sábado, 27 de setembro de 2008

CIMÉLIOS RELIGIOSOS


Depois de termos aqui publicado uma descrição de cimélios científicos, eis uma descrição de cimélios religiosos, isto é, relacionados com a Igreja, que se encontram na exposição "Cimélios" patente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. A ordem é a cronológica. Entre as obras encontram-se bíblias enigmáticas, o primeiro colectório e o primeiro regimento publicado da Inquisição, o primeiro sermão de auto-de-fé que se publicou em Portugal, uma das primeiras obras europeias impressas na China, algumas das primeiras obras da tipografia conimbricense, e a primeira marca de uma biblioteca pública em Portugal. Os textos são da responsabilidade do bibliotecário e Director Adjunto daquela Biblioteca António Eugénio Maia Amaral.

BÍBLIA
[Bíblia Sacra] [manuscrito]. [11--]. 3 vol. (2 colns., 35-40 l.) : perg., ilum. color. ; 520x360 mm. Texto em latim. Letra carolina. Encadernação em pele gravada a ferros dourados com o super-libros setecentista da Livraria da Universidade, cantos e lombada mutilados.Ms. 3088/3090

A razão para mostrar esta bíblia, além da qualidade evidente da sua iluminura (bem melhor que a caligrafia) é recolher também a opinião dos “connaisseurs” reunidos por ocasião do congresso da Associação Internacional de Bibliófilos. Datável do último terço do século XII, é uma bíblia atlântica, a que falta um volume, e que nos parece distante dos programas decorativos hispânicos que conhecemos. Inclui a carta apócrifa aos Laodicenses, atribuída a S. Paulo, frequente em manuscritos copiados nos scriptoria do centro-sul da Europa, entre os séculos VI e XII. Posteriormente, foi acrescentado ao segundo volume um último fólio, o 189, datável paleogràficamente de inícios ou meados do século XIII, contendo doutrina acerca das Quatro Idades do Mundo. Este conteúdo remete para uso numa ambiência provavelmente monástica, com preocupações de sabor milenarista. Disponível na Internet em: http://bdigital.bg.uc.pt/

BÍBLIA. A.T.
[Bíblia] [manuscrito]. [14--]. [385] f., (3 colns., 32 l.) : perg. ; 278x227 mm. Fls. 310v. a 350v. com texto a 2 colns. Texto em hebraico. Vários apontamentos biográficos de nascimentos e da morte de Samuel Costa e de Sincha, mulher do possuidor, datados de 1557. Encadernação com pastas de madeira, revestidas a pele castanha, gravada a ferros dourados; lombada de 5 nervos; fechos de bronze, incompletos. Cofre 1.

Manuscrito em velino atribuível à escola de calígrafos de Lisboa do século XV. Encadernação da época. Não tem colophon que nos informe da data e do nome do seu autor. Faltam-lhe algumas características decorativas típicas da escola lisboeta (tarjas e iluminuras cor de malva). O manuscrito foi adquirido na Holanda, pelo Doutor Manuel Pedro de Mello, lente da então Faculdade de Matemática, tendo sido confiada, para estudo, a uma comissão de teólogos presidida por Fr. Domingos de Carvalho, lente de Teologia. O códice recolheu à Biblioteca da Universidade, em 1857. Passou a ser conhecida como “Bíblia de Abravanel” depois de Mendes dos Remédios (em estudo já antigo) a ter relacionado com a família Abravanel, de Lisboa e Sevilha, e atribuído “o ano de 1429 como referência”, uma data precoce não contraditada pelo estudo recente do Prof. Saul A. Gomes. Contudo, não podem excluir-se semelhanças com exemplares assinados pelo calígrafo Samuel b. Isaac de Medina, datados entre 1469 e 1490, e que se conservam na Palatina de Parma, em Cincinnati e em Oxford. Disponível na Internet em: http://bdigital.bg.uc.pt/

LOURENÇO JUSTINIANO, Santo, 1381-1455
... Ho liuro que se escreue da regra et perfeyçam da conuersaçam dos monges ... / per ho reuerendo senhor Lourenço Iustiniano primeyro patriarcha de Veneza ... Coimbra, moesteyro de sctã Cruz : per Germã Galharde, 28 Abril 1531. [1], 94, [1] f. : il. ; 2º (30 cm). Pert. : Livraria do Visconde da Trindade. Encadernação em pele gravada a ferros dourados. V.T. 18-10-7

