sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Os 'realistas'

Destacamos a opinião do médico J.L. Pio Abreu no "Destak" de hoje:

Desde há algum tempo que em Portugal apareceram uns espécimes de sucesso. Classificam-se a si próprios de realistas mas, na verdade, são uns pessimistas desbragados. Para eles, tudo vai mal e não há solução para este país. O seu sucesso pessoal vem da procura que têm na Comunicação Social, onde assinam colunas e programas. Literalmente, alimentam-se daquilo que escrevem ou dizem. Imagino que leiam ou oiçam as suas próprias opiniões e, tão deprimidos ficam, que a próxima sairá mais negra ainda.

Os realistas-pessimistas têm história. No passado estiveram perto do poder, com oportunidade de aplicar na prática as ideias que apregoavam. Resta saber se o conseguiram ou não, porque uma coisa é dizer, outra é fazer. Mas todos saíram de lá e nota-se que estão zangados. Chega-lhes agora o palco mediático e o convencimento de que alguém tome por boas as suas negras profecias.

Como a mudança é permanente e o futuro uma incógnita, os pessimistas até podem estar certos. Não pelas razões que aduzem nem com o fim que profetizam, pois cada um tem a sua opinião. Mas temos pela frente o aquecimento global, a superpopulação, a falta de água, os terramotos, o princípio da entropia e, evidentemente, o facto mais do que seguro de que todos nós haveremos de morrer.

Não faltam realidades para os argumentos pessimistas. De facto, as pessoas saudáveis são pouco realistas e preferem as suas ilusões. Mas são essas pequenas ou grandes ilusões que nos fazem viver e, com altos e baixos, alcançar o que antes parecia impossível.

J. L. Pio de Abreu

4 comentários:

Henrique Dória disse...

Já em 1907 o médico Manuel Laranjeira tinha escrito sobre O PESSIMISMO NACIONAL. Mas o problema maior de Portugal não é esse. É a idiotice nacional.Problema tanto mais grave quanto os mais idiotas são os que mais esticam o pescoço para serem bem vistos. Se senirem no alto. E são tão bem vistos que estão todos os dias na televisão. E até chegam à frente de partidos.Deus (ou o Diabo)nos/lhes perdoem.

Anónimo disse...

Sobre o idealismo realista e a net,

A política na internet, exerce -se, principalmente, a partir da produção e difusão de
códigos culturais e conteúdos de informação (Castells, 2004).
Na net (internet), o poder é um conjunto de articulações laterais e verticais, mas
não piramidal. De facto, de acordo com Bennetton Groce, o idealismo realista não é
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um devir linear, mas circular, com um aspecto multiforme de uma só realidade (Maltez,
2002).
Roland Barthes, semiólogo, dedicou -se ao estudo dos signos, dos símbolos nas sociedades
considerou que os mesmos formam sistemas, sendo o seu lugar privilegiado de
produção e difusão os meios de comunicação de massas. Assim e, de acordo com Francis
Bacon, o poder e o conhecimento são simbólicos (Maltez, 2002). O poder é o Estado-
-espectáculo, é o Estado -ecrã.

Abç,
Madalena

rt disse...

Pelo menos alguns desses pessimistas costumam justificar aquilo que dizem com argumentos. É o caso, por exemplo, de Vasco Pulido Valente. Pio de Abreu não contestou esses argumentos - na verdade nem sequer os discutiu. Limitou-se a fazer generalizações grosseiras e a fazer insinuações AD HOMINEM.
Quanto à necessidade de ilusões para agir e viver... Quando um alcoólico ou um toxicodependente tenta justificar os seus comportamentos também fala assim. Se a ciência um dia destes descobrir uma substância capaz de nos fazer viver sempre eufóricos, mas sem os efeitos secundários da heroína e da cocaína, Pio de Abreu defende que devemos todos tomá-la?

Acilina disse...

De euforias balofas e optimismo irrealistas estamos todos fartos. Quem é que alguma vez se pode preparar para combater a crise, se nos intoxicarem com a ideia de que não há crise?
Os poderes instituídos escondem a realidade, garantindo que vai tudo num mar de rosas, com um único objectivo: perpetuarem o seu estado no poder. É imoral esconder a verdade (a realidade) e refugiar-se em sonhos e ilusões "optimistas". Só com os pés na terra se pode construir um futuro mais mais seguro.

UM TIPO DE CENSURA DE LIVROS AINDA SEM DESIGNAÇÃO

Não sabemos ao certo, mas podemos colocar a hipótese, muito plausível, de a censura da expressão humana, nas suas mais diversas concretizaçõ...