“A insatisfação é o primeiro passo para o progresso de um homem ou de uma nação” (Oscar Wilde, 1854-1900).
Embora possa transparecer, porventura, não estarmos em plena sintonia de opinião, do comentário de Fartinho da Silva ao meu último post, A distinção entre o bom e o mau professor, julgo poder deduzir que acabamos por comungar de um mesmo objectivo: a defesa da qualidade do sistema público de ensino.
Embora os sindicatos espalhem aos sete ventos a sua preocupação pelo mau estado do ensino estatal, por outro lado, apadrinham medidas que prejudicam os professores com maiores habilitações. Inclusivamente, o próprio Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SNPL), cujo historial oficial diz ter nascido "para defender os interesses específicos dos licenciados por universidades", fez tábua rasa deste destino ao integrar-se na chamada "Plataforma Sindical", uma espécie de sindicalismo bafiento relativamente a tempos actuais. Para não "abafar a voz da minha consciência", como disse Gandhi, demiti-me pouco tempo depois do cargo de presidente da respectiva Assembleia Geral que ocupava desde a sua criação.
Aliás, pelo desrespeito, por parte da tutela pelos doutoramentos científicos, Fartinho da Silva lança-me a pergunta: “Caro Rui Baptista, como se pode acreditar nas intenções de quem manda neste país se no momento em que um docente de física consegue, com grande esforço, obter o seu doutoramento em física quântica depende de uma comissão de sábios (constituída por especialistas nas ‘ciências’ da educação) para que o seu doutoramento seja considerado para efeitos de progressão na carreira, enquanto que um docente do 1,º ciclo do ensino básico se obtiver o doutoramento em ciências da educação obtém a progressão de forma automática?” Sem querer beliscar a idoneidade das pessoas em causa, unicamente, pelo facto de “o coração ter razões que a razão desconhece” (Pascal), não se esqueça, caro Fartinho da Silva, que o “lobby” das escolas superiores de educação, já de si muito forte com a presidência da Conselho Nacional da Educação a cargo de Ana Maria Bettencourt, professora de uma escola superior de educação, saiu muito reforçado com a nomeação de Isabel Alçada, professora de outra escola congénere, para a pasta do actual Ministério da Educação.
Diz-nos o provérbio popular que “quem cala consente”. Quiçá por isso, eu nunca ouvi uma voz dissonante vinda da banda sindical que manifestasse uma simples palavra de desagrado para com complementos de habilitação de duvidosa qualidade e que em nada beneficiaram a docência, mas apenas os seus usufrutuários para efeitos de progressão na carreira docente no alcance do 10.º escalão e para, muitos deles, se reformarem, até há bem pouco tempo, aos 52 anos de idade, ainda que de posse plena de todas as suas capacidades intelectuais e físicas.
Depois desta introdução, que corre o risco de ser entendida como politicamente pouco correcta num país de uma falsa solidariedade entre oficiais do mesmo ofício, e que conheceu dias de paz podre antes do agravo da nomeação dos professores titulares sem ter em conta o seu verdadeiro valor científico e pedagógico, apenas funções de natureza burocrática, seja-me permitido transcrever do seu comentário este excerto que tenho de grande importância: “Toda a gente que contrata pessoas para as suas empresas sabe isto muito bem. Toda a gente, excepto quem manda verdadeiramente no nosso sistema de ‘ensino’ público”. Ou seja, toda a gente que contrata pessoas para as suas empresas tenta fazê-lo numa selecção rigorosa de candidatos.
Ora nada disto é seguido nos concursos para professores, dando azo a que um mau professor só possa levar a um ensino de má qualidade, Como escreveu Nuno Crato: “É indesculpável que um professor - qualquer professor! - não saiba escrever, cometa erros de ortografia graves, tenha limitações sérias no vocabulário, não faça ideia do que é a lei da queda dos graves, não saiba somar fracções ou confesse ‘horror à matemática’”.
