terça-feira, 10 de julho de 2007

Ofensiva criacionista na Europa contra-ataca

A última ofensiva criacionista nos Estados Unidos: surge mais uma organização supostamente de «caridade», na realidade uma organização anti-ciência.

A secretária de educação do estado de Hessen, na Alemanha, Karin Wolff, anda há cerca de um ano a tentar introduzir o criacionismo nas aulas de ciência do seu Estado.

De facto, em Outubro passado, depois de o canal de televisão «Arte» ter passado um documentário sobre duas das escolas deste estado, na cidade de Giessen, que ensinavam criacionismo bíblico nas aulas de biologia, Wolff declarou que este deveria ser ensinado como ciência a par do evolucionismo já que pensava «fazer sentido trazer problemas multi e interdisciplinares para discussão», acrescentando que o ensino da »teoria» da criação bíblica resolveria o problema dos alunos que são confrontados com «pontos de vista» completamente diferentes nas aulas de religião e de biologia. O assunto foi abordado na Nature de Novembro (Anti-evolutionists raise their profile in Europe) e aparentemente tinha «morrido» devido à oposição veemente de cientistas e políticos às pretensões absurdas da ex-professora de religião.

Quiçá animada por dia 25 de Junho os parlamentares do Conselho da Europa se terem recusado a discutir o projecto de resolução da Comissão de Cultura, Ciência e Educação - o presidente dos conservadores europeus, Luc van den Brande, insistiu que o projecto era irreflectido na sua condenação do criacionismo - a última Sol indica-nos que a democrata-cristã voltou recentemente a insistir no assunto, desta vez apoiada pelo deputado social-cristão Norbert Geis que debitou:

«Ao chamar a atenção para o facto de que a Bíblia atribui a criação do mundo a uma instância superior, é possível transmitir aos jovens que a ciência não pode garantir a última verdade».

Como é óbvio, nenhum cientista se afirma na posse da «última verdade», essa prerrogativa é exclusiva das religiões.

Repetindo a citação de Darwin com que Jerry Coyne terminou a apreciação do livro «The Edge of Evolution» (e a propósito do último livro de Michael Behe, vale a pena ver a recensão de Richard Dawkins no New York Times, intitulada apropriadamente Inferior Design):

«A ignorância gera confiança mais frequentemente que o conhecimento; são aqueles que sabem pouco e não aqueles que sabem muito que asseguram que este ou aquele problema nunca serão resolvidos pela ciência».

Mais uma vez verificamos que a ciência tem provas sem pretender certezas enquanto os criacionistas têm certezas sem provas...

59 comentários:

Joana disse...

Fantástica a crítica de Dawkins:

«I had expected to be as irritated by Michael Behe’s second book as by his first. I had not expected to feel sorry for him. The first — “Darwin’s Black Box” (1996), which purported to make the scientific case for “intelligent design” — was enlivened by a spark of conviction, however misguided. The second is the book of a man who has given up. Trapped along a false path of his own rather unintelligent design, Behe has left himself no escape. Poster boy of creationists everywhere, he has cut himself adrift from the world of real science.

(...)

But things went wrong, especially at the famous 2005 trial where Judge John E. Jones III immortally summed up as “breathtaking inanity” the effort to introduce intelligent design into the school curriculum in Dover, Pa. After his humiliation in court, Behe — the star witness for the creationist side — might have wished to re-establish his scientific credentials and start over. Unfortunately, he had dug himself in too deep. He had to soldier on. “The Edge of Evolution” is the messy result, and it doesn’t make for attractive reading.»

Dawkins no seu melhor :)

Joana disse...

Agora esta coisa do Conselho da Europa é preocupante.

Será porque os conservadores, católicos e demais cristãos estão em maioria ou será que o CE está a fazer a corte aos abomináveis gémeos Kaczynski, como já o fizeram com a excepção
em matéria de «moral» e de direito da família
na próxima Constituição/Tratado europeia? Para permitir aos conservadores polacos continuarem as suas políticas catolicamente homofóbicas e misóginas sem que os seus cidadãos possam recorrer a instãncias europeias?

Afinal o que é vida de uma reles mulher face à verdade última e revelada?

Joana disse...

Encontrei a citação que andava à procura :)

"Nunca quis dizer que os conservadores são na generalidade estúpidos. Quis sim dizer que as pessoas estúpidas são na generalidade conservadoras."

Carta de John Stuart Mill ao parlamentar conservador John Pakington

Fernando Dias disse...

“Anti-ciência”? Ciência metafísica? Hoje não faltam universidades que nos seus departamentos de filosofia incluem estudos com o nome de “ciência da religião”. A confusão já está instalada há muito! Sinceramente não sei se esta tontice criacionista será mesmo uma preocupação que esteja no topo das prioridades dos cientistas europeus ou se outros fenómenos mais preocupantes. Não parece haver, ainda, compreensão das causas e dos verdadeiros motivos das fortes pulsões de morte de alguns homens de ciência e supostamente de dotada inteligência (por exemplo o caso dos médicos das tentativas de atentados no Reino Unido), fenómeno preocupante e complexo que o mundo está a viver. Alguns supõem que as causas são apenas religiosas. Serão? Seja como for, parece que a matemática e os métodos científico-naturais estão a perder a batalha na eliminação de tantas confusões conceptuais e formas erradas de pensamento.
Não sei se a Palmira leu o livro de Sam Harris, recentemente editado pela Tinta da China, com o sugestivo título – [O fim da fé – religião, terrorismo e o futuro da razão]. Se leu, tinha alguma curiosidade em saber se considera um livro que se recomende, concorde ou não com as suas discutíveis teorias terapêuticas e a apologia do budismo.
É certo que alguns praticantes da ciência (dita “mainstreem”) têm-se posto a jeito quando deixam transparecer que ainda estão vinculados ao positivismo lógico datado de Carnap. Mas desde aí, muito pensamento mudou no mundo. Os cientistas “mainstreem” um pouco mais abertos (“ciência aberta”) e que admitem que não é possível fazer ciência sem terem um lastro epistemológico, ou seja, qualquer paradigma de filosofia da ciência, pelo menos dizem que o seu herói ainda é Karl Popper.
Tanto no Reino Unido como nos EUA, tem sido reavivada gradualmente a metafísica na maior parte das escolas de filosofia, tidas como as melhores. Conhecem-se os ataques que os positivistas lógicos, e não só, fizeram à metafísica. A partir dos anos 1980 uma nova geração de filósofos, como por exemplo Chisholm e Lewis, já estudavam metafísica. Na verdade, a abordagem de questões relativas ao compromisso ontológico defendida por Quine em 1948 "Sobre o Que Há", já era praticada em 1939, quando Chisholm e Quine estavam os dois em Harvard (Chisholm como estudante de pós-graduação e Quine como jovem professor). No entanto, as diferenças de ponto de partida entre Quine (discípulo de Carnap) e Chisholm conduziu a grandes diferenças no trabalho subsequente.
Dado que Quine pensava que só um pequeno conjunto de ciências produzia verdades ontológicas, podia satisfazer-se com a matemática necessária para a ciência, não tendo de aceitar mais nada. Os restantes métodos científicos conhecidos não chegavam para compreender o mundo. As teorias das diversas ciências naturais não descreviam nem explicavam o que era preciso saber para compreender. E Chisholm, fazendo justiça, afirmava que afinal de contas nem os cientistas naturais (“ciências duras”) pretendiam fazê-lo.

JSA disse...

Dá vontade de lhes juntar a proposta da Igreja do Flying Spaghetti Monster, queria ver a reacção.

Penso que já seria altura de um debate interessante sobre o assunto em Portugal. Talvez sob a forma de simpósio, mas aberto ao público e com convidados das várias áreas (ateus, cientistas religiosos não criacionistas, IDiotas, cristãos não cientistas e não criacionistas e criacionistas) para que pudesse ser minimamente plural. Aliás, toda a Europa precisa de um debate desses urgentemente, que ignorar o problema só o aumentará.

