domingo, 20 de dezembro de 2009

Certamen Horatianum - Maio de 2010

Nos últimos anos, tive a oportunidade de acompanhar os melhores alunos das minhas turmas de Latim a Itália, a competições - aí intitulados de «certamina» - que relembram através de concursos internacionais, simpósios e manifestações culturais e turísticas várias, autores clássicos de inegável pendor na cultura ocidental. Assim, participámos no Certamen Ciceronianum, no Certamen Ovidianum, e no Certamen Horatianum, que se desenrolam na terra natal de cada autor, Arpino, Sulmona e Venosa, respectivamente.

Estas participações foram uma experiência inesquecível a nível pessoal: a verificação das centenas de jovens que, vocacionados para áreas científicas, continuam a estudar com afinco e interesse os autores clássicos, a clarificação de pressupostos educativos que os outros países consolidam nesta área, a par com a surpresa que as várias delegações mostram ao verem-nos chegar –pois Portugal não tem participado nas últimas décadas- fizeram-nos prosseguir. Os alunos viveram com entusiasmo e participaram activamente em todos os momentos destas competições, e fundamentalmente, foram um motivo de maior e melhor estudo das matérias que leccionávamos, ao longo dos últimos anos.
De facto, os dois anos que estudam Latim não são suficientes para os objectivos traçados pela organização destas competições, pelo que esta participação obrigou a um aprofundamento do conhecimento dos autores, bem como da exercitação de tradução. E estes mostraram-se muito benéficos na formação académica e humana destes alunos e das turmas em que se inseriam.

Este ano, lamentavelmente, a minha escola já não teve alunos de Latim em número suficiente para abrir turma, depois de uma década intensa de trabalho nesta área.

Em Maio de 2010, repetir-se-á pelo 24.º ano consecutivo a competição em honra de Quinto Horácio Flacco e será, aliás, Portugal a descrever a sua experiência na revista que Venosa edita anualmente a este propósito. Neste momento, contactam-nos de Venosa, pessoalmente, interessados na participação portuguesa e na divulgação do concurso, pelo que deixo aqui um repto aos nossos leitores para que divulguem esta competição junto das escolas secundárias e que encontrem aqui motivo de uma nova dinâmica através de algumas participações. Nestas vejo o interesse pessoal dos alunos e, de um modo mais alargado, da educação em Portugal.

Aqui e aqui ficam as páginas relativas a estas competições, onde poderão ser consultados o regulamentos e as condições de participação.

3 comentários:

Manuel de Castro Nunes disse...

Tanto que se proclama o culto da língua pátria e começamos todos a traduzir do Ingês para Português o nosso pensamento e cogitações.
É talvez altura de reintroduzir o Latim nos currículos da escolaridade obrigatória, suavemente. Talvez melhorasse o gosto pela e o uso da Língua Portuguesa.
Já dizemos «mídia» por «media»,´«áitem» por «item», ainda diremos «létin» por latim, ou «seasor» por Cesar.

alexandra azevedo disse...

É assombroso observar a diferença e isolamento do que vivemos face ao estrangeiro - Sérvia, Croácia, Roménia, Bulgária, já para não falar da Áustria ou Alemanha- onde os alunos estudam entre 4 a 7 anos de Latim- todos nos olham na expectativa de ver para quando uma alteração por cá, neste âmbito curricular...com tristeza e algum desalento, julgo que já pouco há a fazer.

Edviges Antunes Ferreira disse...

Sou professora de Latim e Grego na escola secundária rainha D. Leonor, em Lisboa. No ano passado terminei uma turma de latim e este ano como consegui uma turma de 18 alunos de grego, (meus alunos de latim do 10/11º anos), não fiz grande divulgação aqui na escola. No entanto, no próximo ano já conto ter uma turma de Latim.

Apesar de ter conhecimento destes certamina, nunca participei com os meus alunos, até porque considero que o nível de latim que é ensinado é bastante elementar. No entanto, tenho ido a Roma com eles, só em visita.

No entanto, se for necessário fazer a divulgação, eu não me importo de o fazer

O BRASIL JUNTA-SE AOS PAÍSES QUE PROÍBEM OU RESTRINGEM OS TELEMÓVEIS NA SALA DE AULA E NA ESCOLA

A notícia é da Agência Lusa. Encontrei-a no jornal Expresso (ver aqui ). É, felizmente, quase igual a outras que temos registado no De Rerum...