
Destacamos do último "Destak" o artigo de opinião de J.L. Pio Abreu:
Desde há quatro mil milhões de anos, a vida na Terra desenvolveu-se em diversos nichos ecológicos que tinham vida e alguma autonomia.
O bicho humano ligou todos os nichos mas ficou acantonado no interior das suas culturas e dos Estados Nação, que se mantinham independentes. Com a globalização das trocas comerciais, da sua regulação pelos mercados e da troca de informações, a Terra é hoje inteiramente interdependente, como se fosse um só organismo vivo.
Com os audiovisuais e a Internet, o sistema nervoso da Terra está inteiramente desenvolvido. Os seis biliões de células – as pessoas que nela habitam – podem agora ligar-se sem fronteiras e aceder a toda a informação. A tendência é para a imitação, pois os mecanismos de organização e diferenciação de funções, que antes pertenciam aos Estados-Nação, estão em dissolução.
Para se tornar um organismo viável, a Terra precisava ainda de um sistema controlado de produção, transformação e distribuição de matéria-energia. Os Mercados poderiam ser o embrião desse sistema, mas dedicam-se apenas a uma distribuição assimétrica, qual coração com artérias entupidas. Por outro lado, em vez de produzir energia, a Terra recorreu às suas reservas que, de tão escassas e valiosas, ficaram sob uma guarda pretoriana que se está a desvanecer.
Este novo organismo global tem problemas de energia. Tem células interligadas e prontas a produzir, mas o coração não as alimenta por igual nem se submete à sua rede. Será viável?
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