terça-feira, 20 de setembro de 2011

JOÃO JARDIM: PIOR A EMENDA DO QUE O SONETO


Ainda o inefável João Jardim. Transcrevo do "Público on line" a sua auto-emenda:

"Negando o que todos ouviram e viram declarar em comícios, Jardim diz agora que “tem sido atribuída ao Governo regional da Madeira uma intenção dolosa de 'ocultar' dados que seriam devidos a Entidades da República Portuguesa”. “Para tal, manipula-se qualquer eventual frase ou 'lapsus linguae', normal na torrente discursiva e emocional de um comício, só por se ter chamado à atenção que, se por coincidência os acertos então em curso estivessem prontos para comunicação à República, poderiam implicar mais cortes de verbas por parte do Governo socialista”.

Foi pior a emenda do que o soneto. De facto, João Jardim não tem emenda. Agora invoca em sua defesa um " "lapsus linguae" normal na torrente discursivo e emocional de um comício" como se ele não fosse um dos políticos mais experientes que temos. Não foi, infelizmente, um lapso momentâneo. Ele quis dizer aquilo que disse para o publico eleitoral. Todo ele é um lapso permanente. Lapso e relapso.

E razão tem, neste ponto, o líder do PS. O PPD tem em mãos um problema político para resolver: Ou faz com que João Jardim perca as próximas eleições na Madeira ou fica com muito pouca credibilidade ou mesmo nenhuma para falar de exigência e rigor nas contas públicas. Assobiar para o lado, como se o PPD não tivesse nada a ver com as extravagâncias e os delírios do Governo Regional apoiado por si ao longo de muitos anos, é o pior que pode fazer.

9 comentários:

Rui Bapttista disse...

Em casos destes, aplica-se o dito "pior a emenda do que o soneto". Ou na expressão da "rapaziada": Pior a amêndoa do que o cimento...

Carlos Medina Ribeiro disse...

Acerca dos outros que sabiam:

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O último a saber

Por Manuel António Pina (JN)

O "desvio colossal" das contas da Madeira escondido pelo PSD regional estava, pelos vistos, no segredo dos deuses. No caso, da santíssima trindade Jardim-Cavaco-PGR. O marido, que é como quem diz o pagante contribuinte, foi, como sempre é, o último a saber.

Segundo confirmaram ao "Público" deputados madeirenses, Cavaco "inteirou-se da situação financeira da região durante as audiências concedidas aos partidos no final de Julho, antes de marcar a data das eleições regionais" e, além dele, a situação "era também do conhecimento dos representantes do Ministério Público junto da secção regional do Tribunal de Contas da Madeira".

E ambos, presidente e MP se calaram, enquanto o Governo fazia cortes cegos em salários, pensões e prestações sociais, na Educação e na Saúde por conta do défice e em obediência aos "mercados" e a Frau Merkel, sua profetisa. Isto apesar de a situação configurar eventualmente um crime (por isso a PGR, subitamente desperta, a estará a "analisar") e ser, nos termos da lei, de denúncia obrigatória.

A expectativa, agora, é apenas ver que prodígios de imaginação jurídico-financeira mobilizará o Governo para justificar que o "buraco laranja" de Jardim ("referência incontornável" para Cavaco; exemplo de "um bom governo PSD" para Manuela Ferreira Leite; "exemplo supremo na vida democrática" para Jaime Gama; "economicamente sério" para Almeida Santos) seja cobrado aos do costume.

Anónimo disse...

Ninguém detém o trampolineiro que cada vez que abre a boca verborreia pior que a vez anterior.
Este político é o exemplo perfeito e acabado do que um político não deve ser. Parece impossível como outros organismos do Estado ficam imóveis e subservientes perante um político destes...

Anónimo disse...

"Este político é o exemplo perfeito e acabado do que um político não deve ser." O não não estará a mais? O certo é que ele conserva o poder desde há décadas com grande apoio do eleitorado. Político bom é o que perde o poder rapidamente (ou nem o chega a conquistar, logo não existe) ou o que sabe manter-se? Políticos maus têm sido os que se lhe opõem. Eu estou entre os que se opõem e tenho de confessar o meu fracasso perante a realidade. Contra factos... só argumenta quem não tem espírito científico e prefere pregar moral aos factos.

joão boaventura disse...

A absolvição do Alberto João Jardim já tem doutrina jurídica preparada aqui:

"Juíza considera tribunal comum incompetente para apreciar acção do BPN contra Oliveira e Costa, Dias Loureiro e outros ex-responsáveis do grupo BPN".

Estamos na Idade Média do séc. XXI

Emanuel Mendonça disse...

Que ninguém tenha ilusões. AJJ nunca será castigado porque isso implicaria castigar todos aqueles, e não são poucos, que neste país tâm usado e abusado dos dinheiros públicos para fazer o que bem lhes apetece.

Continua-se a criticar os madeirenses por elegerem sucessivamente AJJ. Então Sócrates também não foi reeleito? E Fátima Felgueiras? E, no seu tempo, Avelino Ferreira Torres? Valentim Loureiro? E muitos outros habilidosos que por aí andam.

O problema do povo é não ter uma instrução (não confundir com educação) a sério. E não a têm porque os nossos habilidosos políticos também não a querem. Assim, é mais fácil de "conquistar" (o povo, claro). É quase a receita de Salazar. Temos, e ainda bem, liberdade de expressão, mas parece que ainda não temos liberdade de instrução.

António Pedro Pereira disse...

Ao 2.º Anónimo:
O seu comentário suscitou-me a seguinte análise metafórica:
Quando um bando tem um chefe pouco recomendável mas muito astuto e eficaz, certamente que os restantes membros muito beneficiam disso. Retiram grandes proveitos da acção pouco ortodoxa e dos esbulhos conseguidos sempre com êxito, a polícia, receosa, faz ouvidos de mercador às denúncias das vítimas, os próprios chefes da polícia se mostram indiferentes, senão mesmo cúmplices encapotados, a maioria da sociedade suporta a contra gosto as consequências da acção do grupo, enquanto este prospera e prossegue a sua acção intimidatória e de rapina em benefício dos seus membros.
Mas será que a sociedade em geral retira igualmente algum benefício, tal como os membros do grupo, ou é ela que suporta os custos desta actividade pouco recomendável?
Um chefe de grupo menos eficaz seria mais suportável pela sociedade, mas certamente menos popular no seu seio.
O referido chefe deverá ser apontado como exemplo a seguir ou a rejeitar?
Que valores devem orientar a apreciação: os dos interesses particulares do grupo ou os dos interesses gerais da sociedade?

Anónimo disse...

"Que valores devem orientar a apreciação:" A pergunta não é esta mas sim "que valores orientam a actuação?" Reposta: os dos interesses particulares. Para uma análise tem de se partir desta realidade sob pena de não se compreender nada.
Cumprimenta-o o 2º anónimo.

António Pedro Pereira disse...

Quem parece não ter compreendido nada foi o senhor.
Ou então faz-se desentendido, às vezes convém, pois a realidade por vezes quando é desnudada fere-nos demasiado os olhos, não é?

NO AUGE DA CRISE

Por A. Galopim de Carvalho Julgo ser evidente que Portugal atravessa uma deplorável crise, não do foro económico, financeiro ou social, mas...