Por A. Galopim de Carvalho
Lembremos, porque nunca é demais saber, que a palavra “cinema” radica no grego, “kinema”, que quer dizer movimento e que o termo “cinema”, que hoje anda na boca de toda a gente, é o encurtamento de “cinematógrafo”, a palavra usada ao tempo dos irmãos Auguste e Louis Lumière, franceses de origem, que, por volta de 1890, inventaram esta forma de registar o movimento através da fotografia.
Dizia o meu pai que “cinema é como se, numa fotografia, as pessoas se movimentassem”.
Na segunda metade dos anos 30, chegou a Évora uma furgoneta de cor vermelha mostrando, em grande tamanho e a branco aquele seu conhecido logotipo em que as palavras BAYER, uma escrita na horizontal e outra, na vertical, se cruzam a meio, na letra Y. Percorrendo as ruas, anunciava que, à noite, na então praça 28 de Maio, hoje Praça 1. º de Maio, frente ao portão do Jardim Público, haveria cinema, especialmente dedicado às crianças.
Dizia o meu pai que “cinema é como se, numa fotografia, as pessoas se movimentassem”.
Na segunda metade dos anos 30, chegou a Évora uma furgoneta de cor vermelha mostrando, em grande tamanho e a branco aquele seu conhecido logotipo em que as palavras BAYER, uma escrita na horizontal e outra, na vertical, se cruzam a meio, na letra Y. Percorrendo as ruas, anunciava que, à noite, na então praça 28 de Maio, hoje Praça 1. º de Maio, frente ao portão do Jardim Público, haveria cinema, especialmente dedicado às crianças.
Sentados no chão, felizes, irrequietos e excitados pela perspectiva de vermos cinema, esperámos com impaciência o desenrolar do pano branco a fazer de “écran”, encostado à parte lateral da furgoneta, à nossa frente, e ao aprontar do projector manual, atrás de nós. Sem som e iluminadas pela “força” da bateria, as imagens de curtíssimas metragens de Charlot foram novidade, mesmo para muitos dos crescidos que nos acompanhavam.
No Verão desses anos havia cinema na esplanada do então Hotel Alentejano, o antigo Palácio da Inquisição. Foi aí que, na companhia do meu pai, vi filmagens dos jogos olímpicos de 1936, em Berlim.
Não sei se mais cedo, mas, no Verão dos anos 40, havia cinema ao ar livre, na Praça de Touros e na esplanada do antigo quartel dos Bombeiros Voluntários, localizados onde hoje de situa o Tribunal. Na Praça de Touros, as pessoas finas tinham lugar na arena, com mesas, cadeiras e criados para lhes servirem cervejas, laranjadas ou pirolitos, refrescados em celhas com pedras de gelo e acompanhados de tremoços e “ervilhanas” (amendoíns). A malta assistia das bancadas, sendo que, à noite, o Sol ou Sombra das tardes da Festa Brava não contava para diferenciar o preço das entradas. O que contava era escolher ficar de frente ou de viés para o “écran”. Na esplanada dos Bombeiros, os que podiam instalavam-se nas “cadeiras” (daquelas de abrir e fechar, feitas de ferro e ripas de madeira).
Um aspecto igualmente importante na história da evolução sociológica da cidade é recordar que, nesses anos, o cinema, à semelhança dos cafés, era um lugar de homens, onde as mulheres só podiam entrar ao lado dos maridos, ou as filhas, na companhia dos pais.
Nesse tempo, em que os rapazes (nunca as raparigas) pré-adolescentes podiam brincar na rua e andar livremente por toda a cidade, e uma vez que os lugares no cinema não eram marcados e não havia classificação dos filmes por idades dos espectadores, qualquer criança podia entrar desde que fosse pela mão de um adulto.
Um aspecto igualmente importante na história da evolução sociológica da cidade é recordar que, nesses anos, o cinema, à semelhança dos cafés, era um lugar de homens, onde as mulheres só podiam entrar ao lado dos maridos, ou as filhas, na companhia dos pais.
Nesse tempo, em que os rapazes (nunca as raparigas) pré-adolescentes podiam brincar na rua e andar livremente por toda a cidade, e uma vez que os lugares no cinema não eram marcados e não havia classificação dos filmes por idades dos espectadores, qualquer criança podia entrar desde que fosse pela mão de um adulto.
Foi assim que, pelos meus 11 e 12, me regalei a ver tudo o que era filmes, desde os “dramalhões” da época, como “Tortura da Carne”, com o Akim Tamiroff, aos de rir, com Abbott e Costello e Bucha e Estica, sem esquecer os do Tarzan, com Johnny Weissmuller, e os da Lassie.
Muitas das minhas brincadeiras de rua tiveram inspiração nos “cobóis” do cinema desses anos. Tom Mix, Buck Jones e Ken Maynard corriam pelas ruas gritando “camones” e dando tiros com a boca. Foram anos de grande desenvolvimento na arte e na indústria do cinema, inclusivé em Portugal, mas não é meu propósito (porque me faltam conhecimentos para tal) falar do cinema que se fazia cá dentro e lá fora.
Que eu me lembre havia cinema aos Domingos e às Quintas-feiras. Lembro-me ainda que, nesses anos, em plena Guerra, a hora de Verão fora aumentada de mais uma hora do que o habitual, o que fazia com que as sessões ao ar livre tivessem de esperar pelo escurecer, o que só acontecia por volta das dez da noite.
No Inverno e no tempo frio ou chuvoso tínhamos cinema no Teatro Garcia de Resende e no Salão Central Eborense, com matinés aos Domingos. Aí já os lugares eram marcados, pelo que a minha frequência às sessões da 7.ª arte diminuíram consideravelmente.
Que eu me lembre havia cinema aos Domingos e às Quintas-feiras. Lembro-me ainda que, nesses anos, em plena Guerra, a hora de Verão fora aumentada de mais uma hora do que o habitual, o que fazia com que as sessões ao ar livre tivessem de esperar pelo escurecer, o que só acontecia por volta das dez da noite.
No Inverno e no tempo frio ou chuvoso tínhamos cinema no Teatro Garcia de Resende e no Salão Central Eborense, com matinés aos Domingos. Aí já os lugares eram marcados, pelo que a minha frequência às sessões da 7.ª arte diminuíram consideravelmente.
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