esperança de que algo vai mudar, mais do que uma questão de honra, trata-se de uma questão de brio profissional em tirar do atoleiro toda uma geração que frequenta as escolas portuguesas a fim de contrariar o pessimismo de Jorge de Sena: “Cada vez mais penso que Portugal não precisa de ser salvo, porque estará para sempre perdido como merece!”