Anónimo disse...

jsa:

Se não está a ver os telejornais ligue a TV e veja os bispos nacionais a exigirem do orçamento do Estado mais dinheiro que o MCES e a FCT juntos têm.

Acho que isto diz tudo do país que temos! Aquele badamerdas do bispo que falou irritou-me como nunca ninguém me tinha irritado na vida. Aqueles fdp da Igreja que têm uma vidinha regalada sem trabalho nenhum, que não fazem ponta de um corno nem contribuem um tostão para nada virem para as televisões com aquela conversa irritou-me mesmo!

Ora que porra! Porque é que o dinheiro dos meus impostos há-de sustentar aqulas sanguessugas obscurantistas e inúteis? Para eles terem mais dinheiro para lavagens ao cérebro? Pata que os pôs.

Fiquei mesmo mal disposto com aqueles gajos!

Joana disse...

Também vi os telejornais e fiquei igualmente mal disposta!

Fiquei mais mal disposta quando vi e li que a padralhada anda para aí aos gritos a pressionar o governo e nas homilias a dizer que o governo anda a fazer concorrência desleal às escolas da Igreja com as escolas públicas!

Quando li no Público que "A hierarquia católica portuguesa considera que não há liberdade de educação em Portugal" porque o Estado não sustenta as escolas da Igreja ia-me passando! Mas acho que os desgraçados que levam tareia de padres nas Casas do Gaiato devem achar mesmo que não têm liberdade de educação...

Acho curioso que o descalabro no ensino público tenha começado com as reformas de um Opus Dei, o Roberto Carneiro. Assim como foi um Opus Dei que estragou o ensino público em São Paulo.

Estas merdas da Igreja só me fazem ficar mais anti-clerical. Só espero que o Sócrates não ceda à chantagem da padralhada.

Não basta tudo o resto e ainda querem que seja o dinheiro dos nossos impostos, nesta altura de crise, a sustentar os luxos e as púrpuras da Igreja! Cambada de chulos inúteis e obscurantistas!

Anónimo disse...

A falência do Darwinismo é uma verdade inconveniente. As relações entre a ciência e a religião estão agora manifestamente mais complicadas do que os evolucionistas gostariam.

A ciência corrobora a criação e desmente os modelos evolucionistas, só pretensamente científicos.

Deveria ser fácil refutar o criacionismo para uma pessoa que gosta de pavonear-se como cientificamente culta e intelectualmente sofisticada!

Mas os argumentos evolucionistas caem uns atrás dos outros.Todos os dias isso pode ser observado mesmo nas mais prestigiadas revistas evolucionistas.

Não basta dizer que o Universo surgiu por acaso para demonstrar cientificamente que o mesmo surgiu por acaso. Tanto mais, quanto é certo que nenhum ser humano observou tal hipotética ocorrência.

De acordo com a lei científica da causalidade, todo o efeito tem que ter uma causa? Qual é a causa do Universo?

Se tudo que tem princípio tem uma causa e se o Universo teve um princípio, qual é a causa do Universo?

Será que ele evoluiu do nada por acaso? Isso é uma afirmação científica comprovável?

Qual seria o mecanismo? Qual a fonte da energia, da matéria, do espaço, do tempo e da informação? O que é que causou a hipotética explosão, seguida, alegadamente, de uma hipotética inflação?

O problema é que os evolucionistas tentam fraudulentamente "vender" as suas teorias como se fosse ciência, mas, no fundo, vendem gato por lebre, com prejuízo claro dos incautos "consumidores".

Um exemplo é a alegada similaridade entre chimpanzés e seres humanos. Durante muito tempo os evolucionistas disseram que a existência de junk-DNA nuns e noutros era uma forte evidência de de que ambos descendiam de um ancestral comum.

O que é que vão dizer agora que o projecto ENCODE demonstrou que todo o DNA é funcional e extremamente mais complexo do que se pensava?

Que história da carochinha é que vão inventar agora?

O que é que vão fazer com as inúmeras "reconstruções históricas" e os muitos "relógios moleculares" baseados no "junk-DNA" agora que sabemos que afinal a única coisa verdadeiramente "junk" eram as teorias evolucionistas?

Será que ainda concorda com o evolucionista Kenneth Miller quando ele afirmava, para gaudio dos evolucionistas, que: "the designer made serious errors, wasting millions of bases of DNA on a blueprint full of junk and scribbles. Evolution, in contrast, can easily explain them as nothing more than failed experiments in a random process..." ??

Quem falhou, afinal, o evolucionista ou o designer?

Neste momento o evolucionismo não passa de um mito fantasioso desprovido de qualquer evidência empírica directa.

Anónimo disse...

É este o nível ético que se pretende num blog sério?
Nem nos cantos das ruas da minha aldeia os homens usam linguagem desta. E muitos deles não vão à missa.
Pode ser-se urbano mesmo sendo rural e inculto. Mas penso que não há cultura sem urbanidade.

Anónimo disse...

Acredito que todos aqueles que negam DEUS e invocam a ciencia, acabarão por arder nos confins dos infernos!!

João Vasco disse...

«De acordo com a lei científica da causalidade»

Ah!ah!ah!

Estes criacionistas inventam cada uma. "A lei científica da causualidade" a existir, diz o seginte: a causa do ID é a ignorância.

Fora de brincadeira, a mecânica quântica diz que EXISTE acaso. Acaso, como o nome indica, quer dizer que há fenómenos sem causa.

Joana disse...

Baixo nível é o da Igreja que se recusa a cumprir as leis da República e exige ser sustentada pela República para a ela se substituir.

A Igreja exige que o Estado português sustenta as escolas da Igreja, os hospitais da Igreja, as obras de "caridade" da Igreja, o luxo obsceno da Igreja mas recusa obedecer às leis do Estado!

A padralhada pode despedir professores por conduta "imoral", recusa-se a acatar a lei do aborto referendada por todos nós, recusa-se a aceitar que já não estamos na Idade Média.

Isto é que é falta de ética, não é usar um termo que a beatada acha chovante para excrecções humanas!

Anónimo disse...

E o sétimo dia será católico ou criacionista?

guida martins

Joana disse...

Guida:

Não são mutuamente exclusivos :)

Conheço muitos católicos que são criacionistas. Na minha antiga escola secundária havia uma praga do Comunhão e Libertação e os moços e moças eram criacionistas (e fanáticos). Passavam a vida a dizer que a evolução era uma coisa sem pés nem cabeça inventada por ateus só para chatear os católicos.

Com conversas sem sentido como as alarvidades do anónimo, que são tão estúpidas que nem dá para pegar. O fulano cola uns nomes pomposos com saliva e cospe umas coisas sem sentido com um ar de autoridade que só dá razão ao jsa: é um caso de psiquiatra!

Joana disse...

E se o Daniel de Sá quer saber o que é falta de ética leia o comentário do joão paulo no post "She blinded me with science"

Aquele sobre o padre católico Christian Federico von Wernich, protegido pela ICAR. O tal que dava uma ajudinha na tortura de prisioneiros políticos na ARgentina e "quando um oficial do exército matou um oposicionista na presença de Von Wernich, este sossegou-o dizendo-lhe que «o que tinha feito era necessário; era um acto patriótico que Deus sabia que tinha sido para o bem do país".

Prefiro mil vezes linguagem franca mesmo que obcsena às falinhas mansas, mentirosas e hipócritas da padralhada!

Anónimo disse...

Tem razão, Joana, por vezes não distingo os crentes uns dos outros. Também não ajuda nada o facto de todos eles, assim que a conversa não lhes interesse, nos mandarem para o inferno em menos de nada.

guida martins

Anónimo disse...