O Livro da regra e perfeiçam da conversaçam dos monges seguido do Livro da vida solitária, é tradução de natureza ascética e mística atribuída à Infanta D. Catarina, revista pelos cónegos e impressa em 28 de Abril de 1531. O tipo é gótico, a duas colunas, com diversas gravuras e letrinas em madeira. Germão Galharde (German Gaillard), impressor de origem francesa estabelecido em Lisboa, foi chamado a Coimbra, em 1530, para montar a tipografia do Mosteiro de Santa Cruz. Em 1532, já se encontrava de novo em Lisboa, onde parece ter permanecido até à sua morte. O seu labor tipográfico foi ininterrupto e quase todas as suas impressões são em caracteres góticos, tipos que terá adquirido aos herdeiros de Valentim Fernandes. Muitas das suas obras vêm ilustradas com gravuras, várias das quais já executadas em Portugal. Disponível na Internet em: http://bdigital.bg.uc.pt/

CÓNEGOS REGREANTES DE SANTO AGOSTINHO
Liuro das constituiçoens e costumes q[ue] se guardã em os moesteyros da cõgregacam de sancta Cruz de Coi[m]bra, dos Canonicos regulares da ordem de nosso Padre sancto Augustinho. - Coimbra : per os Canonicos regulares do moesteyro de sancta Cruz, 1558. LVI f. : il. ; 4º (22 cm) Encadernação em pergaminho reaproveitado.R-12-7

Um dos resultados mais notáveis da reforma do Mosteiro de Santa Cruz, no reinado de D. João III, foi a criação de uma oficina tipográfica dentro do próprio convento. Depois do impulso trazido por Germão Galharde, os cónegos começaram, em 1532, a imprimir pelos seus próprios meios. Os textos regulamentares da vida interna do Mosteiro ocupam em permanência os monges tipógrafos. Este Livro das constituições e costumes foi a principal obra da tipografia de Santa Cruz com edições em 1532, 1534, 1536, 1544, 1548, 1553 e 1558. A obra corporiza a reforma introduzida por Frei Brás de Barros, ordenando a vida do mosteiro sob três princípios: o recolhimento, o silêncio e a clausura. Sob o título, uma gravura com uma cruz sustentada por dois anjos (o emblema do mosteiro) e no verso uma gravura representando a comunidade religiosa em assembleia, escutando o superior que está sentado ao meio, com um livro aberto. A tipografia de S. Cruz foi transferida para S. Vicente de Fora em 1577. Disponível na Internet em: http://bdigital.bg.uc.pt/

IGREJA CATÓLICA. Papa, 1227-1241 (Gregório IX)
Divi Gregorii Papae hvivs nominis primi, cognomento Magni, Omnia qvae extant, opera… Parisiis: [Compagnie du grand navire], 1586. 2 vol.; 2º (41 cm). Encadernação em pastas de madeira revestidas a pele gravada a ferros secos e com o super-libros da Sapiência sentada com a divisa “[florão] Insignia Vniversitatis Conimbricensis” gravada a ferros dourados BJ 2-4-6-1

Em 6 de Setembro de 1603, a Universidade de Coimbra mandou executar a “estampa” (cunho) de um super-libros especialmente para os livros que tinham sido adquiridos no estrangeiro, em 1602, pelo bacharel Pedro de Mariz, “corrector das impressões e guarda da Livraria”. Sabemos que ferros com este desenho foram usados pelos encadernadores Domingos Fernandes, Francisco Álvares e Manuel Álvares. Outro desenho semelhante, porventura estrangeiro, mais perfeito mas graficamente menos eficiente, é orlado pela divisa, retirada dos Provérbios de Salomão (8:15), de acordo com os Estatutos filipinos de 1597. A matriz que serviu para o estampar, executada em latão e ainda assente num cepo muito usado de madeira, conserva-se no Arquivo da Universidade de Coimbra. Qualquer que tenha sido, destas duas marcas, a primeira a ser usada na Livraria da Universidade para corresponder à regra de que a sua Insígnia “se porá em todas as fabricas… e livros dela” (Estatutos de 1591), essa será então a primeira marca de posse usada por uma biblioteca pública em Portugal.

SANDE, Duarte de, 1531-1600
De missione legatorum Iaponesium ad Romanum Curiam … Dialogus
… In Macaensi portu Sinici : in domo Societatis Iesu, 1589. [4], 92 p. ; 4º (22 cm). Encadernação em pele gravada a ferros secos. R-13-17

Seja a autoria deste texto de Duarte de Sande (como aparece nos catálogos das principais bibliotecas) ou de Alexandre Valignano (1539-1606), certo é que este relato da vinda dos emissários japoneses a Roma e à Europa foi o segundo livro impresso em Macau (China) com uma tipografia de tipos móveis. O parque tipográfico que serviu para esta impressão tinha sido enviado de Portugal por Valignano, em 1587, com destino às Missões do Japão, onde veio a servir efectivamente para produzir todas as impressões luso-nipónicas, entre 1590 e 1611. Na falta de “letrinas” suficientes para estas primeiras impressões europeias, foram incorporadas capitais e ornamentos tipográficos executados localmente por artífices chineses. Um casamento tecnológico que confirma a absoluta prevalência da técnica xilográfica tradicional, pois, como escreveu Matteo Ricci sobre os xilógrafos chineses, "… são tão hábeis a gravar estes blocos, que não consomem a fazer um deles mais tempo do que um dos nossos tipógrafos a compor uma página e a fazer as correcções necessárias."

