sábado, 12 de dezembro de 2009

O que se pretende com esta adaptação?

Repare o leitor na imagem ao lado...

Terá imediatamente percebido que se trata da adaptação dum famoso desenho de Leonardo da Vinci...

Acontece que o descobri na capa dum manual escolar de Estudo do Meio para o 2.º ano de escolaridade.

No passado tive oportunidade de constatar que, na generalidade dos livros de Língua Portuguesa para o Ensino Básico, os poucos textos dos nossos escritores clássicos que neles constam são quase todos adaptados. Agora constato que também se adaptam outros legados da civilização aos quais todas as crianças e jovens deveriam ter acesso na escola. Entre esses legados, está um desenho de... Leonardo da Vinci: o Homem Vitruviano.

Não me atrevendo a fazer qualquer comparação estética entre ambos, fico-me pelo que óbvio:

- O Homem Vitruviano dá lugar a uma imagem de "criança";
- O Homem Vitruviano fixa-nos de modo sério, determinado; a "criança" sorri (?)inexpressivamente;
- O Homem Vitruviano representa um problema matemático complexo (formulado pelo arquitecto grego Vitruvius), que aqui desaparece para deixar perceber, um mundo desbotado em fundo;
- O Homem Vitruviano revela a beleza do corpo humano; a "criança" tem cuecas.

O que se pretende com esta adaptação? Sinceramente, não sei, pelo que apenas posso questionar-me:
- Será pôr o aluno no centro? Mas de quê?
- Será interessar o aluno, supondo que lhe agrada mais algo parecido com uma "criança" do que o Homem de da Vinci?
- Será a preocupação de não sobrecarregar o aluno com mensagens que requerem pensamento?

Talvez haja uma resposta razoável que me escapa...

8 comentários:

Jose Antonio Salcedo disse...

Pretende-se talvez colocar o aluno no centro do nível de superficialidade - simbolizado pelo mundo desfocado -, ignorância - simbolizado pela remoção do teorema matermático - e politicamente correcto - simbolozado pelas cuecas -, para o qual o Ministério da Educação tem vindo a conduzir professores e alunos?...

Joca disse...

Não te ocorreu que autor dessa obra fosse simplesmente parvo?

Paisano disse...

Felizmente que a imagem adaptada da imagem renascentista de Leonardo da Vinci já não está sob copyright, ou a distinta claque "eduquesa" teria que dispender uma nota preta!!!

A verdade é que, quando Leonardo da Vinci a adaptou de uma informação muito mais antiga do que ele próprio, também a imagem anterior já não estava sob copyright!!!

Quanto às "cuecas", elas apenas simbolizam o carácter hipócrita da tal classe "eduquesa" que conjuntamente com associações de pais continuam a ter verdadeiros traumas com uma obra sublime da Natureza (outros dirão que é de certos deuses) como é o corpo humano.

Nem quero imaginar os tratos de polé que sofreria uma imagem de uma jovem pré-adoslecente representante do ser humano se fosse escolhida para a imagem em questão em lugar de um efebo!

Manuel de Castro Nunes disse...

Boa Joca. Aplicar a hermenêutica à parvoíce conduzir-nos-á à iluminação.
Destes exercícios sairá a nova escola.

Rui leprechaun disse...

LOL! ESta malta é muito crítica e algo azeda, safa! :)

Francamente, não creio que haja necessidade de explicações muito herméticas ou profundas, quando muito poderíamos ficar pela apreciação estética... dou-lhe um "razoável"!

Parece-me uma capa interessante e adequada à disciplina, tratando-se de um livro do ensino básico. Bem mais importante que estas questões de "lana caprina" é discutir como se pode manter esse sagrado espírito da investigação ou curiosidade infantil, que precisa de liberdade para sobreviver.

Talvez os sábios eruditos que aqui discursam fizessem bem em voltar a ler essas palavras de Einstein, e meditar seriamente no seu significado...

Já agora, um autor pouco citado quando se abordam essas questões da educação é o psicólogo humanista Carl Rodgers, embora tenha dedicado parte da sua obra a este assunto.

"Tornar-se Pessoa" é uma obra belíssima que bem poderia ser leitura aconselhada nas escolas, onde já nem sei de facto se ainda há ou não a disciplina de filosofia ou psicologia...

A questão é saber se podemos permitir que o conhecimento se organize no e pelo indivíduo, em vez de ser organizado para o indivíduo.

Big question indeed, talvez o Ser Humano no centro desse globo seja uma resposta a esta interrogação permanente...

Claro que no e pelo indivíduo is my own answer, right?! :)

Manuel de Castro Nunes disse...

Ah...! Obrigado. Agora já compreendi. Sou um pouco lerdo...

Anónimo disse...

Discordo de todos os comentaristas excepto da Leprechaun. Claramente há aqui uma mensagem profunda sobre higiene pessoal dirigida à criança: todo o rapazinho deve usar cuecas. Para as rapariguinhas é menos óbvia e necessita de uma análise mais aguda.

Manuel de Castro Nunes disse...

Caro Anónimo.

Conceda-nos o beneplácito de conhecer a sua graça. Um sujeito tão oportuno não merece ser anónmo.
Abraço.

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