Eu só não percebo uma coisa. Mas além de outros males que provoca, a religiosidade também cega os crentes?

Mas só agora é que os católicos perceberam que o país está em crise? Então, os donativos decresceram? Ou os cristãos não têm pago a escola dos meninos, nem a creche, nem os lares dos avós? Malandros! Está mau o negócio, não é? Ou foi o patrão vaticano que mandou pôr mais pilim? (Que linguagem mais bosta, mais campónia, não é?)

Mas a solução do vosso problema, senhores bispos, é o b a bá da economia. Vendam o que têm! Troquem as ave marias por euros, ou os incumprimentos dos vossos códigos por sopas. Quem mais pecar, mais paga!

Em último caso, proponham uma indução à colecta para católicos no próximo orçamento de estado.

Mas eu, que devo ter pouca ética, é que estou a ver isto mal, estes senhores das igrejas trabalham todos por solidariedade e amor ao próximo. Pelo menos é a imagem que sempre quiseram passar.

Artur Figueiredo

PS Eu gracejo mas é para aliviar a ira porque nem estes bispecos nem os bobos medievais deste post da professora Palmira me dão nenhuma vontade de rir. E nós lá continuamos a fazer o que eles querem. O nosso trabalhinho dia a dia. Uns banhinhos de sol até adormecermos na praia. Enquanto eles, pseudo cientistas, políticos e padres continuam a passar a mão pelo pêlo uns dos outros com suspeitas intenções...

Anónimo disse...

Meus amigos
Creio que há uma grande confusão nas vossas cabeças. Quando se trata de reconhecer o erro, também o sei fazer. Mas as generalizações são abusivas, muitas vezes. Como gosto de exemplificar, deixo abaixo parte de um pequeno auto sobre a Inquisição em que tentei imitar Gil Vicente. E que publiquei em jornais dirigidos por católicos.
Diabo
Não sou de me envaidecer...
São muitos os comensais?
Quantos dias a comer?
Martinho
São dois dias para a mesa,
Antes da fogueira acesa.
Diabo
Minha mente está atenta,
Fala-me então da ementa.
Martinho
Salmonetes e linguados,
Mugens, abróteas, safios
(Pois por bem dos seus pecados
À sexta não há galinha)
E muita, muita sardinha.
De doces, várias centenas:
Talhadas de marmelada
Ovos reais às dezenas,
Escorcioneira ralada,
Maçapães brancos, cidrada,
Manjar real e perada,
Pêras, melão e confeitos.
E não ficam satisfeitos
Sem caroucos recheados,
Três pratos de manjar branco,
Quatro gansos amansados,
Trinta arráteis de carneiro,
Sem que nenhum seja manco,
Vinte frangas de poleiro,
Doze frangos bem crescidos,
De uma marrã, quatro quartos,
Mas para ficarem fartos
Serão ainda servidos
Quatro coelhos assados
E muito bem temperados,
E todos mui bem comidos,
Mais três perus e algum pão,
Com grande sofreguidão,
Quinze canadas de vinho,
E há outras mais miudezas
Para encherem as mesas:
Tortas de ovos e toucinho
Com manteiga da que for
Mais própria para a receita,
Que comem disso o meirinho
Tanto quanto o inquisidor.
E nenhuma boca enjeita
Comer pelos condenados:
Promotores, deputados,
O alcaide mais os notários,
Solicitadores mais
Os outros oficiais.
Estes os comensais vários.
Diabo
E é preciso comer tanto,
Pôr em tal tanto fervor,
Até o inquisidor?
Quem quer ser tido por santo
Não se entrega à penitência
Em vez de tal exp’riência?
Martinho
Reza em grande sentimento,
Dá chicotadas no rabo
E até faz muito jejum.
Se o visses em julgamento!...
Diabo
Tal feito não levo a cabo.
Pelo meu cheiro a bedum
Juro que onde há um diabo
Não faz falta mais nenhum.

Diabo
E há ainda a despesa
Das fogueiras, com certeza.
Martinho
A lenha para queimar
Os que vão a condenar.
O pano do sambenito,
Que arde no fogo maldito,
E outras mais miudezas
Que gasta toda a canalha
Que faz do fogo mortalha.
E são estas as despesas.
Diabo
De mim dizes que sou mau...
Chamas santo a Nicolau...
Martinho
Ao diabo que o carregue!
Diabo
Fica muito bem entregue.

Notas:
Escorcioneira – doce feito com os rizomas da planta assim chamada.
Caroucos – Compota de vários frutos.

Anónimo disse...

Parece impossível - mas não é(!)- esta reacção de medo a tudo diverso, do novo.

Tempos difíceis, os que se aproximam...

Anónimo disse...

Carlos e caros colegas,

Estou deveras impressionada com algum tipo de linguagem que se apresenta no teu/vosso blog. Se há alguma linguagem provocatória mas inofensiva e engraçada que até me faz rir , há outra que acho exagerada, mal intencionada e altamente anti pedagógica. Numa altura em que se discute disciplina e falta dela, respeito e falta dele por parte dos alunos no ensino secundário e superior (e até no ensino elementar), em que os alunos insultam e batem nos professores, que lição dão estas pessoas adultas que insultam e são intolerantes para os seus colegas por terem ideias diferentes deles? Palavras, que surgem na sequência deste post, como “fdp”, “mentecaptos” “estúpidos”, “padralhada”, “merdas” etc, etc. não são aceitáveis!!! (aproveito para esclarecer que sou ateia). Esperaria que pessoas altamente responsáveis, instruidas e educadas não necessitassem de golpes destes. Sinto-me incomodada com o que leio em certos comentários, pela extremíssima violência verbal e quiça falta de sensibilidade que demonstram! Que moral temos nós para impor disciplina, regras de boa educação aos alunos? Já não basta assistirmos na TV e noutros meios de comunicação social a uma linguagem verbal violenta e insultosa? Se não gostamos das ideias dos nossos opositores, não teremos de os suplantar nos argumentos? Não me esqueço do episódio visto há alguns anos aquando do protesto dos estudantes sobre as propinas. Quereremos assistir de novo ao espectáculo de ver calças despidas como forma de protesto?

Maria Elvira Callapez

P Amorim disse...

Na sequência deste post, não da maioria dos comentários, recomendo a leitura do livro "Diálogos sobre Física Quântica" de José Croca e Rui Moreira.
Apesar do título é sobretudo uma discussão sobre filosofia da ciência e suas relações com a política e a religião. Uma obra de referência, na minha opinião.

João Sousa André disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JSA disse...

Caros joana e joão paulo, neste aspecto concordo com a Maria Elvira Callapez. Não é com atitudes e liguagens destas que se ganha a discussão, bem pelo contrário. Antes de mais avanço que, não estando em Portugal, não tenho como me irritar com as declarações televisivas dos padres e bispos. Leio-as no jornal e isso confere distância, é um facto, mas a verdade é que as declarações não são novas, aliás, pedem apenas coisas a que eles tiveram direito no passado. Sendo honesto, convém recordar que a Igreja teve uma influência muito positiva no passado em muitas áreas e sem qualquer apoio governamental. Isso, contudo, não impede que estejam a pedir algo que continuo a achar obsceno. Neste aspecto seria utilizar o método alemão: cada contribuinte declararia, se assim o entendesse, a sua religião nos impressos fiscais e uma percentagem extra dos seus rendimentos seria deduzida para canalizar directamente para a religião em causa. Quem fosse ateu, agnóstico ou simplesmente preferisse não contribuir poderia simplesmente escolher a hipótese "Sem religião". Se há forma mais democrática e livre que esta não a conheço.

