quinta-feira, 15 de março de 2007

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

Bula do Papa Alexandre III de 13 de Abril de 1179 que reconhece o reino de Portugal. O original encontra-se no Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

O diplomata cabo-verdiano Luís Monteiro da Fonseca, secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), encontra-se até sábado no Brasil a discutir com os responsáveis brasileiros a ratificação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Luís Fonseca pretende acelerar a ratificação do Acordo entre todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), formada pelo Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

«Técnicos brasileiros vão preparar reuniões para colocar em marcha o Acordo Ortográfico, que já pode entrar imediatamente em vigor em pelo menos três países - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe», assinalou Fonseca à agência Lusa, após uma reunião com o ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad.

Os três países referidos já ratificaram o Acordo Ortográfico e também o Protocolo Modificativo ao texto, aprovado em Julho de 2004, em São Tomé e Príncipe, durante a Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que tornou possível a entrada imediata em vigor do Acordo.

O Protocolo permitiu que o Acordo vigorasse com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da CPLP o fizessem.

Portugal já ratificou o Acordo Ortográfico - que se traduzirá na alteração na escrita de cerca de 1,6% do vocabulário usado em Portugal e de 0,5% no Brasil - mas ainda falta ratificar o Protocolo Modificativo.

Ainda não consta da agenda do Governo português a ratificação deste Protocolo...

7 comentários:

Joana disse...

Olá Palmira:

Gosto também deste registo, mas espero que volte depressa ao estilo a que me habituou :)

Carlos Fiolhais disse...

Este assunto da (eventual) normalização da língua portuguesa devia merecer mais atenção. Confesso-me dividido:
por um lado a cultura e a ciência
poderiam beneficiar mas, por outro,
os agentes culturais e científicos
poderiam ser vítimas. E não tenho
ilusões: uma unificação da língua é, na prática, impossível. Os brasileiros não vão dizer protão em vez de próton (um brasileiro já me perguntou se protão é um próton muito grande) nem vão dizer impulsão em vez de empuxo. Por
alguma razão autorizei a "tradução"
de "Física Divertida" em brasileiro...
Possível é um bom dicionário científico- técnico de língua portuguesa. Experimentem encontrar
neologismos como fractal nos dicionários que por aí andam...

Desidério Murcho disse...

Eu considero que é um disparate haver legislação sobre a língua. Considero além disso que é um sinal de uma sociedade profundamente centralizada, na qual os políticos querem legislar sobre tudo. A língua deve ser naturalmente regulada pelos profissionais da língua e pelos locutores dessa língua. Nada mais. Os dicionários e gramáticas, assim como a prática linguística das pessoas que usam intensamente a língua, nomeadamente escrita, é que deve determinar como as coisas se dizem e escrevem -- e não um burocrata qualquer mais ou menos iletrado, através de leis. Ou, pior, meia dúzia de linguístas incapazes de impor as suas preferências linguístas se as suas ideias tiverem de competir livremente com as dos seus colegas, mas que depois conseguem um caldinho e são eles que fazem as TLEBS ou os acordos ortográficos. Legislar sobre a língua pode ser sinónimo de distorcer a língua, impondo artificialmente as ideias de 2 ou 3 linguísticas frustrados e improdutivos.

Finalmente, considero que a aproximação cultural, que defendo, entre os países de língua portuguesa, não se consegue fazer por via de acordos ortográficos nem por via legislativa. Consegue-se publicando livros portugueses no Brasil e Angola e vice-versa, trazendo intelectuais Moçambicanos a Portugal e ao Brasil e vice-versa. Ou seja, consegue-se por força do intercâmbio de ideias e da própria língua viva.

Mas eu sei que estas opiniões são polémicas como tudo.

Palmira F. da Silva disse...

Não tinha reparado que já havia comentários neste post...

A TLEBS era (ou ainda é, não percebi muito bem em que pé está) uma completa aberração.

Em relação ao Acordo Ortográfico acho-o igualmente um disparate. Também porque não é apenas a grafia que distingue o português falado nestes países.

Um livro publicado em Portugal ao abrigo deste acordo continuará a precisar de tradução no Brasil, mesmo que não seja um livro técnico.

O Acordo Ortográfico é simplesmente um acto pomposo, vazio e completamente inconsequente. A aproximação cultural não se faz por decreto mas por difusão e intercâmbio cultural, como refere o Desidério.

Entretanto, o Brasil está há um ano à espera que Portugal legalize a missão diplomática do país junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)...

Desidério Murcho disse...

Note-se que no Brasil alguma literatura portuguesa é lida e vendida sem mudar a ortografia nem a gramática, como é o caso dos livros de José Saramago.

O que está errado desde o início é legislação quanto à língua. Por incrível que pareça, é ilegal publicar em Portugal jornais ou livros com palavras como "atual" em vez de "actual" ou "ótimo" em vez de "óptimo". Em contrapartida, a tradução portuguesa oficial da declaração universal dos direitos humanos, por exemplo, é uma vergonha. Mas respeita a ortografia.

Unknown disse...

Sou natural do Brasil e, na universidade portuguesa onde concluí meu doutorado não aceitaram a versão em "Brasileiro" de minha versão da tese.

Em tom provocatório, entreguei, uns três meses depois, uma versão em inglês.

Obviamente que esse documento possuia muitas incorreções... por ser estrita por um não nativo, para minha surpresa... foi aceita !

A que chamamos isso ? eu sinceramente, acho que colonialismo ás avessas...

Bem, isso mostra o nível de dificuldade que qualquer acordo dessa natureza encontrará em Portugal.

É preciso determinação para acreditar em avanços..

Custardoy disse...

Ó amigo DOUTOR!
Se a tua tese está escrita como este post compreendemos perfeitamente os teus Professores.

Nem pontuar sabes:
"Em tom provocatório, entreguei, uns três meses depois, uma versão em inglês."
É ridiculo! Nem venhas para aqui contar essas coisas de que ficaste DOUTOR!
Já agora. O Paulo Coelho tb se lê melhor em Inglês!
Curioso não é?
Meu Deus! Não sabes mesmo a ordem das palavras nas frases, nem o que elas lá fazem.
E és DOUTOR?
De facto este país é horrível!

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