segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Aquecimento global: uma lufada de ar fresco!


Num período de grave crise global em que todos os dias aparecem notícias que nos afundam ainda mais no pessimismo, as boas notícias vêm por vezes de onde menos se espera.

Sabia que - exactamente ao contrário do que é voz corrente - nos últimos 7 anos a temperatura global não aumentou? E que 2008 foi o ano mais fresco da década?

Por surpreendentes que sejam, estas não são afirmações de uma qualquer ave rara ou de um negacionista climático, nem sequer objecto de "consenso científico". São dados experimentais recolhidos pelo Hadley Centre, uma das maiores autoridades mundiais na medição da temperatura global, disponíveis aqui em bruto, sobre a temperatura global na troposfera. Não são opiniões: são factos. E os factos falam mais alto do que qualquer opinião. É visível o efeito do gigantesco El Niño de 1998 e depois uma natural descida da temperatura global. E a partir de 2001, essencialmente o aquecimento global parou. Já lá vão 7 anos.

Os gráficos da temperatura superficial da Terra do Hadley Centre mostram essencialmente o mesmo efeito.

O que é extraordinário, mesmo preocupante, é tudo isto continuar a ser omitido pelas entidades responsáveis, como o IPCC ou o Prémio Nobel Pachauri. Fechando os olhos aos factos.

58 comentários:

Patrícia Grade disse...

E mais grave ainda é todo o sistema educativo agora parecer aceitar como dogma todo este belo conto de fadas do aquecimento global...

Dou pelos meus filhos a dizer-me que não tarda temos os glaciares transformados em mar e Portugal submergido... E dizem isto com uma certeza absoluta de quem tem todas as respostas na ponta da lingua, porque sim, porque é o que vem escrito nos manuais da Escola!!!!

Isto, isto é que é terrorismo e ninguém me tente convencer do contrário!

Carlos Medina Ribeiro disse...

Está tudo muito bem, e não sou eu quem fará coro com as inúmeras patacoadas que por aí se dizem.

Mas à ligeireza de uns não se pode responder com outra semelhante - como é querer discutir dados climáticos correspondentes a períodos de 10 anos.

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Já agora: os gráficos da NASA

http://data.giss.nasa.gov/gistemp/graphs/

oferecem subidas e descidas para todos os gostos - basta escolher os anos "correctos"...

Ricardo Aguiar disse...

Infelizmente para o Planeta, os dados dos gráficos não indicam uma paragem do aquecimento global desde 2001. Como disse o Carlos Medina Ribeiro de outra maneira, a variabilidade climática interanual é grande, por isso não seria de esperar uma subida sistemática da temperatura, nem experimental nem teoricamente. A tendência sim é esperada e inegável, basta passar uma média deslizante nos dados e ver o padrão que surge.

Já quanto aos manuais escolares, tem toda a razão (só nisso) o "indomável". O alarmismo reina, a referência mais citada é um artigo disparatado que creio uma empresa alemã vendeu a uma "Visão" já de há alguns anos. É o que dá não ser obrigatória a revisão dos manuais por especialistas. Há também erros escandalosos noutros temas, como geologia e biologia, as várias sociedades científicas profissionais já o têm vindo a dizer.

Entretanto espero que quando outras componentes do Clima juntarem a sua influência ao efeito de estufa - como o ciclo de actividade solar, correntemente num mínimo - e o gráfico das temperaturas volte a disparar, os editores do blog dêem ao assunto o mesmo destaque que agora dão aos excitados discursos dos cépticos.

Ricardo Aguiar

JSA disse...