Uma outra vantagem de estar fora é o de conhecer outras realidades. Vivo na Holanda, país maioritariamente protestante e com raízes fortemente calvinistas, especialmente na moral e nos costumes (embora o calvinismo em si mesmo esteja essencialmente desaparecido). Por aqui é possível ver grupos religiosos em que vizinhos não se falam por pertencerem a igrejas diferentes, cada uma mais rígida que a outra e casamentos em certas igrejas onde se frisa no sermão do pastor que o homem não está neste planeta para se divertir, apenas para servir a Deus. Misturando neste caldo todo judeus, muçulmanos, hindus e taoístas das mais variadas correntes acabo por não me incomodar assim tanto com a ICAR. Garanto que há pior. Pelo menos não são criacionistas.

Certamente que a deriva criacionista me incomoda e, principalmente, preocupa. Mas não se vence esta guerra com pedras, é apenas e só com conhecimento. Primeiro que nada de ciência, a linguagem que defendemos aqui. Depois com filosofia, para se poder compreender a posição antagonista e o processo intelectual que permite chegar à lógica científica. Por fim com religião, ou melhor, com compreensão da religião que é usada como arma de arremesso, de forma a que as contradições na mesma possam ser exploradas. De outra forma não iremos lá.

Palmira F. da Silva disse...

Caros João Paulo e Joana:

Tentemos manter elevado o nível do blog, comentários inclusive.

A Elvira e o JSA têm razão, há um tipo de linguagem a evitar. Para além do mais é contraproducente.

Por isso peço-lhes: façam um esforço de contenção sempre que algo os irritar.

Unknown disse...

Cara Palmira

O João Paulo e a Joana começaram com este tipo de lingaugem logo no início da caixa de comentários.

Penso que são apenas fenómenos isolados aqueles a que a Palmira se refere, bem diferente dos Estados Unidos. O seu comentário Palmira faz um pouco a apologia do medo sobreavaliando em muito tais fenómenos.

Palmira F. da Silva disse...

f.dias

Li logo que saiu o Fim da Fé do Sam Harris e depois reli-o aquando da ida ao Câmara Clara.

Há algumas partes do livro que me chocaram até ter percebido que ele foi escrito imediatamente no rescaldo do 11 de Setembro. Prefiro os livros do Daniel Dennet - pelo menos revejo-me em todo o livro, não apenas em trechos...

Em relação a uma certa arrogância da ciência - especialmente evidente nos físicos de finais do século XIX, que afirmavam já saber tudo, só faltava acrescentar umas casas decimais em constantes-, penso que a explicação em 1900 da catástrofe do ultra-violeta (por Planck) e cinco anos depois do efeito fotoeléctrico por Einstein cortou pela raiz essa arrogância.

Parece-me que por uma razão estranha alguns filósofos da ciência, cientistas sociais e afins continuam presos ao passado quando referem uma arrogância da ciência, que não existe. Não quero dizer com isto que não existam cientistas arrogantes - nós somos humanos e estatisticamente iguais ao resto da população, mas a ciência não pretende ser detentora única de uma verdade absoluta. Bem pelo contrário...

Os pós-modernos combatem assim moinhos de vento e são essencialmente eles os responsáveis pela confusão de que fala. Na minha opinião são igualmente os responsáveis pelo facto de o criacionismo ter conseguido tantos adeptos, com o seu matraquear de que tão válidas são as "teorias" da ciência para explicar algo como "teorias alternativas".

Palmira F. da Silva disse...

Cláudio Pascoal:

Se dissesse algo diferente surpreender-me-ia. Assim, recordando outros diálogos que manteve neste espaço, é apenas expectável o seu comentário. Faz aliás parte das tácticas criacionistas dizerem que se a ciência é assim tão melhor, porque razão os cientistas «têm medo» que se ensine o criacionismo a par do evolucionismo nas aulas de ciências...

Mas essa é uma fase mais avançada do processo, em que se encontram os EUA. Na Europa por enquanto a táctica passa pelo que o Cláudio Pascoal diz...

Mas considerando que há uns meses o Cláudio dizia que o que hoje é relatado nunca poderia acontecer na Europa, que eu estava a fazer «a apologia do medo sobreavaliando em muito tais fenómenos», não acha que está na hora de mudar o discurso? Parece que afinal não sobreavaliei os fenómenos e diria que eles vão escalar, como o disse na altura.

O grande problema do criacionismo não é defenderem algo errado. O problema é quererem impôr esse erro via um movimento político sem escrúpulos. Leia o post sobre Criacionisno no Conselho da Europa e verá no último parágrafo que transcrevi a confirmação pela Comissão de Cultura, Ciência e Educação do CE:

The creationist movements possess real political power. The fact of the matter, and this has been exposed on several occasions, is that the advocates of strict creationism are out to replace democracy by theocracy.

Anónimo disse...

O ideal seria que o criacionismo fosse abertamente difundido, discutido e criticado nas Universidades.

As ideias devem poder ser abertamente discutidas.

Se o criacionismo é assim tão débil, porque é que as Universidades dominadas por naturalistas se recusam a discutir com o criacionismo?


Será que ninguém pode questionar Darwin ou os darwinistas?
Será que ninguém pode contestar Richard Dawkins na Universidade?

JSA disse...

Se posso acrescentar algo a essa "apologia do Medo", lembro que o que está em causa não é a substituição de uma teoria científica por uma teoria religiosa nos livros científicos. O que está em causa é um total cercear do pensamento científico apenas porque este não é "conforme" as convicções religiosas. A base da ciência de hoje (inclusivamente aquela que permite aos pregadores americanos usarem a televisão e a internet para passarem a sua mensagem) é precisamente aquela que rejeita o literalismo da Bíblia (ou Talmude, ou Corão ou seja lá qual for o livro religioso em causa). Permitir que a religião entre no debate é como querer discutir música usando argumentos de pesca.

A religião pode ter a sua função, mas não é junto da ciência. Ignorar que há muita gente a querer mudar isto e que o número de opositores da ciência real está a aumentar é enfiar a cabeça na areia. A mesma atitude foi tomada relativamente ao racismo, ao radicalismo islâmico, ao fascismo, etc, no passado e o resultado nunca foi bom. Este tipo de problemas deve ser cortado pela raíz. E isso é feito com Razão e Lógica, suportadas por Ciência. Da boa.

JSA disse...

Caro/a anónimo/a (já agora não pode dar um nome, um nick, algo?):

eu respondo de forma rápida porque essa pergunta já enjoa, mesmo sabendo que certamente que vai ignorar a resposta (como tudo o resto).

A Ciência estuda os fenómenos naturais. A função da Ciência não é rejeitar os dogmas religiosos (note que apenas a religião usa dogmas), antes os tentará confirmar. Foi isso que sucedeu ao longo de séculos. Na viagem do Beagle, o capitão tinha como hobby a procura de provas científicas do criacionismo. O que acontece é que a ciência tem descoberto de forma consistente, incontestada e inexorável provas da inexactidão desses dogmas. Mais, mesmo a História, a Arqueologia e as disciplinas científicas naturais, quando trabalhando juntas, têm vindo a descobrir a origem desses mitos (como o do dilúvio). A Ciência, ao longo da História, tem vindo sempre a afastar-se da religião no plano físico e temporal.

A religião, por outro lado, continua a lidar apenas e só com Fé, Revelação e textos que não se sabe de quem são, quando foram escritos nem em que circunstâncias. Pior, os seus "factos" não foram verificados e as provas, evidências e pistas usadas para esse fim apontam sempre noutras direcções. Por outras palavras, a Religião lida com uma lógica não científica, pelo que não pode ser avaliada pela ciência. É essa a razão da ausência do criacionismo nas disciplinas naturais. Pura e simplesmente não tem lugar nas mesmas. São não só linguagens como pensamentos diametralmente opostos. Voltando à metáfora, é como usar alemão para explicar a construção de um edifício e receber pedidos em polinésio antigo para que a explicação seja feita com base no barulho das gruas.

