segunda-feira, 26 de março de 2007

Como se faz um filósofo?

Nascido em 1950, Colin McGinn é hoje um dos filósofos mais respeitados. Inglês, de origens humildes (foi o primeiro da família a entrar na universidade), estudou nas universidades de Manchester e Oxford, onde foi também professor. Actualmente é professor na Universidade de Rutgers, nos EUA, e vive em Nova Iorque. Começou por destacar-se pelo seu trabalho em filosofia da mente, e o seu livro, The Character of Mind (OUP, 1982), é considerado um dos melhores do género (trata-se de uma introdução). Contudo, ao cabo de alguns anos de investigação, e depois de publicados vários livros e dezenas de artigos em revistas da especialidade, McGinn começou a suspeitar que o problema central da filosofia da mente ("O que é a consciência?") não poderia ser respondido pela mente humana. Para quem tinha investido anos da sua vida nesta área, foi necessária coragem para a abandonar. Mas foi o que ele fez, tendo-se dedicado à filosofia da literatura e à ética, sendo o seu livro Ethics, Evil, and Fiction (Clarendon Press, 1997) o primeiro resultado das suas novas investigações. No seu último livro de investigação, Logical Properties (OUP, 2000), regressa às áreas mais especializadas da filosofia, com uma clareza, rigor e concisão que são infelizmente raras.

Em Como se Faz um Filósofo (Bizâncio, 2007), McGinn usa a sua biografia como fio condutor, dando a conhecer não apenas alguns dos temas centrais da filosofia, tal como são discutidos hoje em dia, mas também o modo como um ser humano vive esses problemas. Sabendo que os filósofos são muitas vezes encarados como seres do outro mundo, McGinn mostra o lado humano de uma vida dedicada à investigação filosófica, procurando destruir a imagem romântica do "génio atormentado" que infelizmente alguns intelectuais gostam de cultivar. Afinal, que há de mais humano do que esta vontade de descobrir a verdade das coisas? Como Oliver Sacks comentou, este livro está "escrito de forma brilhante, é devastadoramente honesto, por vezes hilariante, e conta uma história pessoal tão fascinante quanto a filosófica". Nem mais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Viciante. Belissímo livro.
Abraço
Rolando Almeida

Anónimo disse...

...McGinn começou a suspeitar que o problema central da filosofia da mente ("O que é a consciência?") não poderia ser respondido pela mente humana.

Ora, é respondê-lo pela mente divina, que ser omnisciente é a nossa sina!

Só que a Consciência não é apenas o problema central da filosofia da mente mas de TODA a moderna Ciência e Metafísica... Filosofia e Religião incluída, a consciência é a pergunta e a resposta, tudo o resto é mera bosta! ;)

Duas pistas: há alguma relação entre a "consciência" e o "vazio primordial" anterior ao universo material?! Era esse Nada consciente de Si e manifesta-se essa omnisciência agora e aqui?!

Num plano mais humano, será o Amor a suprema manifestação da Consciência... é Eros/Philos/Agape a supra-suma ciência?!

OK! Vou ver se consigo encontrar esse "The Character of Mind", mas já vi que o McGuinn é fixe... that's fine!!! :)

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