terça-feira, 20 de janeiro de 2009

JÚLIO HENRIQUES SOBRE DARWIN, 1865


Tanto quanto se sabe a primeira referência a Darwin em Portugal encontra-se numa tese doutoral ("As espécies são mudáveis?") de Júlio Augusto Henriques (na foto), defendida em 1865 à Universidade de Coimbra, seis anos depois da publicação de "A Origem das Espécies". A tese está "on-line" (aqui) e é interessante ler as últimas linhas deste texto do primeiro darwinista português, eivado da ideia de progresso (manteve-se a grafia da época):

"Parece pois que na especie humana tem completa aplicação a theoria de Darwin. A muitos desagradará a ideia de que o homem é um macaco aperfeiçoado. Mas se Deus nos deu a razão, se hoje o progresso e o desenvolvimento intellectual nos colloca tão longe do restante do mundo animal, que importa a origem?

Que receio pode infundir uma theoria, cujas consequencias são em geral a consecução de um maior grau de perfeição?

O mundo marcha: deixemo-nos ser levados neste movimento de progresso."

2 comentários:

perspectiva disse...

Júlio Henriques

"Parece pois que na especie humana tem completa aplicação a theoria de Darwin."

Nem tudo o que parece é. As mutações e a selecção natural diminuem e degradam os genomas.

"A muitos desagradará a ideia de que o homem é um macaco aperfeiçoado."

Essa ideia é errada e conduz os seres humanos a um beco sem saída epistemológico.

O próprio Charles Darwin reconheceu isso quando escreveu:

“the horrid doubt always arises whether the convictions of man's mind, which has been developed from the mind of the lower animals, are of any value or at all trustworthy.

Would any one trust in the convictions of a monkey's mind, if there are any convictions in such a mind?”

Ou seja, o darwinismo põe em causa a própria ideia de racionalidade.


"Mas se Deus nos deu a razão, se hoje o progresso e o desenvolvimento intellectual nos colloca tão longe do restante do mundo animal..."

Na verdade, a ciência pressupõe a racionalidade do ser humano e a estruturação racional do mundo. A Bíblia ensina ambas as coisas.

Ela ensina que o mundo foi criado racionalmente por um Deus racional, para ser estudado e compreendido por seres humanos racionais.


"...que importa a origem?"

A origem importa: teologicamente, uma criação racional e sistemática afirma a natureza racional de Deus. Por outro lado, ela é ensinada desde o Génesis ao Apocalipse.

Se a evolução fosse verdade, Deus seria o criador mais irracional, ineficiente e cruel que se pode imaginar.

Mas a evolução não é verdade científica.

Dela não existe evidência no registo fóssil.

Além disso, hoje é possível compreender que as mutações e a selecção natural não aumentam a quantidade e a qualidade da informação codificada no genoma, antes diminuem e degradam o genoma.

As mutações existem. A selecção natural também. A evolução de partículas para pessoas, não.


A evolução é essencialmente o produto da filosofia naturalista. Ela pode ser usada como grelha interpretativa. Mas os factos observados estão longe de corroborar a evolução.


"Que receio pode infundir uma theoria, cujas consequencias são em geral a consecução de um maior grau de perfeição?"

Normalmente, uma maior perfeição vem de mais inteligência e informação.

A introdução de alterações aleatórias num sistema funcional tende a degradar um sistema.

Hoje sabemos que as mutações são preponderantemente deletérias (numa ratio de 1 milhão de mutações deletérias para 1 mutação benéfica).

"O mundo marcha: deixemo-nos ser levados neste movimento de progresso."

O progresso científico e técnico é sempre o resultado de inteligência e informação. Ele não prova a evolução aleatória. São coisas diferentes, que nada têm que ver uma com a outra.

O drama do darwinismo é que é desmentido por um conjunto simples de observações irrefutáveis.

1) Sempre que sequências não arbitrárias de símbolos são reconhecidas, como numa linguagem, como representando ideias ou instruções passíveis de serem lidas e executadas, por pessoas ou maquinismos, para a realização de operações específicas orientadas para resultados determinados, estamos perante informação codificada;

2) Toda a informação codificada tem sempre origem inteligente, não se conhecendo excepções a esta regra;

3) A vida depende da informação codificada no DNA, que existe em quantidade, qualidade, complexidade e densidade que transcende toda a capacidade tecnológica humana, e que, depois de precisa e sincronizadamente transcrita, traduzida, lida, executada e copiada conduz à produção, sobrevivência, adaptação e reprodução de múltiplos seres vivos altamente complexos, integrados e funcionais.

4) Logo, a vida só pode ter tido uma origem (super) inteligente, não se conhecendo qualquer explicação naturalista para a sua origem.

Anónimo disse...

Olá,

Parabéns pelo site. Eu gostaria de ter essa tese para cita-la no meu mestrado. Tentei baixa-la, mas está com erro. Poderia envia-la para meu e-mail? tatianedromana@hotmail.com

Muito obrigada!

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