Na segunda metade do século XIX comungava já de idêntico desalento Oliveira Martins: “O grande defeito do ensino oficial português está em que os compêndios são maus, os professores piores, e os programas trasladados das escolas europeias seriam excelentes, por vezes, se não fossem puras hipóteses burocráticas”. Como corolário de tudo isto, os alunos com poder económico procuram, com razões de sobejo, um ensino de qualidade em renomados colégios privados (que também os há de má qualidade!), em prejuízo de um ensino oficial que há bem poucos anos era procurado pelos pais para os seus filhos, quer por aqueles de elevado poder económico quer de medianos ou parcos cabedais. Haja em vista, o caso de individualidades em destaque na vida cultural, científica e política saídos, por exemplo, do Liceu Pedro Nunes em Lisboa.
Quando ao facto da não avaliação dos alunos (por mim, muitas vezes, criticada), um mal, não deve justificar outro mal: a não avaliação dos professores. Como sabemos ambos, o mal da não avaliação dos alunos no final de cada ciclo de estudos do ensino básico não impede, de forma alguma, que os professores do ensino privado sejam avaliados. Porque abrir, então, excepção para a avaliação dos docentes do ensino público?
Como tenho escrito vezes sem conta, deparamo-nos com o verdadeiro escândalo de um professor da disciplina de Matemática, por exemplo, licenciado por uma universidade pública ser preterido no acesso à docência do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico por um outro saído das escolas do “eduquês” para ministrar não só essa disciplina como Ciências da Natureza. Isto pelo simples facto deste apresentar no seu diploma um valor a mais do que aquele. Mas sempre que há vontade estatal em pôr cobro a tamanha injustiça, através de provas de acesso à carreira docente, logo acorre pressurosa a guarda pretoriana sindical em ruidosa manifestação de rua em protesto contra esta medida. Medida que encontra respaldo na tese defendida pelo conceituado sociólogo francês Pierre Bordieu (1986): “Só uma política inspirada pela preocupação de atrair e de promover os melhores, esses homens e mulheres de qualidade que todos os sistemas de educação sempre celebraram, poderá fazer do ofício de educar a juventude o que elaEdeveria ser: o primeiro de todos os ofícios”.
Em palavras suas “temos uma ‘escola’ sem uma missão bem definida.” Discordo em parte! Ainda que para Karl Popper, a autêntica aspiração da democracia deva ser a elevação do nível da educação, em Portugal há a “missão bem definida” de elevar, “sem trelho nem trambelho”, o número de semi-analfabetos, alimentando, desta forma, o ego dos responsáveis pelo sistema educativo em apresentar um número crescente de diplomados para fins estatísticos aquém e além-fronteiras.
Finalmente, para me não alongar ainda mais nesta controversa matéria, que muito se assemelha a um poço sem fundo, pedia-lhe apenas que não interpretasse este post desinserido de outros aqui publicados por mim e em que tenho debatido estas e outras questões, algumas delas levantadas por si em outros comentários com muita oportunidade e, porventura, alguma discordância, mas que não impede que comungue do seu desejo final de um ensino oficial, como escreve, em palavras de esperança, que “ofereça um futuro melhor aos nossos filhos”.
Embora possa transparecer, porventura, não estarmos em plena sintonia de opinião, do comentário de Fartinho da Silva ao meu último post, A distinção entre o bom e o mau professor, julgo poder deduzir que acabamos por comungar de um mesmo objectivo: a defesa da qualidade do sistema público de ensino.
Embora os sindicatos espalhem aos sete ventos a sua preocupação pelo mau estado do ensino estatal, por outro lado, apadrinham medidas que prejudicam os professores com maiores habilitações. Inclusivamente, o próprio Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SNPL), cujo historial oficial diz ter nascido "para defender os interesses específicos dos licenciados por universidades", fez tábua rasa deste destino ao integrar-se na chamada "Plataforma Sindical", uma espécie de sindicalismo bafiento relativamente a tempos actuais. Para não "abafar a voz da minha consciência", como disse Gandhi, demiti-me pouco tempo depois do cargo de presidente da respectiva Assembleia Geral que ocupava desde a sua criação.