Por isso não se pode discutir o assunto. Insistir nessa táctica pode funcionar com iletrados, mas não funciona com cientistas (e com este termo abranjo quem use o método científico). por isso faça-nos um favor: deixe de fazer perguntas inúteis.

Palmira F. da Silva disse...

Caro anónimo (Jónatas Machado?):

Se tivesse ficado até ao fim no debate da FCUL teria percebido que faz tanto sentido científico discutir o criacionismo na Universidade como discutir se a Lua é feita de queijo, se a Terra é plana ou se os constituintes da matéria são os quatro arqué de Empedócles.

Já agora Darwin tem sido mais que questionado pelos cientistas nos últimos 150 anos pelo que as suas interrogações finais não fazem sentido. E Dawkins trabalha em sociobiologia, área, como todas, em que é certamente questionado.

Suponho que o seu problema assente essencialmente na incompreensão total do que é a ciência. Aliás, considero que deveríamos ter aproveitado Bolonha para introduzir de facto alguma formação em ciência nos cursos de humanidades e vice-versa.

Mas a ciência não funciona como o Direito. Não se discute abertamente ciência no sentido que propõe, isto é, não se decide a validade de uma teoria científica por referendo nem num debate na AR.

As ideias devem ser abertamente discutidas e dever-se-ia discutir, por exemplo, determinadas aplicações de ciência. Mas a sua sugestão reflecte que ignora completamente o que seja ciência que pensa ser igual ao Direito. Não é! Enquanto os criacionistas não se aperceberem disso qualquer debate é inútil...

Anónimo disse...

"A religião pode ter a sua função, mas não é junto da ciência"

Será que esta é uma afirmação científica? Qual foi o laboratório que a demonstrou? ~

Não será antes uma perspectiva ideologica que tem subjacente uma particular visão do mundo, da vida, da ciência, da religião e das relações entre religião e ciência?

Não serão admissíveis outras visões do mundo?

Será que não é possível questionar aquela afirmação?

Será que se espera que todos concordem com ela sem questionar?

Será que não são pensáveis outras relações entre a religião e a ciência?

E se uma pessoa pensar que a religião não se limita a juizos de valor ou a sentimentos subjectivos, mas também pretende fazer afirmações sobre a realidade objectiva?

E se a religião tiver uma explicação plausível para a existência de vida, aparência de design, complexidade, mas também de morte, sofrimento, decadência, extinções massivas, fossilização massiva, etc.?

E se uma pessoa estiver convencida de que as doutrinas religiosas são importantes porque se baseiam em factos verdadeiros?

Uma pessoa que pense assim não pode manifestar e defender as suas convicções?

Uma pessoa que pense assim tem que aceitar acritica e silenciosamente o que outros pensam?

Será que uma pessoa não pode afirmar e demonstrar que as observações científicas (v.g. conservação da energia, entropia, entropia genética, extrema complexidade da vida, inflação e expansão do Universo; extrema sintonia do Universo para a vida, falta de elos intermédios no registo fóssil, evidência de catastrofismo na geologia, evidência de decaimento radioactivo acelerado; perfis de Carbono 14) corroboram as concepções criacionistas e desmentem os modelos evolucionistas?

Qual é explicação evolucionista para a primeira matéria, para a primeira energia, para o primeiro espaço e para o primeiro tempo?

Qual é a explicação evolucionista para o surgimento das quantidades inabarcáveis dos sistemas operativos altamente precisos e da informação armazenados no DNA?

Qual a explicação evolucionista e naturalista para o surgimento de vida a partir de químicos inorgânicos?

Será que ninguém pode afirmar que a vida e as diferentes espécies, longe de ser o resultado de mutações aleatórios e selecção natural, são o resultado de informação complexa, especificada e integrada com todas as instruções necessárias à construção de organismos complexos e funcionais a partir de milhões e por vezes biliões de componentes?

O DNA percebe-se melhor como o resultado de processos aleatórios ou como um sistema de armazenamento de informação? Não são admissíveis diferentes perspectivas sobre esta matéria?

A questão das origens é tão importante e estimulante que deveria ser livremente analisada e debatida nas escolas e Universidades, num contexto de exploração, que não de doutrinação, onde todos os argumentos possam ser livremente mobilizados e contestados.

JSA disse...

«Uma pessoa que pense assim não pode manifestar e defender as suas convicções?»

Pode, tanto que o está a fazer, ainda que tenham sido demonstradas como erradas. Já o contrário é precisamente o que os criacionistas pretendem. Os criacionistas não pretendem discussões científicas. Pretendem um pensamento formatado à resposta Deus. Tivemos toda uma Idade Média que o demonstrou. Tivemos Galileu que o sofreu. Tivemos Bruno que morreu por isso mesmo. Por sua vontade voltaríamos a isso, já se sabe.

JSA disse...

«deveríamos ter aproveitado Bolonha para introduzir de facto alguma formação em ciência nos cursos de humanidades e vice-versa»

completamente de acordo Palmira, completamente de acordo. Há uma falta de formação argumentativa gritante nos estudantes de ciência (e ignorância ainda pior da ciência pelos estudantes de humanidades). Tal interacção só poderia ser benéfica para todos.

Palmira F. da Silva disse...

Caro Jónatas Machado:

No seu comentário mistura um arrazoado de termos que me parece não perceber o significado, um deles a que sou especialmente sensível como seja a entropia.

Aliás, pelo que me foi dado ver em outros seus comentários parece-me que não faz uma pálida ideia do que seja entropia e consequentemente tem um interpretação completamente errónea do segundo princípio da Termodinâmica.

Agora estou sem tempo mas em Agosto vou fazer um post sobre entropia, normalmente um dos parâmetros que me dá mais trabalho explicar aos meus alunos.

Por outro lado é completamente falso que exista «evidência de decaimento radioactivo acelerado». Os mecanismos que governam esta cinética, como todas as outras, estão bem estalecidas e não existiu qualquer variação de constantes!

Em relação ao seu comentário, basicamente resume-se a:

"se uma pessoa estiver convencida de que as doutrinas religiosas são importantes porque se baseiam em factos verdadeiros?"

Vamos lá a ver, as pessoas acreditam nas coisas mais sortidas porque acreditam igualmente que se baseiam em factos verdadeiros, seja que o Elvis está vivo, que há extraterrestres entretidos a raptar humanos para os mais diversos fins, que o Xenu está confinado por um campo de forças num planeta qualquer, etc..

As pessoas podem manifestar à vontade aquilo em que acreditam - em Inglaterra há até um canto destinado a isso - agora não podem exigir que isso seja ensinado nas escolas públicas! Especialmente quando aquilo em que acreditam está completamente errado!

Assim como todos podem acreditar que o mundo é uma abóbora gigante mas não me podem proibir de comer pevides...

Unknown disse...

JSA

no essencial concordo com o que disse Mas peguemos por exemplo em Richard Dawkins, ao atacar a religião do modo que faz não acaba por cair no mesmo erro dos criacionistas envangélicos? Não estarão muitos dos anti-criacionistas movidos mais pelo ódio à religião do que pela defesa da Ciência e do Método Científico? Ataques à ciência e ao método científico vêm de todo o lado e não só dos criacionistas, basta apenas vermos para o ensino da ciência no nosso país para verificar isso. Penso que se está a cair num histerismo sobre questões absolutamente irrelevantes.

Unknown disse...

Estou em desacordo obviamente com parte do post das 12:16.

Palmira F. da Silva disse...

O seu parágrafo mostra mais uma vez que não percebeu ainda o que é ciência.

Em ciência não tratamos de argumentos teleológicos nem metafísicos. Deixamos isso à religião e à filosofia.