INQUISIÇÃO, Portugal
Collectorio de diuersas letras apostólicas, prouisões reaes e outros papeis em que se contém a Instituyção & primeiro progresso do Sancto Officio em Portugal & vários priuilegios que os Summos Pontífices & reis destes reynos lhe concederão diuidido em sete titolos … Em Lisboa : nas casas da Sancta Inquisição, 1596. [6], 137 f. ; 2º (30 cm). Pert.: Livraria do Visconde da Trindade. Encadernação em pele gravada a ferros secos e com o super-libros do Visconde a ferros dourados em ambas as pastas, lombada gravada a ferros dourados. V.T.-15-10-7

Obra extremamente rara, de que só se conhecem mais dois exemplares, na BNP, em Lisboa, e na biblioteca d’el Rei D. Manuel II, conservada na Fundação da Casa de Bragança, em Vila Viçosa. Trata-se do mais antigo “colectório” ou colecção de Bulas e Breves apostólicos, cartas, alvarás e provisões reais referentes à instituição e ao progresso da Inquisição em Portugal. Foi impressa nas Casas da Santa Inquisição por ordem do Inquisidor Geral D. António de Matos de Noronha, cujas armas de bispo de Elvas ornamentam a página de título. Encadernação moderna, imitando o antigo.

INQUISIÇÃO, Portugal
Regimento do Santo Officio da Inquisiçam dos Reynos de Portugal … Lisboa : Pedro Craesbeeck, 1613. [2], 48, [20] f. ; 2º (32 cm). Pert.: Livraria do Visconde da Trindade; Ex-libris de A. Ramel. Encadernação em pergaminho com duplo filete e o emblema da Companhia de Jesus gravado a ferros dourados ao centro e vestígios de atacas. Obra inserida em caixa de pele ricamente gravada a ferros dourados e com o super-libros do Visconde. V.T. 15-10-4

Trata-se do primeiro Regimento impresso do Tribunal do Santo Ofício, mandado ordenar pelo Inquisidor-Geral D. Pedro de Castilho. Página de título espelhada. Encadernação da época, conservada em caixa moderna assinada “MAN. ELM”, encadernador que ainda não identificámos. Além de exemplares de todos os Regimentos publicados (1613, 1640, 1774 e 1821), a Biblioteca Geral possui uma cópia manuscrita de um Projecto de hum novo Regimento para o Sancto Officio (Ms. 1060), de conteúdo bem mais humanitário e tolerante, onde o redactor Pascoal José de Melo (1738-1798) preconiza, por exemplo, a abolição dos Autos de Fé, tanto os privados (os que se realizavam nas “Casas” da Inquisição) como os públicos.

SANTANA, Estevão de, O.C.,1558-1630
Sermão do acto da fee, que se celebrou na cidade de Coimbra, na segunda dominga da Quaresma. Anno de 1612. Em Lisboa : por Antonio Alvarez, 1618. 23, [1] f. ; 4º (19 cm). Pert.: Livraria do Visconde da Trindade. Encadernação em pele com o super-libros do Visconde gravado a ferros dourados em ambas as pastas. V.T.-15-8-1

Segunda edição, raríssima, do sermão escrito para o primeiro Auto-de-Fé realizado em Coimbra e o primeiro sermão desta espécie que se publicou em Portugal. Este exemplar fez parte da famosa “Judaica” de Elkan Nathan Adler (1861–1946) e, como a maior parte dos outros 67 sermões de Autos-de-Fé da colecção, foi adquirido pelo Dr. Alberto Navarro à Livraria Rosenthal, em 1956. Na preciosa colecção do tema da “Inquisição”, comprada e reunida pelo Visconde da Trindade e agora na Biblioteca Geral, encontram-se sermões proferidos e impressos em Coimbra, em Évora, em Lisboa e em Goa. Serviram de fonte a E. N. Adler para escrever o seu Auto de Fe and jew, publicado em 1908.