Aliás, pelo desrespeito, por parte da tutela pelos doutoramentos científicos, Fartinho da Silva lança-me a pergunta: “Caro Rui Baptista, como se pode acreditar nas intenções de quem manda neste país se no momento em que um docente de física consegue, com grande esforço, obter o seu doutoramento em física quântica depende de uma comissão de sábios (constituída por especialistas nas ‘ciências’ da educação) para que o seu doutoramento seja considerado para efeitos de progressão na carreira, enquanto que um docente do 1,º ciclo do ensino básico se obtiver o doutoramento em ciências da educação obtém a progressão de forma automática?” Sem querer beliscar a idoneidade das pessoas em causa, unicamente, pelo facto de “o coração ter razões que a razão desconhece” (Pascal), não se esqueça, caro Fartinho da Silva, que o “lobby” das escolas superiores de educação, já de si muito forte com a presidência da Conselho Nacional da Educação a cargo de Ana Maria Bettencourt, professora de uma escola superior de educação, saiu muito reforçado com a nomeação de Isabel Alçada, professora de outra escola congénere, para a pasta do actual Ministério da Educação.
Diz-nos o provérbio popular que “quem cala consente”. Quiçá por isso, eu nunca ouvi uma voz dissonante vinda da banda sindical que manifestasse uma simples palavra de desagrado para com complementos de habilitação de duvidosa qualidade e que em nada beneficiaram a docência, mas apenas os seus usufrutuários para efeitos de progressão na carreira docente no alcance do 10.º escalão e para, muitos deles, se reformarem, até há bem pouco tempo, aos 52 anos de idade, ainda que de posse plena de todas as suas capacidades intelectuais e físicas.
Depois desta introdução, que corre o risco de ser entendida como politicamente pouco correcta num país de uma falsa solidariedade entre oficiais do mesmo ofício, e que conheceu dias de paz podre antes do agravo da nomeação dos professores titulares sem ter em conta o seu verdadeiro valor científico e pedagógico, apenas funções de natureza burocrática, seja-me permitido transcrever do seu comentário este excerto que tenho de grande importância: “Toda a gente que contrata pessoas para as suas empresas sabe isto muito bem. Toda a gente, excepto quem manda verdadeiramente no nosso sistema de ‘ensino’ público”. Ou seja, toda a gente que contrata pessoas para as suas empresas tenta fazê-lo numa selecção rigorosa de candidatos.
Ora nada disto é seguido nos concursos para professores, dando azo a que um mau professor só possa levar a um ensino de má qualidade, Como escreveu Nuno Crato: “É indesculpável que um professor - qualquer professor! - não saiba escrever, cometa erros de ortografia graves, tenha limitações sérias no vocabulário, não faça ideia do que é a lei da queda dos graves, não saiba somar fracções ou confesse ‘horror à matemática’”.
Na segunda metade do século XIX comungava já de idêntico desalento Oliveira Martins: “O grande defeito do ensino oficial português está em que os compêndios são maus, os professores piores, e os programas trasladados das escolas europeias seriam excelentes, por vezes, se não fossem puras hipóteses burocráticas”. Como corolário de tudo isto, os alunos com poder económico procuram, com razões de sobejo, um ensino de qualidade em renomados colégios privados (que também os há de má qualidade!), em prejuízo de um ensino oficial que há bem poucos anos era procurado pelos pais para os seus filhos, quer por aqueles de elevado poder económico quer de medianos ou parcos cabedais. Haja em vista, o caso de individualidades em destaque na vida cultural, científica e política saídos, por exemplo, do Liceu Pedro Nunes em Lisboa.
