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Em cada rua, em cada esquina, em cada loja, em cada escola, em cada museu, em cada hotel, colocaram-se um ou vários olhos mecânicos a captar quem passava, o que fazia, se entrava ou se saía, como olhava, como andava…
As estatísticas indicavam que a violência ia diminuindo. As pessoas diziam sentir-se mais seguras. Uma vitória, um modelo a seguir. E, na verdade, seguiu-se esse modelo pelo mundo fora. Até porque compensa em termos económicos: poupa-se na polícia, nos funcionários dos recreios...
Que ingenuidade pensar-se que, desta maneira, a vida em sociedade estaria sob controlo!
Ter-se-á percebido da pior maneira: centenas ou talvez milhares de jovens, por vezes mesmo crianças (manipuladas por adultos e/ou por iniciativa própria), ignoram quem as observa e para quê, e destroem tudo o que podem: carros, lojas, casas… Já morreram pessoas. Um grande motim, escreve-se nos jornais.
Muitos com a cara destapada explicam as suas razões. Desconcertantes todas as que ouvi. Entre as variadíssimas teorizações que os analistas têm avançados, destaco a de um jornalista português: tem-se descuidado a educação, disse ele.
É certo: as crianças e os jovens precisam de ser educados e acompanhados por adultos com capacidade para tal. E isso as máquinas que captam imagens e sons para alguém à distância ver e ouvir a fim de, caso se justifique, punir não são capazes de fazer.
4 comentários:
Lembro-me dum documentário que passou na televisão (há 2 anos no máximo) sobre o ensino secundário na Inglaterra, com imagens do que os meninos e meninas por lá faziam nas aulas. Ainda hoje não consigo encontrar palavras para descrever o que era mostrado... naturalmente que quem anda aos pulos 50 minutos sobre o tampo das secretárias e das cadeiras não está «formatado» para respeitar o que quer que seja, a começar pela propriedade alheia...
JA
Presume-se, nas sociedades atuais, que a escola e a tecnologia chegam para suprir a necessidade de educação e formação de crianças e adolescentes. Os pais, por seu turno, cada vez mais inaptos no seu papel de educador, substituem esse imensa e trabalhosa tarefa com a concessão de mais liberdade e compensação material.
AJ
O documentário a que o nosso leitor JA se refere talvez seja o "Classroom chaos", cujo conteúdo, pela sua importância, o "De Rerum Natura" reproduziu (com acesso a partir daqui: http://dererummundi.blogspot.com/2010/04/classroom-chaos-4-escola.html).
Helena Damião
Mas ter-se-á mesmo descurado a educação? Segundo julgo saber, em Inglaterra também há disciplinas como Formação Cívica e Área de Projecto que pretendem formar antes de mais cidadãos e inculcar-lhes os valores da cidadania, dos direitos humanos, etc.
Se falhou alguma coisa em termos educativos foi o ensino da Matemática, da Física ou da Filosofia. Será que um bom ensino da Matemática, da Física e da Filosofia levaria os jovens a adquirem melhor esse género de valores que as tretas da educação para a cidadania?
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