Como eu digo aos meus alunos que não percebem como um electrão ou um fotão podem exibir simultaneamente comportamente de onda e de corpúsculo (já sei que a última dos físicos de partículas é dizer que a última é desnecessária mas na química damo-nos bem com o dualismo onda-corpúsculo) eu não estou preocupada em perceber a natureza do ser do electrão, estou interessada em explicar, entender e prever as manifestações dessa natureza, como sejam a ligação química, propriedades físicas, eléctricas e químicas dos compostos químicos.

Não me faz confusão que um fotão não tenha massa mas tenha momento linear (isto é, que não tenha massa mas que faça "mossa" se atirado contra uma "parede").

Se algum dia for proposto outro modelo para o electrão ou para o fotão que explique tão ou mais satisfatoriamente os dados experimentais, excelente! Não há qualquer dogma sobre a natureza do electrão ou do fotão nem cai o mundo de algum cientista porque ninguém baseia a sua vida emocional/espiritual no dualismo onda-corpúsculo!

JSA disse...

Caro cláudio, não sei com que parte do meu comentário das 12:16 não concorda, até porque é curto e glosa essencialmente a mesma coisa. E tenho que voltar a ele para lhe poder responder. É verdade que há um sentimento anti-religioso em muitos cientistas. Não é, contudo, de estranahr, especialmente quando a religião tenta frequentemente contrariar o que dizem sem sequer entender o que é dito. Mais, tenta silenciá-los (note-se a administração Bush com vários cientistas nos EUA). Dessa forma não é de estranhar a hostilidade.

Ainda assim há também muitos cientistas que continuam a ser profundamente devotos. Tenho colegas que o são e continuam a ser cientistas e a seguir as premissas da ciência. Vão a missas ou à mesquita, lêem a Bíblia, o Corão ou o Talmude, tiram inspiração das suas religiões. E não atacam a ciência. Antes a conciliam com o seu lado espiritual. A religião serve-lhes de parábola, de inspiração ara a sua vida espiritual. Não serve de base para a sua ciência.

Haverá sempre quem seja hostil à religião (eu próprio sou-o um pouco, embora tente conter essa hostilidade quando discuto estes assuntos), mas a ciência, por si, não o é. Apenas não aceita a introdução da religião nos seus domínios, dado que são mutualmente exclusivos.

Anónimo disse...

Deixo aqui uma frase bem sábia proferida por Einstein: "A ciência sem a religião é coxa. A religião sem a ciência é cega"

JSA disse...

leandro, a frase tem lógica, mas apenas de um ponto de vista de alguém religioso. Se ela fosse formulada no sentido: «A ciência sem a moral é coxa. A moral sem a ciência é cega» eu estaria de acordo.

Joana disse...

I'm completely flaggerblasted...

Vou tentar espairecer antes de comentar num estado de total irritação. Ontem abro os jornais e só vejo ofensivas da Igreja por todo o lado, chego aqui e vejo todos os posts inundados de comentários milenaristas e saltou-me a tampa.

Peço desculpa, Palmira e restantes autores, não volta a acontecer. Aprendi a lição e não volto a dar munições aos criacionistas.

Em relação ao Dawkins, o Cláudio Pascoal está a cair no erro habitual dos crentes.

Os ateus não têm direito a emitir as suas opiniões? A liberdade de expressão não é para todos? É só para crentes?

É proibido ser anti-religião? Porquê se todas as religiões são anti-ateísmo?

Uma coisa são as opiniões pessoais de cada um sobre religião ou ateísmo, outra coisa é ciência, que não é uma questão de opinião nem tem nada a ver com religião. E outra coisa é o que os criacionistas estão a fazer: a usar o peso político e monetário que têm para impôr a todos um erro científico!

Eu sou anti-religião mas não digo que os crentes não têm direitos e que devem arder numa fogueira. A mim já vários crentes me disseram que eu não tenho o direito de ser ateia e que o que faz falta é outra Inquisição. Mas isso é desculpado porque é um excesso compreensível de fé. A culpa é minha que devia estar caladinha e não dizer que sou ateia. Quando digo que sou anti-religião estou a perseguir os crentes, quando eles dizem que são anti-ateísmo é normal e desejável.

Nos Estados Unidos há Estados em que ser-se ateu é razão para não se poder ser funcionário público e para se tirar filhos aos pais. O pai Bush disse que os ateus não deviam ser considerados cidadãos americanos nem ter direito de voto.

Anónimo disse...

ok, ok, excedi-me.
Desculpem qualquer coisinha. Também não quero que os meus excessos de linguagem, mesmo com justa causa, sirvam para mais cristianovitimizações.

Para além dos ataques da ICAR na comunicação social passei-me com esta:

Threats by religious group spark probe at CU-Boulder
By The Denver Post
Article Last Updated: 07/10/2007 03:09:28 AM MDT

University of Colorado police are investigating a series of threatening messages and documents e-mailed to and slipped under the door of evolutionary biology labs on the Boulder campus.

The messages included the name of a religious-themed group and addressed the debate between evolution and creationism, CU police Cmdr. Brad Wiesley said. Wiesley would not identify the group named because police are still investigating.

"There were no overt threats to anybody specifically by name," Wiesley said. "It basically said anybody who doesn't believe in our religious belief is wrong and should be taken care of."

Anónimo disse...

Mas não posso deixar de rir com a conversa do Daniel de Sá no mesmo dia em que Bento XVI ofende milhões de protestantes quando disse que a única Igreja de Cristo é a Católica.

Protestant churches yesterday reacted with dismay to a new declaration approved by Pope Benedict XVI insisting they were mere "ecclesial communities" and their ministers effectively phonies with no right to give communion.

Coming just four days after the reinstatement of the Latin mass, yesterday's document left no doubt about the Pope's eagerness to back traditional Roman Catholic practices and attitudes, even at the expense of causing offence.

Anónimo disse...

e para não virem com a treta de que Boulder é um caso isolado há kilos de evolucionistas ameaçados ou mesmo atacados por fanáticos religiosos.

exemplos:

- The federal judge who struck down the decision by the Dover, Pa., school board to teach intelligent design in science classes, John E. Jones III (in photo), told a Lawrence audience Tuesday that he spent a week under protection of federal marshals due to death threats

- Gwen Pearson: I also received threatening mail messages: "The Bible tells us how to deal with nonbelievers: 'Bring those who would not have me to reign over them, and slay them before me.' May Christians have the strength to slaughter you and end your pitiful, blasphemous life!"

- Professor beaten; attackers cite KU creationism class

University of Kansas religious studies professor Paul Mirecki said that the two men who beat him made references to the class that was to be offered for the first time this spring.

Originally called “Special Topics in Religion: Intelligent Design, Creationism and other Religious Mythologies,” the course was canceled last week at Mirecki’s request.

Antonio disse...

O pseudo-anónimo deve ter percebido que a conversa de treta, à pregador evangélico não funciona noutros sitios e veio aqui esconder-se. tsc... tsc... Isso é o género de tática fascista de quem só sabe negar o obvio, e espera converter as alminhas por mera insistência. Ainda por cima já toda a gente sabe quem ele é...

Eu concordo com a questão da ofensa directa não ser produtiva, mas, por outro lado, não sei qual a moral de um estado laico sustentar uma igreja, seja ela qual for. Depois temos aqui outra questão. Se a estrutura da igreja é demasiado pesada para a função a que se destina, dêem lugar ao downsizing. Se uma empresa despede trabalhadores por falta de mercado para geral receitas, porque é que a igreja quer ser diferente? Tenham lá paciência, mas, também a mim me apetecia chamar uns nomes às pessoas certas.

Anónimo disse...

Muitos pensam erradamente que o criacionismo se baseia apenas em dogmatismo telológico e literalismo hermenêutico. No entanto, nada poderia estar mais longe da verdade. O criacionismo baseia-se nas observações científicas. Estas, longe de o desmentirem, apontam claramente no sentido da sua veracidade, não só teológica como científica. É claro que isso obriga a repensar as relações entre a ciência e a religião.

