Essa pergunta, ao que parece, vencedora num congresso sobre vida sustentável, era: "Todos pensam em deixar um planeta melhor para os seus filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"
Acontece que há poucos dias duas professoras enviam-me a mesma imagem, estando eu, por coincidência, a reler o texto A crise na educação, da filósofa Hannah Arendt, datado de 1957, que no seu tópico III, diz o seguinte:Citação retirada de: Pombo, O. (2000). Quatro textos excêntricos. Lisboa: Relógio D´Água, páginas 38-39."Na medida em que a criança não conhece ainda o mundo, devemos introduzi-la nele gradualmente; na medida em que a criança é nova, devemos zelar para que esse ser novo amadureça, inserindo-se no mundo tal como ele é. No entanto, face aos jovens, os educadores fazem sempre figura de representantes de um mundo do qual, embora não tenha sido contruído por eles, devem assumir a responsabilidade, mesmo quando, secreta ou abertamente, o desejam diferente do que é. Esta responsabilidade não é arbitrariamente imposta aos educadores. Está implícita no facto de os jovens serem introduzidos pelos adultos num mundo em perpétua mudança. Quem se recusa a assumir a responsabilidade do mundo não devia ter filhos nem lhe devia ser permitido participar na sua educação.
No caso da educação, a responsabilidade pelo mundo toma a forma de autoridade. A autoridade do educador e as competências do professor não são a mesma coisa. Ainda que não haja autoridade sem uma certa competência, esta, por mais elevada que seja, não poderá jamais, por si só, engendrar a autoridade. A competência do professor consiste em conhecer o mundo e em ser capaz de transmitir esse conhecimento aos outros. Mas a autoridade funda-se no seu papel de responsável pelo mundo. Face à criança, é um pouco como se ele fosse o representante dos habitantes adultos do mundo que lhe apontaria as coisas dizendo: Eis aqui o nosso mundo."
4 comentários:
Olá,
O primeiro "insight" que tive quando olhei para ambas as imagens de diferentes décadas, para não dizer de diferentes séculos, foi a cor! 1969,porquê uma cor tão sombria?! terá sido uma época assim tão ruim?
A autoridade do educador e as competências do professor Versus As competências do educador e a autoridade do professor. Eis a real crise na educação.
Natacha Ribeiro
Os pais que protegem os filhos desta forma, não fazem ideia do mal que lhes estão a fazer... saberão mais tarde, quando for tarde de mais.
É necessário acrescentar, em relação à imagem actual, que são também muitos os professores convictos praticantes da ideologia veiculada pelas "ciências da educação" e cuja formação já é um produto destas. Estes promovem este tipo de atitudes nos alunos e nos seus encarregados de educação.
Portanto, se alguma vez se fizer mudanças estruturais na educação (não acredito), estas irão contar com a oposição interna de muitos professores. Enquanto isso, caminhamos, todos alegremente para o descalabro e, em nome do facilitismo, existe um hiato cada vez maior entre aqueles que podem pagar uma boa educação e aqueles que ficam privados de a ter nas escolas públicas.
Tudo isto, é claro, a bem da democracia e da igualdade!
Li há pouco tempo um estudo que conclui o seguinte: os professores em formação têm confiança nas ciências da educação; os professores acabados de formar começam a questionar as teorias das ciências da educação; os professores experientes não praticam as teorias das ciências da educação.
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