terça-feira, 13 de setembro de 2011

AS NOVAS OPORTUNIDADES E A OCDE


Hoje voltou à baila a questão das Novas Oportunidades e voltaram a falar governantes anteriores (não seria melhor haver um período de nojo?). O tema foi propiciado pela notícia de que no Relatório da OCDE "Education at Glance 2011" Portugal aparece, com 96%, em 1.º lugar de entre os países analisados no que respeita à taxa de finalização do secundário (o indicador que faz notícia é o A2). Como se calcula? Divide-se o número de diplomas passados a quem quer que seja do 12º ano pelo número de jovens com 17 anos. Ora acontece que cerca de um terço (34%) são diplomas a pessoas maiores de 25 anos das Novas Oportunidades passados, como se sabe, de qualquer maneira. Poderiam até ser mais e a nossa taxa de sucesso ultrapassar alegremente os 100%. Foi precisamente de 34% o nosso aumento relativamente a 2008, isto é, a taxa de sucesso normal no secundário não teve praticamente nenhuma variação. Isso dever-nos-ia fazer reflectir um pouco. Não há caso de nenhum outro país com 34% de diplomas passados de qualquer maneira a quem quer que seja. E isso dever-nos-ia também fazer reflectir um pouco. O relatório traduz o nome da iniciativa política do governo anterior para "New Opportunities". Mas, de facto, a expressão portuguesa não tem tradução possível, porque lá fora ninguém faz o mesmo.

10 comentários:

Eduardo Freitas disse...

Caro Professor Carlos Fiolhais,

Fraude certificada não estaria mal.

José Mesquita disse...

"...são diplomas a pessoas maiores de 25 anos das Novas Oportunidades passados, como se sabe, de qualquer maneira.". Não são passados de qualquer maneira. Como em todos os sistemas, há aqueles que têm brio profissional e são exigentes consigo próprios e com os outros, e aqueloutros que se estão marimbando para a qualidade do seu trabalho. Mas isto não é novidade. Também há professores assim e assado...
Agora tomar todos pela mesma medida é que não me parece correcto. Afinal, generaliza de forma... pouco científica? Sem cuidar de controlar todas as variáveis. Parte dos adultos dos processos RVC secundário sabem isto. Lhe garanto.
Porque estou dentro do sistema, reconheço que há muita coisa a melhorar. Agora, não se deite o bebé fora com a água do banho.
O mercado de trabalho fará a distinção.
Bem pior é a minha licenciatura, esforçadamente tirada na sua faculdade, ser preterida pelos mestrados de Bolonha. Qual a diferença? Não vejo.

Anónimo disse...

Pois eu estudei numa universidade que construia uma imagem de exigência (que se associa a qualidade) cortando nas notas dos alunos até ao ponto de atribuir negativas a testes com as respostas todas certas (foi o meu caso, que vi a correcção de vários dos meus testes).
Era um brilhante esquema, a forma mais fácil e barata de se ter uma "universidade" a que se reconhecia "qualidade",e ao mesmo tempo muito lucrativo tal era a quantidade de alunos que se atirava para os exames de 2ª época que se pagavam bem.
Já foi há quase 20 anos. Esta estatística das novas oportunidades é um esquema do mesmo género. Continuamos na mesma, a atalhar caminho pela mediocridade e a enterrarmo-nos cada vez mais.

Anónimo disse...

Também haveria interesse em saber a qualidade das qualificações dos docentes que leccionam e gerem os cursos de formação profissional integrados no sistema educativo. Muitos nem dominam o básico da formação profissional.

tempus fugit à pressa disse...

olhe que não olhe que não

lá fora (ou seja algures no mundo) há muito disso
e até pior...doutoramentos express à universidade de évora ou das beiras interiores

como é que se chamava aquele gaijo que fez um plágio?

mas foi só um ? cadê os outros

Anónimo disse...