Pois, eu estou com o Carlos. Peguei nos dados em bruto e dei-lhes um tratamento mais condigno com o que entendo ser um método mais correcto. Em vez de espetar com os meses (quentes ou frios, aparentemente não interessa no gráfico colocado em cima) ancarreirados, decidi usar dois métodos. Um é o de usar a mediana dos dados de todos os anos. O outro foi o de usar apenas os dados do "mês" 5 em todos os anos. Depois coloquei os dados no gráfico em função dos anos. Foram estes os resultados:

Para todos os anos disponíveis:
http://4.bp.blogspot.com/_D74-kUIKgTo/SSFTxfR72lI/AAAAAAAAAo8/sI0-fmBf6YY/s1600-h/Temperaturas.jpg

Para os anos de 1979 até agora:
http://1.bp.blogspot.com/_D74-kUIKgTo/SSFUloLrohI/AAAAAAAAApE/od_35nHmD4E/s1600-h/Temperaturas+1979.jpg

Parece-me óbvio que há uma subida das temperaturas em ambos os casos. Muito mais pronunciada, naturalmente, se tomados os valores a partir de 1840, mas também visível no segundo gráfico.

Há uma variação nos últimos anos? Sim, há. Pode ser considerada como normal dentro das flutuações, um acaso ou até indicadora de uma reversão da tendência de aquecimento. Podem-se argumentar muitas coisas. Mas argumentar que a temperatura está realmente em descida não é completamente sério.

Pessoalmente até me sentiria inclinado para o atribuir à queima de carvão para produção de electricidade que se tem verificado de forma cada vez mais intensa na China. Essa queima tem provocado a libertação de partículas e gases que acabam por, uma vez na atmosfera, reflectir a luz do sol e assim arrefecer a temperatura do planeta. O mesmo fenómeno se verificou no mundo dito desenvolvido até 1990 (ou assim), tendo sido entretanto instalados filtros para remover estas poeiras e gases porque acabavam por causar problemas respiratórios e chuvas ácidas.

Ou pode não ter nada a ver e estarmos finalmente a terminar o haloceno e a entrar noutra Era Glacial. Quem sabe...

Jorge Oliveira disse...

O que aqui é realçado não é tanto a descida da temperatura, mas sim o facto de o aquecimento ter sido interrompido nos últimos anos 7 anos.

E a verdade é que o CO2 antropogénico continuou a ser emitido para a atmosfera a um ritmo igual ou superior.

João disse...

De Rerum Natura:

Não pondo em causa de que 2008 tem sido um ano fresquinho, até que ponto é que, olhando para o vosso próprio gráfico podem sugerir que isso mostra uma reversão da tendência?


Ainda por cima, ainda estávamos em 2007 e já havia previsões de que 2008 fosse ser um ano mais fresco, ver (Nasa, Giss).


O que eu constato, só pela observação do vosso gráfico é que a temperatura esteve alta durante toda a década (sempre mais alta que na anterior) e que subiu até 2007 de uma maneira pouco regular mas sensivel.

Depois, temos uma queda abrupta que é 2008. Acha mesmo que temos de ir a correr mudar os manuais?

Estou a ver mal? Usei o grafico de temperaturas que voces postaram.

João disse...

PS: 2005 foi um ano record a par de 1998: 2007 estará no segundo lugar do ano mais quente de sempre. Isto de acordo com mais fontes, uma vez que pelo vosso grafico nem 2005 nem 2007 não chega ao pico de 1998.

Carlos Medina Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Medina Ribeiro disse...

Reconheço que o comentário que coloquei não está muito correcto, pois foge ao essencial do 'post'.

Este, julgo eu, pretende enunciar uma grande verdade - qualquer coisa como:

«(...) Imagine-se a histeria que iria por esse mundo fora se, pelo contrário, 2008 tivesse sido o ano mais quente!».

Quanto a isso, totalmente de acordo!

Anónimo disse...

Talvez seja a corrente do Golfo a abrandar, fruto do derretimento progressivo do gelo no Pólo Norte, e consequente mudança na concentração de sal no Oceano Atlântico (que provocara(á) a sua paragem). :)

Já que andamos numa de tirar conclusões da cartola num gráfico destes, decidi tirar a minha, já que é para jogarmos todos à batalha naval com conclusões, também quero! ;)

Agora mais a sério: não cometam o mesmo erro que atribuem aos cientistas alarmistas. Tirar conclusões assim baseados num gráfico e dizer que o aquecimento global está parar é contra-natura ao que se observa no recuo do gelo do Pólo Norte e nos anos anteriores, em que temos tido praticamente duas estações no ano: a quente e a fria.

