segunda-feira, 12 de setembro de 2011

BOMBA


Continuamos a destacar as crónicas do médico José Luís Pio de Abreu, no "Destak":

Há um mês, a 6 de Agosto de 2011, 66 anos exactos após a bom-ba atómica em Hiroshima, deu-se outra explosão histórica: a agência Standard & Poor’s diminuiu pela primeira vez a classificação da dívida norte-americana do topo para AA+.

Apesar de todo o barulho, financeiramente isto pouco significa. Ninguém duvida que o Estado americano vai honrar os seus compromissos e a dívida soberana norte-americana continua a ser das mais sólidas do mundo. Além disso o corte no rating não surpreende. O estranho não é os EUA, com uma dívida acima de 90% do PIB, perderem a classificação máxima, mas que a tenham mantido há 66 anos quando a dívida _era mais de 100%.

Como compreender a diferença? A justificação da S&P explica o paradoxo: «Os riscos políticos tiveram um peso mais importante que o lado orçamental da equação» (Market News International, 6/Ago). De facto o pior problema não é a dívida, mas o diálogo de surdos no Congresso, que está a anos-luz da unidade nacional que e vivia em 1945.

Isto mostra como, em grande medida, a crise da dívida soberana tem uma origem política. Tal é ainda mais visível na Europa, onde a questão que está por detrás de todas as discussões orçamentais é a solidariedade comunitária. Solidariedade dos países sólidos em ajudar os mais fracos. Mas também solidariedade dos gastadores, evitando os deslizes que põem em xeque a solidez europeia.

O Ocidente vive uma crise financeira séria, mas a verdadeira questão é política. Em ambos os casos é preciso colocar o projecto comum acima das desconfianças que ameaçam tudo.

José Luís Pio de Abreu

"O PODER DA LITERATURA". UMA HISTÓRIA, UM LIVRO

Talvez haja quem se recorde de, nos anos oitenta do passado século, certa professora, chamada Maria do Carmo Vieira, e os seus alunos do 11....