RELAÇÃO
Relação e lista verdadeira das pessoas que sairão no auto de fé que se celebrou na praça da cidade de Coimbra em domingo 4 de Maio de 1625 annos. Em Coimbra : na impressam de Diogo Gomez de Loureyro, 1625. [12] f. ; 4º (20 cm). Pert.: Livraria do Visconde da Trindade. Encadernação em pele com super-libros do Visconde gravados a ferros dourados em ambas as pastas e inserida, com outras, em caixa de cartão também com super-libros heráldico gravado a ferros dourados e fechos de metal. V.T.-15-10-1(1)

LISTE DES PERSONNES
Liste des personnes qui ont été condamnées a l’Acte public de Foi, célébré dans le Cloître du Couvent de Saint Dominique à Lisbonne, le 20 Septembre 1761. A Lisbonne : [s.n.], 1761. 28 p. ; 8º (17 cm). Pert.: Livraria do Visconde da Trindade. Encadernação em pele vermelha com filete e super-libros do Visconde gravados a ferros dourados em ambas as pastas e inserida, com outras, em caixa de cartão também com super-libros heráldico gravado a ferros dourados e fechos de metal. V.T. 15-10-3(15)

A colecção do Visconde da Trindade conserva dezenas de listas de Autos de Fé e, no caso deste, de 4 de Maio de 1625, conserva também a publicação do sermão que o jesuíta Padre Manuel Fagundes proferiu na cerimónia. Em três grandes caixas, divididas pelos vários tribunais do território continental (Coimbra, Lisboa e Évora), estas listas impressionam pelos milhares de nomes de vítimas do temido Tribunal que delas constam. Pensa-se que a redacção e publicação de algumas destas listas em francês, foi feita para provocar o maior impacto possível na comunidade estrangeira de Lisboa. Folheto, da maior raridade, a colecção do Visconde da Trindade conserva dois exemplares (sendo um incompleto) desta lista em francês. Dela constam a condenação do padre Gabriel Malagrida (p. 26), que chocou Voltaire e toda a Europa iluminista e a condenação de Francisco Xavier de Oliveira (1702-1783), o Cavaleiro de Oliveira (p. 27), queimado em efígie por se encontrar refugiado em Londres. De lá, terá ele comentado sobre esse dia 20 de Setembro: "Nunca senti tanto frio!"

GRAMÀTICA
Gramatica da língua geral do Brazil, com hum Diccionario dos vocábulos mais uzuaes para a intelligencia da dita língua [manuscrito]. [Belém, 1750]. [4, 1 br., 1] f., 224 p., [2, 4 br.], [86] f., [3 br., 1] f. : papel ; 215x150 mm. Texto em português e em tupi. Encadernação em papel de fantasia. Ms. 69

DICCIONÁRIO
Diccionario da lingua geral do Brasil, que se falla em todas as villas, lugares, e aldeas deste vastissimo Estado [manuscrito]. Pará [i.é Belém], 1771. [5 br., 2], 164, [2 br.] f. ; 220x155 mm. Texto português-tupi. Encadernação em papel de fantasia, muito deteriorada. Ms. 81

Dois documentos da mesma mão, facto evidente pelo ornamento caligráfico, tão pessoal que funciona como uma verdadeira "assinatura" do anónimo autor ou copista. O dicionário incluído no Ms. 69 tem 3604 verbetes, enquanto o do Ms. 81, faltando-lhe embora 6 folhas, deve ter contido mais de 6900. A comparação dos dois códices, separados por 21 anos, permitiu a Cândida Barros perceber a evolução da dicionarização do tupi em ambiente jesuíta. Encontra-se na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra o maior conjunto conservado em bibliotecas públicas, portuguesas ou brasileiras, de dicionários setecentistas da língua indígena do Brasil, na maior parte inéditos. Completam o conjunto o Ms. 94 ("Diccionário da Língua Brazilica...") e o Ms. 148 (miscelânea que inclui "Significados de alguns termos e frases..."), aos quais se poderiam ainda acrescentar o Ms. 1089 com cópia da "Doutrina christan..." do Padre João Filipe Bettendorff. O Ms. 81 já foi publicado com transcrições em CD-ROM, em Junho de 2008, e três destes documentos estão digitalizados na Internet em: http://bdigital.bg.uc.pt/.

MONITA SECRETA
Monita secreta da Comp[anhia] de Jezu [manuscrito]. [séc. 17-18]. [70] f. ; 152x102 mm. Encadernação de cinto em pergaminho. V.T.-19-8-1

A Monita secreta foi atribuída ao Principal Claudio Acquaviva (1543-1615) e muito divulgada durante as controvérsias político-pedagógicas que levaram à expulsão dos jesuítas de Portugal, no século XVIII. Aquela atribuição é reconhecida, hoje, como alegação sem fundamento, devendo antes creditar-se a sua redacção a um tal Jerome Zahorowski, expulso da Companhia de Jesus, em 1611. A “fabricação” deste texto, onde entre outras recomendações sobre como aumentar o poder e a riqueza da Companhia, se davam instruções sobre a melhor forma de cativar os rapazes para noviços e de explorar as viúvas ricas sem filhos, foi ao ponto de se terem produzido cópias como esta, com encadernações “de cinto” que imitavam as do uso dos religiosos e que até simulavam a usura do tempo.

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