Quando ao facto da não avaliação dos alunos (por mim, muitas vezes, criticada), um mal, não deve justificar outro mal: a não avaliação dos professores. Como sabemos ambos, o mal da não avaliação dos alunos no final de cada ciclo de estudos do ensino básico não impede, de forma alguma, que os professores do ensino privado sejam avaliados. Porque abrir, então, excepção para a avaliação dos docentes do ensino público?
Como tenho escrito vezes sem conta, deparamo-nos com o verdadeiro escândalo de um professor da disciplina de Matemática, por exemplo, licenciado por uma universidade pública ser preterido no acesso à docência do 2.º e 3.º ciclos do ensino básico por um outro saído das escolas do “eduquês” para ministrar não só essa disciplina como Ciências da Natureza. Isto pelo simples facto deste apresentar no seu diploma um valor a mais do que aquele. Mas sempre que há vontade estatal em pôr cobro a tamanha injustiça, através de provas de acesso à carreira docente, logo acorre pressurosa a guarda pretoriana sindical em ruidosa manifestação de rua em protesto contra esta medida. Medida que encontra respaldo na tese defendida pelo conceituado sociólogo francês Pierre Bordieu (1986): “Só uma política inspirada pela preocupação de atrair e de promover os melhores, esses homens e mulheres de qualidade que todos os sistemas de educação sempre celebraram, poderá fazer do ofício de educar a juventude o que elaEdeveria ser: o primeiro de todos os ofícios”.
Em palavras suas “temos uma ‘escola’ sem uma missão bem definida.” Discordo em parte! Ainda que para Karl Popper, a autêntica aspiração da democracia deva ser a elevação do nível da educação, em Portugal há a “missão bem definida” de elevar, “sem trelho nem trambelho”, o número de semi-analfabetos, alimentando, desta forma, o ego dos responsáveis pelo sistema educativo em apresentar um número crescente de diplomados para fins estatísticos aquém e além-fronteiras.
Finalmente, para me não alongar ainda mais nesta controversa matéria, que muito se assemelha a um poço sem fundo, pedia-lhe apenas que não interpretasse este post desinserido de outros aqui publicados por mim e em que tenho debatido estas e outras questões, algumas delas levantadas por si em outros comentários com muita oportunidade e, porventura, alguma discordância, mas que não impede que comungue do seu desejo final de um ensino oficial, como escreve, em palavras de esperança, que “ofereça um futuro melhor aos nossos filhos”.
14 comentários:
Nada há como os próprios alunos para fazerem a distinção entre os bons e os maus professores. JCN
Caro Rui Baptista,
Neste seu texto só encontro um ponto em que estou em desacordo e que diz respeito à missão da escola pública.
Laurent Lafforge percebeu muito bem este problema em França e assim que definiu a missão da escola pública francesa como "a transmissão dos conhecimentos e da cultura" foi completa e absolutamente trucidado pelo lobby das "ciências" da educação.
Este matemático francês, depois de esmagado pelo lobby escreveu o seguinte: "a deriva que a Escola e o conjunto do sistema de educação sofreram, e da qual constatamos os efeitos, não parece ser imputável aos docentes - contra a opinião dos quais ela foi feita, e que continuam a trabalhar em condições cada vez mais difíceis -, nem aos pais dos alunos - que gostariam que os seus filhos aprendessem mais, e que se queixam cada vez mais do estado actual da escola -, mas antes a uma minoria de pessoas influentes bloqueadas por a priori ideológicos e incapazes de reconhecerem os seus erros. Nos últimos trinta anos, essa minoria conseguiu, infelizmente, tomar conta de todos os organismos de controlo da Educação Nacional...; essa minoria esforça-se por impedir a avaliação das suas acções e recusa-se, na maior parte dos casos, a ouvir as opiniões dos docentes e dos especialistas independentes."
in http://www.ihes.fr/~lafforgue/demission.html
Nunca, em Portugal, o professor permaneceu tantas horas na Escola como hoje. Nunca, em Portugal, os saberes estiveram reduzidos a tão ínfima percentagem na avaliação. Nunca, em Portugal, um professor dedicou tanto do seu tempo à avaliação dos seus alunos. Testes diagnósticos, matrizes detalhadas, testes formativos e testes sumativos, fichas de auto-avaliação, grelhas de observação de comportamentos e atitudes na sala de aula, grelhas de participação oral, etc, etc). Com avaliações tão apuradas, são os próprios professores avaliados pela qualidade dos papelinhos que produzem. Bons professores são (qualquer caloiro em Ciências da Educação o sabe) aqueles que produzem maior número de papelinhos e mais bonitos. Para Director mostrar e Inspector ver ... claro!
