terça-feira, 2 de agosto de 2011

Não (re)inventemos a roda...

Com o nome de “Manuel”, foi publicado este comentário (31 Julho; 16:02) ao meu post, “A minha posição sobre a avaliação docente” (3o/07/2011).

Com a devida vénia, reproduzo-o na íntegra pela interessante ligação que faz entre os problemas que afectam a economia nacional com reflexos no respectivo sistema educativo e vice-versa. Reza o comentário:

“O Dr. Medina Carreira, a propósito do nosso sistema fiscal, costuma dizer: Temos a complexidade dos alemães (que taxa os rendimentos reais), a máquina dos turcos (mais fraca do que a alemã) e a mentalidade dos marroquinos (bom é não pagar). Resultado: 23% da economia é paralela, com uma fuga que cobria o malfadado défice.

Com a avaliação de professores passa-se coisa semelhante, cada cabeça sua sentença, cada um tenta inventar um sistema (o seu é sempre o melhor), esquecendo-se do mais importante: cada escola deve estar preocupada em primeiro lugar com a aprendizagem dos alunos, ela é, de facto, o mais importante, e faz-se com bons professores e dedicados. Quem pode avaliar se um professor é bom e dedicado é a direcção da escola, pelo conhecimento no dia-a-dia e pelos resultados dos alunos obtidos em exames fiáveis, exigentes q. b., generalizados a mais disciplinas e com um peso mais equilibrado na nota final (depois de uma reforma dos programas, da definição de objectivos claros, exequíveis e verificáveis e da produção de manuais escolares não delirantes). Os professores não podem cair de pára-quedas nas escolas, colocados pelo ministério em Lisboa, antes devem ser contratados por estas.


Tudo o resto é fogo-fátuo que apenas serve para consumir energias e recursos desnecessariamente.

Sistemas simples mas mais eficazes do que o nosso (qual é ele agora?) são praticados há muito por outros países, basta importar e adaptar, não é preciso inventar nada.

Nós temos uma propensão mórbida par criar serviços desnecessários, ou que se repetem nas suas funções, depois temos os resultados: um défice público que não conseguimos controlar e uma burocracia que nos asfixia.

Um exemplo, pense na máquina administrativa para gerir uma população de 10,5 milhões: um PR (16 milhões de euros gastos com a Presidência), um P. M. e um governo de cerca de 50 membros (ministros, secretários e sub-secretários de Estado), várias direcções-gerais desdobradas em direcções-regionais, uma AR com 230 deputados, dois governos regionais com mais de uma dezena de membros, duas Assembleias Regionais com cerca de 30 deputados cada (isto para 2 populações de 245 000 hab. cada), 5 CCR, 18 governos civis, 308 câmaras municipais, 4254 freguesias, Exército (com muitos generais e tanques), Força Aérea (com muitos generais e aviões) e Marinha (com muitos almirantes, navios e 2 submarinos), duas forças de segurança GNR e PSP (com os seus conflitos de competências e a duplicação de comandos), e provavelmente algo mais que me escapa.

Não façamos da avaliação de professores a parafernália burocrática que nos tem destruído e nos envenena o dia-a-dia quando precisamos de recorrer à máquina administrativa do Estado. Não inventemos a roda, já o foi há alguns milhares de anos”.

3 comentários:

Anónimo disse...

Vejam um caso de avaliação em Portugal, mais objectivo e obviamente imparcial:

http://www.csm.org.pt/ficheiros/legislacao/regulamento-inspeccoesjudiciais.pdf

Rui Baptista disse...

Prezado anónimo (2 Agosto; 22:47):

Por vossa sugestão, acabo de ler, com declarado proveito, o regulamento sobre a avaliação de desempenho dos juízes.

Pela sua leitura, mesmo que um tanto "à vol d'oiseau", verifica-se o cuidado devidamente tipificado posto nessa avaliação.

Sou da opinião que o sistema de avaliação docente, que não tem agrado a gregos nem a troianos, qualquer que tenham sido (e pior do que isso, venham a ser) os respectivos regulamentos, poderia encontrar sugestões adaptadas à carreira docente.

Cordiais cumprimentos.

Anónimo disse...

Será que não teremos de inventar... uma roda ao nosso jeito?! JCN

AS FÉRIAS ESCOLARES DOS ALUNOS SERÃO PARA... APRENDER IA!

Quando, em Agosto deste ano, o actual Ministério da Educação anunciou que ia avaliar o impacto dos manuais digitais suspendendo, entretanto,...