"dever-nos-ia fazer refletir" ou "deveria fazer-nos refletir", eis a questão...

joão viegas

Guilherme de Almeida disse...

Bom este "elogio da OCDE", certamente não devidamente informada, realçando o elevado crescimento do número de "habilitados" com o Ensino Secundário, é muito preocupante.

Na verdade, para citar umm exemplo certeiro, seria como se, perante o mercado inundado de vinho a martelo, fôssemos elogiados pela elevada produção vinícola nacional.

Vi de perto alguns desses casos, de candidatos que me mostraram o que teriam de fazer para obter o 9.º ano e ... fiquei abismado. Era uma verdadeira desconsideração perante aqueles que, esforçadamente (e maiores de idade também) queimaram as pestanas a fazer, uma a uma, todas as disciplinas do antigo 5.º ano (e depois denominado 9.º) para obterem um diploma que, esse sim era genuíno.

GA

joão boaventura disse...

Toda esta história passada na “Europa Medieval do Séc. XXI”, está bem retratada num documento elaborado pelo Dipartameno di Acienze dell’Educazione e del Processi e Formativi, da Università degli Studi di Firenze, denominado “Enabling yhe low skilled to take onde step up”, composto de “Final Report Case Study Reports”.

A denominação de “Europa Medieval do Séc. XXI”, resulta do facto de o documento em causa testemunhar que afinal os sistemas educativos europeus claudicaram nas suas funções, de tal forma, que se viram na contingência de remediar o descontrole dos programas e das reformas escolares, da pior forma possível; exactamente como a crise económica europeia que resultou também do descontrole financeiro dos Bancos.

As medidas assumidas pelo documento em causa, exactamente como as medidas da Troika, assemelham-se à homeopatia hipocrática: a cura alcança-se injectando o próprio mal. Assim os recursos erráticos “Report Case Study Reports”, assim a injecção financeira FMI+BCE+EFFE.

Desta forma, o retrato da “Europa Medieval do Séc. XXI” fica perfeito porque o mundo é mimético.

O Case Study Report “3.3 Portugal, Centre for New Opportunities”, foi elaborado pelo “German Institute for Adult Education Leibniz Centre for Lifelong Learning, com base na literatura e dados fornecidos pelo governo português.

O documento abrange 14 países europeus, incluindo Portugal.

José Costa disse...

Onde está o resultado da avaliação externa que, segundo o CEPCEP, deveria estar pronto em 2011?

http://www.ucp.pt/site/custom/template/ucptplminisite.asp?SSPAGEID=2191&lang=1&artigoID=6557

joão boaventura disse...

No meu comentário de 15 de Setembro de 2011 15:40

Porque muitas letras desapareceram do teclado, e a minha memória de localização das mesmas falhou, como aconteceu no primeiro parágrafo:

"Toda esta história passada na “Europa Medieval do Séc. XXI”, está bem retratada num documento elaborado pelo Dipartameno di Acienze dell’Educazione e del Processi e Formativi, da Università degli Studi di Firenze, denominado “Enabling yhe low skilled to take onde step up”, composto de “Final Report Case Study Reports”.

O que me obriga a corrigi-lo:

"Toda esta história passada na “Europa Medieval do Séc. XXI”, está bem retratada num documento elaborado pelo Dipartamento di Scienze dell’Educazione e del Processi e Formativi, da Università degli Studi di Firenze, denominado “Enabling the low skilled to take onde step up”, composto de “Final Report Case Study Reports”.

Face ao exposto verifiquei que o link da última linha “Portugal” não abriu. Desconheço as causas porque a técnica de lançamento estava correcta, pelo que vou propor três entradas, na esperança de que alguma delas não falhe: aqui, aqui, e aqui.

Aproveito ainda a oportunidade para esclarecer que as páginas sobre o “Case Study Report “3.3 Portugal, Centre for New Opportunities”, ocupa as páginas 148 a 159.

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