Devem no entanto acautelar-se os professores e evitar que, num desses papelinhos da avaliação, conste, por lapso, uma data de ...Domingo!
Um optimista desiludido e muito, muito insatisfeito.
Uma avaliação pode ser inútil ou contraprodutiva.
http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732
Em breve, responderei aos comentários que, desde já, agradeço.
JCN:
De acordo consigo quando escreve sobre a avaliação dos professores por parte dos alunos, sistema seguido no ensino universitário.
Todavia, quando ainda falta maturidade por parte do aluno há a tendência para "dizer mal" do professor exigente, aquele que ensina sem procurar o êxito fácil daqueloutro que é simpático e diz umas larachas nas aulas. Anos mais tarde, essa justiça é, finalmente, feita e recorda-se ele com saudade e reconhecimento do primeiro que o preparou para a vida adulta e com uma certa bonomia do segundo.
Apesar de tudo, apesar de uma possível distorção de valores em idades mais jovens, entendo a importância em dar voz aos alunos na avaliação dos professores, embora sem um peso muito excessivo e tendo em conta os respectivos escalões etários. Não fosse esse o caso, quantas "anormalidades" que se passam na sala de aula não continuariam no segredo dos deuses? Infelizmente, casos recentes bem o atestam. Em certos estabelecimentos comerciais é utilizado pelo patrão o princípio de que, em diferendos entre os empregados e a clientela, “o cliente tem sempre razão!” Mutatis mutandi, deverá ser sempre dada razão ao professor?
Mas, como sabe, quanto foi posta essa hipótese no caso da avaliação dos professores, logo vozes de indignação surgiram vindas do mundo sindical que, hipocritamente, diziam não estar contra a avaliação dos professores (em boa verdade, calaram-se ou mesmo aplaudiram uma avaliação permissiva anterior que punha no mesmo saco do “porreirismo nacional” os bons e os maus professores para que nenhum se atrasasse na chegada ao topo da carreira docente). Eles, os sindicalistas, lá terão as suas razões que pode ser que escapem aos que cumprem com desvelo a sua profissão docente sem receio dessa possível avaliação.
Para evitar mal-entendidos ("vade retro, satanas"), não estou, de forma alguma, a favor do aberrante e burocratizado sistema de avaliação de Maria de Lurdes Rodrigues. Aliás, como não estava contra o anterior sistema de avaliação que protegia o compadrio entre o avaliador e o avaliado em que no futuro se poderiam inverter as respectivas posições passando o avaliador a ser avaliado.
Finalmente, a Escola não pode ser um espaço fechado em que nada de mau ou de bom não transpire cá para fora. Concedo que numa turma de vinte e tal alunos, pudesse haver um ou outro aluno que utilizasse mal a arma da avaliação, por imaturidade, maldade ou memos vingança pelo seu mau aproveitamento escolar. Agora a turma inteira? Bem eu sei, como disse Sá de Miranda, que “tudo seus avessos tem”!
Caro Fartinho da Silva:
Obrigado por me recordado a figura de Laurent Lafforgue que foi trucidado pelos fanáticos das "ciências" da Educação, mesmo antes de ter dado início a uma missão para a qual foi nomeado pelo poder político que não se dá bem com as verdades, apenas com mentiras de bajuladores que lhes preenchem o ego. Lá (em França) como cá (em Portugal).
