sábado, 6 de agosto de 2011

LIVROS PARA A PRAIA


Minha crónica que saiu ontem no jornal "Público":

Para a praia só não recomendo livros de capa dura porque são fisicamente mais pesados. Não tenho nenhum pejo em recomendar livros duros porque não penso que os raios solares amoleçam a cabeça a ponto de o cérebro se tornar impermeável a obras mais densas. Falo por mim, que gosto de aproveitar os dias longos das férias para mergulhar, perto da praia, em livros convidativos em que não tive tempo de entrar antes. E gosto de ficar dentro deles, retemporando-me para o novo ano laboral. Nas férias há mais tempo para pensar... Eis, dos últimos livros chegados às livrarias, aqueles que vou levar para as férias (dos livros mais recentes, leio mais ensaio que ficção). A ordem é a alfabética do autor:

- John Banville, Os Infinitos, Asa. Do grande escritor irlandês autor de O Mar (Booker Prize de 2005), uma história de um velho matemático que, cansado de estudar o infinito, se vê confrontado com a sua própria finitude temporal. Os deuses gregos espreitam-no...

- Roger-Pol Droit, Voltar a Ler os Clássicos, Temas e Debates e Círculo de Leitores. Um filósofo francês contemporâneo, professor no Instituto de Estudos Políticos de Paris, revisita as grandes ideias dos clássicos que hoje permanecem actuais. O que podemos lucrar nas nossas vidas conhecendo as vidas e os pensamentos de Sócrates, de Epicuro e de Séneca?

- James Gleick, Isaac Newton, Casa das Letras. Newton disse que se conseguiu ver mais longe foi porque estava aos ombros de gigantes. Mas ele próprio era um gigante e acima dele só outro gigante, Einstein, conseguiu subir. Para saber por que razão Newton é considerado um dos maiores génios de todos os tempos recomendo esta biografia, ganhadora de um Prémio Pulitzer, da autoria do jornalista norte-americano que já nos tinha dado na Gradiva Caos e Feynman, A Natureza do Génio.

- Barry Hatton, Os Portugueses, Clube do Autor. Com o subtítulo “A história moderma de Portugal. O verdadeiro retrato de um povo único, fascinante e contraditório”, o correspondente entre nós da United Press International e da Associated Press diz como nós somos. Como somos? “Os portugueses lembram aquelas velhas oliveiras por que passamos no país – vergadas por forças maiores, marcadas e sofredoras, mas sobrevivendo robustamente e com uma invulgar beleza”.

- Michio Kaku, A Física do Futuro, Bizâncio. De um físico norte-americano de origem japonesa, autor na mesma editora de A Física do Impossível e Visões, chega-nos um outro livro de futurologia bem alicerçada na ciência mais recente. O subtítulo esclarece: Como a ciência moldará o mundo nos próximos cem anos. Muitas dúvidas, mas uma certeza: Se a ciência tem moldado o mundo, vai moldá-lo ainda mais.

- Alberto Manguel, A Cidade das Palavras, Gradiva. Manguel é um grande bibliófilo nascido na Argentina que, na sua nota biográfica, nos conta que leu livros em voz alta ao cego Jorge Luís Borges. Neste livro, relata-nos como os livros que leu em toda a sua vida, em voz alta ou baixa, o ajudam e nos ajudam a entender a nossa sociedade, marcada hoje por violência inusitada como como a que ocorreu na Noruega.

- Maria Filomena Mónica, A Morte, Fundação Francisco Manuel dos Santos. Já alguém disse que a vida é uma doença crónica, com um desenlace invariavelmente fatal. A conhecida socióloga discorre, neste breve ensaio da recente Fundação, sobre esse desenlace.

- Rebecca Skloot, A Vida Imortal de Henrietta Lacks, Casa das Letras. Distinguido como o melhor livro de ciência nos Estados Unidos no ano transacto, uma jornalista de ciência conta-nos a espantosa história de uma descendente de escravos, vítima de um fulminante cancro do colo do útero em 1950, que, sem querer, deixou à ciência células que continuam hoje vivas e a multiplicar-se, salvando muita gente. O triunfo da vida sobre a morte.

Boas leituras e boas férias!

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