Londres é (ou era) a cidade mais (vídeo)vigiada do mundo. Primeiro, instalaram-se câmaras de filmar nas zonas mais nobres, quer dizer comerciais e turísticas, depois, quando se percebeu que os (potenciais) prevaricadores se deslocavam, em zonas periféricas num raio cada vez mais alargado.
Em cada rua, em cada esquina, em cada loja, em cada escola, em cada museu, em cada hotel, colocaram-se um ou vários olhos mecânicos a captar quem passava, o que fazia, se entrava ou se saía, como olhava, como andava…
As estatísticas indicavam que a violência ia diminuindo. As pessoas diziam sentir-se mais seguras. Uma vitória, um modelo a seguir. E, na verdade, seguiu-se esse modelo pelo mundo fora. Até porque compensa em termos económicos: poupa-se na polícia, nos funcionários dos recreios...
Que ingenuidade pensar-se que, desta maneira, a vida em sociedade estaria sob controlo!
Ter-se-á percebido da pior maneira: centenas ou talvez milhares de jovens, por vezes mesmo crianças (manipuladas por adultos e/ou por iniciativa própria), ignoram quem as observa e para quê, e destroem tudo o que podem: carros, lojas, casas… Já morreram pessoas. Um grande motim, escreve-se nos jornais.
Muitos com a cara destapada explicam as suas razões. Desconcertantes todas as que ouvi. Entre as variadíssimas teorizações que os analistas têm avançados, destaco a de um jornalista português: tem-se descuidado a educação, disse ele.
É certo: as crianças e os jovens precisam de ser educados e acompanhados por adultos com capacidade para tal. E isso as máquinas que captam imagens e sons para alguém à distância ver e ouvir a fim de, caso se justifique, punir não são capazes de fazer.
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4 comentários:
Lembro-me dum documentário que passou na televisão (há 2 anos no máximo) sobre o ensino secundário na Inglaterra, com imagens do que os meninos e meninas por lá faziam nas aulas. Ainda hoje não consigo encontrar palavras para descrever o que era mostrado... naturalmente que quem anda aos pulos 50 minutos sobre o tampo das secretárias e das cadeiras não está «formatado» para respeitar o que quer que seja, a começar pela propriedade alheia...
JA
Presume-se, nas sociedades atuais, que a escola e a tecnologia chegam para suprir a necessidade de educação e formação de crianças e adolescentes. Os pais, por seu turno, cada vez mais inaptos no seu papel de educador, substituem esse imensa e trabalhosa tarefa com a concessão de mais liberdade e compensação material.
AJ
O documentário a que o nosso leitor JA se refere talvez seja o "Classroom chaos", cujo conteúdo, pela sua importância, o "De Rerum Natura" reproduziu (com acesso a partir daqui: http://dererummundi.blogspot.com/2010/04/classroom-chaos-4-escola.html).
Helena Damião
Mas ter-se-á mesmo descurado a educação? Segundo julgo saber, em Inglaterra também há disciplinas como Formação Cívica e Área de Projecto que pretendem formar antes de mais cidadãos e inculcar-lhes os valores da cidadania, dos direitos humanos, etc.
Se falhou alguma coisa em termos educativos foi o ensino da Matemática, da Física ou da Filosofia. Será que um bom ensino da Matemática, da Física e da Filosofia levaria os jovens a adquirem melhor esse género de valores que as tretas da educação para a cidadania?
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