quinta-feira, 11 de agosto de 2011

As crianças andam muito desamparadas

Na sequência do texto Tem-se descuidado a educação, extracto da entrevista a Alice Vieira da autoria de João Céu e Silva, publicada no Diário de Notícias de dia 8 do corrente mês (página 28). A escritora retoma uma ideia a que já fizémos referência neste blogue : a necessidade do contacto próximo com outrem significativo durante a infância.


O que é que as crianças procuram nos seus livros?
As mais pequenas, parece-me que procuram aconchego; alguém que está ao pé delas, que lhes fala e elas ouvem uma voz. Quando são pequenas, o mais importante é que nos oiçam; haver alguém que lhes conte uma história de príncipes, princesas, cães, bichos, seja o que for, e lhes dê atenção. Que não fale muito alto e dê paz neste tempo perturbado, porque andam muito desamparadas.

Em que sentido estão desamparadas?
Passam a vida inteira na escola, chegam tardíssimo a casa… Não estou a culpar os pais – é muito complicado sê-lo hoje – por não terem tempo e andarem envolvidos na azáfama do dia-a-dia. É que as crianças não têm um momento de pausa, nem de silêncio à sua volta. A televisão está sempre ligada e do que precisavam era de calma e de pessoas junto delas. O que mais me aflige é as crianças só terem à sua volta máquinas, ecrãs, computadores, telemóveis, em vez de pessoas. Falta-lhes o contacto humano, o que é muito mau.


3 comentários:

Anónimo disse...

Tenho a felicidade de ter uma netinha já com 3 anos. Adora que eu lhe conte histórias!
Ela própria as escolhe: pega nos livros que tem à disposição desde pequenina e ... "a seguir é esta", " a seguir é a outra", ... Senta-se no meu colo e "devora" tudo, atenta aos mínimos pormenores das ilustrações (que tb são muito importantes!)

Jaime A. disse...

"O que mais me aflige é as crianças só terem à sua volta máquinas, ecrãs, computadores, telemóveis, em vez de pessoas. Falta-lhes o contacto humano, o que é muito mau."
Solicitações a mais para tão pouco tempo em casa. Talvez haja também falta de verdadeiro "tempo de lazer" na escola (orientado também para os livros), já que a transformaram em "casa de acolhimento" até os pais terem tempo para irem buscar os filhos.
Estamos a criar uma geração estranha e a hipotecar o verdadeiro saber por escolas atulhadas de computadores.
Esperemos por melhores tempos.

Anónimo disse...

eu sei

NOVA ATLÂNTIDA

 A “Atlantís” disponibilizou o seu número mais recente (em acesso aberto). Convidamos a navegar pelo sumário da revista para aceder à info...