segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O maior número de todos


Pequeno conto de Nuno Crato inspirado num conto russo:

A Verónica tinha passado semanas a preparar-se para o grande concurso da escola. Ganhava o aluno que conseguisse dizer o número maior, e a Verónica estava convencida que conseguia dizer o maior número de todos. Tinha treinado o seu fôlego.

Na hora marcada, os alunos juntaram-se no ginásio da escola e começaram a dizer os números. O primeiro foi o Abel, que disse: «Nove mil novecentos e noventa e nove». O Abílio, que vinha logo a seguir, disse «um milhão». Que grande número! Os alunos continuaram, sempre por ordem alfabética, mas ninguém parecia ser capaz de vencer o Abílio. Só a Verónica se ria, confiante.

Quando chegou a sua vez, encheu o peito de ar e começou: «Um milhão de milhões de milhões de milhões de milhões…». E continuou «de milhões de milhões…». Os colegas aplaudiam. E a Verónica continuava «de milhões de milhões de milhões…». Até que ficou sem fôlego e terminou: «de mi… lhõ...es!»

Parecia que o concurso tinha acabado. Mas faltava ainda o Xavier, que chegou ao palco com ar malandro e disse apenas: «e mais um!».

Na volta para casa, a Verónica estava triste, mas confiante: «Para a próxima digo ‘e mais dois’ e ganho! Esse é que de certeza é o maior número de todos.»

Nuno Crato

1 comentário:

Anónimo disse...

Onde está propriamente o mérito: na fonte eslava ou na versão portuguesa?!... JCN

NO AUGE DA CRISE

Por A. Galopim de Carvalho Julgo ser evidente que Portugal atravessa uma deplorável crise, não do foro económico, financeiro ou social, mas...