Este livro foi-me amavelmente oferecido pelo seu editor Dr. Guilherme Valente, da Gradiva. Vou relê-lo com redobrado prazer. De certeza que ele não faz parte dos livros de cabeceira de políticos de um país que teima em substituir o ainda exigente e sério diploma do 12.º ano do ensino secundário pelas Novas Oportunidades, dando ingresso no ensino superior a maiores de 23 anos que sustentem certas escolas ditas superiores com as respectivas propinas.
E mais não digo, a não ser que a destruição da escola pública se encontra em marcha e o desprestigio dos respectivos docentes feitos simples escrevedores de fichas navega numa espécie de Titanic enquanto a orquestra de bordo distrai os encarregados de educação dignos desse nome.
Anónimo(6.Fev., 22:58):
Que lhe posso dizer de um sistema educativo que transformou os professores em funcionários administrativos com dispêndio excessivo para a fazenda pública na sua formação académica?
A si, infelizmente, e com desgosto o digo, resta-lhe (por quanto tempo mais?)continuar um "optimista desiludido e muito, muito insatisfeito".
Mas, pelo menos,como até aqui, esteja atento ao que se passa à sua volta e reaja, reaja sempre, numa sociedade em que, como escreveu Eça, "é útil balar como os carneiros". Aliás, continua a ser útil...
Anónimo (7 Fev.; 00:54):
Como escreve, e eu subscrevo, "uma avaliação pode ser inútil ou contraprodutiva".
O sistema burocrático de avaliação dos professores é inútil e contraprodutivo. Ou seja, acumula...
A avaliação a que se refere reporta-se à avaliação do sector privado que joga com a arma do desemprego para exigir dos empregados que vão para além das suas capacidades físicas e psíquicas, utilizando o argumento: "Se não queres este emprego há muito quem queira".
Julgo que no caso dos professores com uma boa saúde psíquica ainda não se chegou ao extremo do suícidio, apenas ao arrastar penoso do trabalho docente ainda que sofrendo de doenças incuráveis.
Mas, apesar de tudo, a avaliação docente, se bem feita, pode ser útil e produtiva. Isto é, o mal não está na canção, mas nos cantores...
Quer queiramos ou não, estamos a ser sempre avaliados no nosso dia-a-dia. Só os alunos não são avaliados (ou mal avaliados) durante parte do seu percurso escolar. E os resultados estão à vista desarmada em diplomas (até de "licenciatura") que atestam a ignorância dos seus usufrutuários. Valha-nos isso, em nome da verdade!
Mas o ponto é esse, como é que uma avaliação de professores pode ser bem feita? Há algum bom exemplo? Há conhecimento científico / académico produzido?
Anónimo (10 Fev., 19:55):
Em breve, responderei ao seu comentário agradecendo, desde já, a pertinência das questões nele formuladas.
"Nada há como os próprios alunos para fazerem a distinção entre os bons e os maus professores."
Claro, mas os EE se conversarem com os filhos sobre a sua vida escolar, também poderão fazer uma avaliação bem aproximada e quiçá justa...
Anónimo (11 Fev.; 15:48):
Plenamente de acordo. A escola não pode ser uma sociedade fechada (ou mesmo secreta!) em que tudo o que se lá passa fica no segredo da sala de aula.
Os encarregados de educação, têm um papel importante desde que a sua acção não se limite, como por vezes e infelizmente acontece, a procurarem os directores de turma no fim do ano escolar e em situações de aflição.
No diálogo constante entre os EE, os educandos e os professores poder-se-ão desanuviar plúmbeas nuvens que ensombram um ensino não participativo entre os seus agentes e principais interessados.
Ora este diálogo nem sempre é feito e, muitas vezes quando é feito, transforma-se num duelo de razões em que as partes não assumem as suas responsabilidades sacundindo, como se diz na gíria militar, "a água do capote"!
Anónimo (10 Fev.; 19:55):
A minha resposta ao seu comentário, foi dada no meu post acabado de publicar: "Três questões sobre a avaliação docente".
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