sexta-feira, 23 de março de 2007
Ameaça criacionista na Europa - I
Alguns dos nossos leitores consideram que o criacionismo é um disparate anacrónico tão óbvio que afirmam ser completamente desnecessário sequer desmontar os erros absurdos em que assenta.
Na realidade, o criacionismo é uma ameaça não despicienda mesmo na secular Europa, como foi reconhecido nas páginas da Nature (link reservado a assinantes) em Novembro de 2006, num artigo que traça o quadro negro do criacionismo na Europa e alerta para a necessidade da comunidade científica se empenhar na luta contra o movimento anti-evolucionista.
Talvez como resultado deste alerta, a segunda maior editora científica do mundo, a Springer, anunciou que em 2008 verá a luz do prelo uma nova revista, Outreach and Education in Evolution, cujo objectivo é «ajudar os professores de ciência a lutar contra a forte pressão que os criacionistas exercem na educação pública».
Para contrariar esta pressão crescente foi ainda criado um Think Thank associado ao The Center for Inquiry-Transnational, para promover o uso da razão. O anúncio da sua criação, acompanhado de uma declaração em defesa da ciência e da laicidade, expressa as preocupações de vários cientistas sobre o ataque cerrado à ciência por parte de fundamentalistas em posições públicas de relevo, na política norte-americana em especial.
O tema religião e ciência foi igualmente analisado em Novembro de 2006 (com uma 2ª edição já agendada) numa conferência no Salk Institute for Biological Studies em La Jolla (San Diego), Califórnia, por um grupo notável que reuniu filósofos e cientistas entre os quais Ann Druyan, a esposa de Carl Sagan, e vários prémios Nobel. Um dos pontos da conferência, expresso por Steven Weinberg entre outros, é a necessidade da comunidade científica se empenhar na divulgação de ciência e no esclarecimento dos criacionismos obscurantistas.
Se mesmo assim esses leitores continuarem cépticos em relação a esta necessidade de desmistificação das inanidades debitadas pelos vários flavours do criacionismo, talvez uma revista rápida dos ataques ao evolucionismo, isto é, à ciência, perpretados em solo europeu os convença.
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1 comentário:
Bom, nos EUA a percentagem dos creacionistas entre as pessoas de credo cristão anda entre os 20% e os 30%, o que é bastante preocupante...não sei se têm números mais exactos do que eu. Agora na Europa, não faço ideia.
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