Mas não é nada estranho nem novo ter que repensar ideias e modelos. Isso é o mais comum na história das ideias. Em apoio do que acaba de dizer-se podem mobilizar-se as descobertas mais recentes em torno do DNA.

Quando o projecto de sequenciação do genoma humano teve o seu início, estimava-se que os cientistas descobrissem cerca de 100,000 genes. No entanto, para surpresa dos cientistas, foram encontrados cerca de 25000 genes, apesar de o corpo humano ter a capacidade de produzir várias vezes mais proteínas.

Isso significa que vários genes são policistrónicos, tendo a capacidade de produzir mais do que uma proteína. Este facto revela que a eficiência do genoma enquanto sistema de armazenamento de informação é maior do que inicialmente se pensava. O espaço necessário para conter a informação necessária para codificar diferentes proteínas é, dessa forma, substancialmente reduzido.

Ora, esta complexidade e eficácia não é propriamente o que razoavelmente se possa esperar de processos aleatórios. Nunca se viu processos aleatórios a criarem informação, sistemas de armazenamento e processamento de informação, sistemas operativos extremamente complexos, funcionais e eficientes etc. Isso só é conseguido através da inteligência, sendo certo que nem toda a inteligência humana junta consegue produzir algo remotamente tão complexo como o DNA.

O projecto ENCODE apenas tem demonstrado a funcionalidade do DNA. O suposto “junk-DNA” não passava, afinal, de uma teoria “junk” dos evolucionistas. Diferentemente, os criacionistas há muito que alertavam para o facto de que, de acordo com o seu modelo, o DNA deveria ser todo ele funcional. Exactamente o que o ENCODE veio demonstrar.


Como se pode observar, ser criacionista não implica negar a evidência científica. Pelo contrário, ser evolucionista e naturalista é que requer ignorar a complexidade do DNA como sistema extremamente complexo, funcional e eficaz de armazenamento de informação. Mas de onde veio essa informação? Também aqui a observação mostra-nos que a informação pressupõe sempre a existência de um código, e um código pressupõe sempre uma convenção de símbolos, e uma convenção de símbolos pressupõe sempre inteligência. Logo, não há informação sem inteligência.

O que se diz sobre o DNA vale, em última análise, para todo o Universo. Isto, na medida em que as recentes descobertas científicas corroboram a ideia criacionista de que todo o Universo é, em si mesmo, um sistema irredutivelmente complexo, em que todas as partes estão intimamente integradas e relacionadas umas com as outras, sendo que a vida está tão dependente da carga dos electrões ou da massa dos protões, como da quantidade de radiação cósmica presente numa determinada zona do espaço, da rotação das galáxias, da interacção gravitacional entre a Terra e a Lua, da existência de água em estado líquido, da distância entre a Terra e o Sol, etc. Mesmo os não criacionistas falam agora do fine-tuning do Universo para a vida. Haverá ideia mais em conformidade com o criacionismo?

Anónimo disse...

A Palmira disse:

"Vamos lá a ver, as pessoas acreditam nas coisas mais sortidas porque acreditam igualmente que se baseiam em factos verdadeiros, seja que o Elvis está vivo, que há extraterrestres entretidos a raptar humanos para os mais diversos fins, que o Xenu está confinado por um campo de forças num planeta qualquer, etc.."

Daqui apenas se conclui que a Palmira se dedica à pirotecnia argumentativa.

Anónimo disse...

È verdade. Realmente a Palmira é um caso interessante. Ela devia perguntar ao Carl Sagan porque é que criou o projecto SETI de procura por inteligência extraterreste. Além disso, devia perguntar ao Fancis Crick porque é que ele acreditava que a vida tinha sido trazida para a Terra por extraterrestres,

Realmente, os evolucionistas não ficam nada mal na fotografia com os extraterrestres.

Esta Palmira é um "must"

Anónimo disse...

O Anónimo queria certamente dizer Francis Crick. Mas deu para perceber a sua ideia.

Carlos Fragal

Anónimo disse...

Realmente, os evolucionistas andam atrás de vida inteligente no Universo, mas não conseguem ver sinais de inteligência no DNA.
É muito estranho.

Será porque o DNA não é suficientemente complexo para
os padrões evolucionistas?

João Cunha

Anónimo disse...

Esta conversa já vai muito longa e repetitiva. Parece os "Concertos de Brandeburgo", mas obviamente sem a grandeza envolvente que lhe conferiu Bach. E até aceito que os meus "compassos" sejam dos menos atraentes e menos úteis. Mas pensemos um pouco nisto, por exemplo:
"Originally called “Special Topics in Religion: Intelligent Design, Creationism and other Religious Mythologies,” the course was canceled last week at Mirecki’s request." Quandos se fala de "Criacionismo", apetece-me perguntar o mesmo que quando respondo à velha questão da legitimidade de se usar a expressão "literatura açoriana". Eu pergunto ao interlocutor o que ele entende por literatura açoriana, e, se me parecer razoável o conceito, direi que sim; no entanto, se for algo que ultrapasse a literatura portuguesa em geral, como se de um corpoo estranho se tratasse, direi que não.
Ora com o Criacionismo acontece o mesmo. Se este quiser significar a interpretação literal dos seis dias, ou a idade da Terra de seis mil anos, é óbvio que só não me rirei porque a ignorância nunca me deu vontade de rir.
Quanto à questão de a Igreja Católica ser ou não ser a que Cristo fundou, direi o seguimte. Se eu, como homem religioso, não estivesse convencido de que a Igreja Católica é a herdeira directa de Cristo, passaria à que eu julgasse que o é. O que Lutero fez, segundo a sua maneira de ver, não foi mais do que devolver a Igreja à pureza original cristã. Há quem pense que ele teve razão, outros acrescentaram ainda a sua visão pessoal, mas ninguém de boa mente professa qualquer credo sem estar convencido de que esse é o melhor caminho para chegar a Deus. Negar isto é negar a prória razão humana. Que é falível em tudo, mas a única ferramenta que possuímos para não sermos tolos ou irracionais.

Joana disse...

Até faz dó ver a forma como este anónimo deturpa, aldraba e manipula o conhecimento científico. Tudo pontuado com palavrões científicos que a criatura não faz ideia o que seja. Vê-se mesmo que é de Direito, bolas!

Mas de biologia percebe niente. nicles, zero! Não diga mais disparates! Não há a mínima dúvida sobre a evolução, o junk DNA era simplesmente DNA não codificante que não se sabia a função - os cientistas, contrariamente aos fanáticos não têm problemas em dizerem que não sabem, mas em vez de encolher os ombros e dizer que é Deus procuram, respostas.

Não sei se me contenho a ver disparates como estes. Saberá a ignorante criatura o que é mRNA policistrónico: 3000-8 000 nts e típicos em Procariotas, o que é transcrição, o que é uma sequência com a potencialidade de formar estruturas "stem-loop" encontrada em regiões intergénicas de operões policistrónicos implicando uma expressão diferencial dos genes pertencentes ao operão, sei lá há tanta coisa que as nojardas que a criatura atira que mostram que não percebe raspas de biologia que faz aflição como uma coisa destas se atreva a falar em evolução!

Joana disse...

Não há raspas de ciência no criacionismo: o criacionismo é simplesmente anti-ciência obscurantista e burra!!!

O meu sangue ferve a ver os disparates inauditos que esta coisa escreve e a prosápia arrogante e autista com que diz inanidades como:
"O criacionismo baseia-se nas observações científicas. Estas, longe de o desmentirem, apontam claramente no sentido da sua veracidade, não só teológica como científica."

Presunção e água benta andam sempre acompanhadas pelos vistos. Enfie nessa cabeça dura que não está a escrever para os ignorantes da sua igreja! Os disparates que escreve só irritam quem tiver as mínimas luzes de ciência, mesmo que fundidas. Os disparates são tantos que só dão dó! Como é possível que um docente de uma Universidade pública escreva semelhantes barabaridades! Como é possível que np século XXI alguém acredite nestas patetadas?

