terça-feira, 23 de agosto de 2011

NOVO LIVRO: DARWIN AOS TIROS E OUTRAS HISTÓRIAS DE CIÊNCIA


"DARWIN AOS TIROS E OUTRAS HISTÓRIAS DE CIÊNCIA" é o título do novo livro da autoria de dois (também) autores deste blogue, Carlos Fiolhais e David Marçal, que será publicado no Outono pela Gradiva. Como se dá conta nas primeiras páginas:

"Este livro conta histórias, mais ou menos divertidas (quando não são divertidas, serão pelo menos curiosas) da ciência, cujos temas foram extraídos tanto da longa história da ciência como da actualidade científica. Foram precisos dois autores, porque a ciência hoje, mais do que ontem, é especializada."

São histórias de matemática, astronomia, física e ciências da Terra, medicina, química, biologia e pseudociência. Aqui fica uma delas, a que dá o título ao livro.

DARWIN AOS TIROS E OSSOS NA CAIXA DO CORREIO

O inglês Charles Darwin (1809 - 1882) foi uma criança apaixonada pelo mundo natural. Adorava coleccionar espécimes e passear pelo campo e esse gosto foi cultivado nas duas Universidade onde estudou (Edimburgo e Cambridge), na companhia de professores cuja influência foi determinante no seu pensamento futuro, como Robert Grant (1793 - 1874) e John Henslow (1796 - 1861). Fruto das suas frequentes saídas de campo fez a sua primeira descoberta científica com apenas 18 anos: descobriu que os ovos de flustra (um invertebrado que forma uma espécie de tapete marinho) não eram ovos de flustra, mas sim larvas de flustra (porque nadavam e os ovos não nadam).

Durante os cinco anos em que viajou à volta do mundo a bordo do HMS Beagle o seu entusiasmo pela história natural fê-lo acumular diversas colecções que expedia regularmente para Inglaterra, para não afundar o Beagle com tanto lastro. Se o leitor se aborrece com publicidade na caixa do correio, já imaginou tentar encontrar a sua correspondência importante, notificações das finanças e contas da luz, no meio de aves, organismos marinhos, insectos, plantas, fósseis e até rochas? Foi o que aconteceu a John Henslow, professor e amigo de Darwin.

Mas o estilo naturalista de Darwin não seria provavelmente aprovado pelos padrões de muitos amantes da natureza actuais. Darwin era um entusiasta da caça e um excelente atirador, o que dava muito jeito porque os tripulantes do Beagle tinham que comer e não seria possível trazer de Inglaterra latas de feijoada de seitan suficientes para alimentar 74 homens durante toda a viagem. E não imaginemos Darwin a suspender redes em canas de bambu na vertical para as aves caírem suavemente, e a libertá-las posteriormente com uma anilha identificadora na patinha e uma lágrima emocionada. Mais realista será a visão de Darwin aos tiros na esperança de atingir uma espécie desconhecida. Tivesse Darwin uma metralhadora e talvez o seu contributo para o entendimento do mundo natural fosse ainda maior!

Um dos episódios mais ilustrativos desta dimensão cinegética e gastronómica dos seu trabalho de investigação passou-se no Sul da actual Argentina. A tripulação tinha caçado uma ave para cozinhar e só depois de estar no prato e parcialmente comida é que Darwin se apercebeu de que se tratava de uma espécie desconhecida, uma ema mais pequena do que a que se encontrava nas regiões mais a Norte, e que queria preservar para a sua colecção. Os pedaços retirados do prato (não se sabe se passaram pelo interior da boca de algum dos comensais) foram poupados e, claro, enviados para a caixa de correio de Henslow!

4 comentários:

Alexandra Nobre disse...

Caros autores, fico curiosíssima à espera do "DARWIN AOS TIROS E OUTRAS HISTÓRIAS DE CIÊNCIA". Expectante mesmo! Não tão sôfrega que a ansiedade me faça desejar o fim do Verão para que o Outono galope em nossa direcção (ou nós na sua), mas mesmo assim, com alguns "fernicoques" para dar largas a esta minha faceta de bisbilhoteira da Ciência. É que tenho cá para mim que grande parte das vezes, esses nomes se associam a grandes feitos, porque, paradoxalmente, grandes imponderáveis pesaram nas vidas desses grandes homens e mulheres (que também as há), enquanto, precisamente, homens e mulheres. Seres mortais. Não entidades divinas à laia de "Deus no Céu e Senhor de Bata Branca" no Paraíso dos Iluminados entre tubos de ensaio enigmáticos e fórmulas enigmatistas. Fleming é um caso paradigmático e apaixonante. Darwin é outro.

Felicidades.
Alexandra Nobre (bióloga)

Mónica disse...

na minha opinião a imagem da metralhadora é um bocado infeliz :P

Mónica disse...

feijoada de seitan não compreendo.. comia-se seitan na inglaterra à epoca de darwin?

ALLmirante disse...

Com a disseminação das informações o turista do Beagle finalmente póde ser apreciado como tal.

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