Anónimo disse...

Podemos não ser todos crentes, mas parece-me que todos somos ateus.
Os crentes são ateus para todas as religiões que não a sua.
Actualmente, no planeta, a diversidade de crenças é tal que se fosse impresso um catálogo a descrevê-las, não se pareceria com um tijolo mas sim com um pilar! E, por incrível que pareça, qualquer crente só não estaria de acordo com um ateu num único item desse catálogo.
Se aqui chegasse um extraterrestre e quisesse escolher uma religião iria ver-se aflito e, provavelmente, o argumento que mais iria ouvir seria: a minha religião é melhor que as outras porque os meus pais e avós assim me ensinaram.

guida martins

Anónimo disse...

A inteligência demonstra-se quando alguém consegue perceber o funcionamento de algo e o torna simples para os outros o perceberem. Por uma questão de poupança de energia, quando alguém cria algo procura que ela seja o mais simples possível. Por isso é que eu acho, ao contrário de outros, que a complexidade do universo é a prova da inexistência de um criador inteligente como causa da sua origem.

O criador optar pela complexidade para demonstrar a sua superioridade ou para nos conceder o livre arbítrio de podermos optar é um acto de maldade e a maldade é uma adjectivação restrita ao ser humano, talvez porque adquirimos o potencial de nos analisarmos e valorizarmos, a nós e aos outros. As formigas que corroem a estabilidade de um edifício ou o caruncho que destrói a resistência de um pilar de madeira, fazem a vidinha deles, não são mauzinhos.

A complexidade é que prova que Isto foi conseguido por tentativas e erros corrigidos, por opções de percurso erradas e passos atrás para seguir em frente, sempre na procura de atingir os objectivos. A opção em múltiplas situações de acaso, numa perspectiva de selecção, pode, naturalmente, ser causa de aumento de complexidade dos sistemas.

Na realidade não estamos em presença nem do acaso puro e simples, nem de "do caos passarmos para a perfeição absoluta". A transição da desordem para a organização é feita por percursos e patamares e muitos sistemas complexos de organização tendem a especializar-se cada vez mais tornando-se cada vez mais complexos pela sua interacção com os outros. A organização social tem muitos exemplos disto e do contrário, ou seja, da organização obter o caos e a sociedade não é mais do que uma manifestação da vida. Tal como, a sociedade tem exemplos de, do quase nada formar fenómenos de grande complexidade.

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Na minha modesta opinião, criacionistas e outros religiosos têm tanta coerência como honestidade. Os criacionistas defendem que isto foi criado assim e ponto final. Quais cá evoluções quais carapuças. O criador criou isto tal e qual, deixa-nos andar por aqui aos estalos e aos beijinhos durante x tempo, depois, ou acaba com a brincadeira se saciado, ou põe cá outros para se entreter o tempo que lhe apetecer.

Os criacionistas, assumidamente ignorantes, porque não querem saber nada do pouco que já temos certezas, têm todos os problemas seguintes para sustentar a sua tese, mas eles borrifam-se para isso e por isso a ciência é o diabo deles.

Os religiosos até podem aceitar a ciência naquilo que tiram partido, mas quando algo na ciência não lhes convém, arreda que vai doido, os cientistas são uma cambada de ateus.

Alguém dizer que a complexidade deste fenómeno que não conseguimos explicar hoje, é uma prova da existência de deus, parece-me uma palermice como milhentas que para aí há. É a mesma coisa que um medieval juntar não sei quantas orações mais uns pózinhos de algo e 3/4 de corno de veado por ignorância do funcionamento do sistema imunológico e do modo de funcionamento do agente da doença.

Além disso é necessário adicionar muita estupidez para alguém vir utilizar conceitos como genoma, DNA ou quântica num discurso contra a ciência e a favor de uma qualquer religião.

Não posso deixar de comentar outro aspecto que me parece pura fraude intelectual. Quando ignoramos algo e queremos passar a conhecê-lo, temos que pôr o maior número de premissas que, por experimentação, contra argumentação ou qualquer outra estratégia, vamos eliminando até conseguirmos uma descrição desse algo que seja irrefutável.

Utilizarmos as premissas que vão sendo eliminadas para denegrir a teoria que as chegou a considerar é um acto de terrorismo de quem não tem nada para dizer. E nós vamos aprendendo como é que se pode combater o terrorismo.

Artur Figueiredo

JSA disse...

Caro Artur, não posso concordar mais com o sentido deste último comentário: os criacionistas, se coerentes, não deveriam usar a ciência para tentar encontrar justificações para as suas crenças. Basta-lhes repetirem ad nauseum os mesmos chavões. Faz-me lembrar uma discussão numa aula de filosofia que eu tive no 10º ano. Eu defendi-a o ponto de vista do "Mito", um colega o dos "Pré-Socráticos". Não importava o que ele dissesse, eu tinha um argumento imbatível: os deuses diziam que era assim e isso bastava. Nem me apercebi, na minha inocência dos 15 anos, que estava a usar as mesmas tácticas criacionistas.

Tudo isto é como uma expressão que li em tempos: Deus é o tapete debaixo do qual se escondem as dúvidas dos criacionistas/religiosos. Se fosse por eles ainda hoje se julgaria que os relâmpagos são atirados por Deus ou por Zeus do alto do Monte Olimpo. Ou que a Terra é plana. Que os africanos são seres inferiores. Que a Terra está no centro do Universo, etc, etc, etc. Lembre-se que em tempos os cristãos (eram quase todos católicos, a bem dizer) acreditavam que apenas existissem 7 planetas. Hoje há para cima de 100 só fora do sistema solar. E ainda mal os começámos a descobrir. Quero ver onde é que a Bíblia previu isto.

Sejamos sinceros. O carácter é visto na forma como enfrentamos a ignorância e os medos. A Religião rejeita a ignorância e perante o medo ataca. A Ciência aceita aquilo em que é ignorante e enfrenta o medo tentando seguir em frente para descobrir respostas.

Unknown disse...

«A Religião rejeita a ignorância e perante o medo ataca.»

jsa

Esta frase é um pouco absurda. Pode-se criticar os criacionistas porque estes fazem má ciência ignorando por completo o método científico. No entanto cai-se no mesmo erro quando se tenta propagar certas ideias generalistas e falsas em relação à religião. Enquanto que os criacionistas usam e abusam da ignorância das pessoas em relação à ciência certas pessoas usam e abusam da ignorância das pessoas em relação à religião. Tal como os criacionistas que criticam a ciência porque não lhes convém certas pessoas ignoram por completo a teologia e o método teológico.

Depois há aquela amálgama irritante entre Biologia Geologia e Física, que eu saiba a evolução é a Evolução das espécies que curiosamente esse erro é cometido pelo Artur e pelo Jónatas.

Basta ver os comentários desta caixa e confirmam o que eu disse, a maior parte da argumentação (não toda) é do tipo anti-religioso onde se tiram ideias feitas e falsas em relação ao fenómeno religioso.

Já agora se realmente o criacionismo é um perigo assim tão grave quantos religiosos políticos ou "cientistas" defendem o criacionismo (não vale a pena manipular as palavras de certos teólogos)?

Notar ainda que senhores como Dawkins ainda pioram as coisas. Ao tentar provar que Deus não existe usando a evolução das espécies ainda piora as coisas. No fundo Dawkins et al tem sido o maior apoiante do criacionismo.

Notar ainda que a teoria da evolução pode ser adaptada a um sem número de coisas. No entanto é bastante polémica por vezes a definição da adaptação. Criticar a aplicação da teoria da evolução na sociologia ou psicologia é diferente de criticar a evolução das Espécies.

A ARTE DE INSISTIR

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