A verdade é que se os "alarmistas" estiverem errados, o pior que pode acontecer é haver um desenvolvimento económico mais lento (será? a ecologia é bastante interessante do ponto de vista económico). Se os que advogam que o aquecimento global é um mito e que estamos a melhorar estiverem errados, o pior que nos pode acontecer são extinções em massa e uma nova era glaciar.

Face à incerteza, acho que o caminho mais seguro é irmos tendo em atenção o que emitimos para a atmosfera, dióxido de carbono, metano e outros gases que possam prejudicar a biosfera terrestre (na nossa perspectiva e de muitos outros seres).

nuvens de fumo disse...

Para quem quiser ler algo substancial sobre clima e o que se está a passar,

www.realclimate.org

Para mapas de temperatura e dados

http://www.noaa.gov/

Sobre estes argumentos ultrapassados de como o clima não está a aquecer

http://www.skepticalscience.com/

Estão lá todos os argumentos e as respectivas respostas.

Para quem tenha dúvidas dois dados simples e bem medidos:
1) os glaciares estão quase todos a recuar (>98%)
2) o nível médio das águas do mar aumenta a um ritmo certo , tirando erros nas leituras das sondas que foram detectados e já corrigidos.

Sendo assim só existe uma possibilidade: a temperatura aumenta, por redução ao absurdo se pode perceber que só aumentando a temperatura global poderão todos os galciares derreter, enfim...

E sobre o gráfico apresentado neste site, só pode ser pouco conhecimentos na matéria uma vez que houve vários fenómenos como a erupção do Monte Pinatubo o La Ninã etc.

http://www.skepticalscience.com/Did-global-warming-stop-in-1998.html

Os valores brutos TEM de ser trabalhados em médias corrigidas, os fenómenos incorporados, enfim há que haver trabalho sério e não exploração amadora onde só num relance se descobrem os erros que centenas de especialistas da área e trabalhos em peer review não encontraram.....

resumindo, tem aumentado a temperatura, tem aumentado o nível médio das águas do mar, tem aumentado o CO2 e com ele a acidificação do oceano que já se consegue medir. Não se percebe esta fúria de negação, mas enfim, ficam os links.

Jorge Oliveira disse...

O gelo do Árctico, agora, não está a derreter. Já esteve. Agora está a formar-se novamente. No Inverno forma-se e no Verão derrete. Como seria de esperar. E no cômputo geral, a quantidade de gelo é estável. Mas os alarmistas só olham para lá quando está a derreter. São opções.

É possível observar o gelo do Árctico (e também o do Antárctico) através das imagens dos satélites. Em séries longas, desde há alguns anos e em velocidade acelerada para se ter a noção de que, em média, tudo se mantem. O holocausto tem de esperar.

Jorge Oliveira disse...

Os argumentos dos alarmistas a propósito desta questão (e não me refiro apenas aos comentários aqui colocados) fazem-me lembrar a argumentação do abominável CEO da Galp quando vem à televisão tentar explicar a correlação, que só existe na cabeça dele, entre as variações de preço do barril de petróleo e as variações dos preços dos combustíveis nas estações de serviço.

Assim como o CEO da Galp apenas vê as subidas de preço do barril, também os alarmistas climáticos apenas vêem as subidas da temperatura.

Mas há que assinalar uma diferença. O CEO da Galp diz aquelas aldrabices todas com uma enorme calma e uma pose quase beatífica. Com os alarmistas, bom, é preciso cuidado com os perdigotos…

João disse...

O Artico...

Se visto de cima parece que o "branco" tem a mesma dimensão, com o passar dos anos, quando se vai medir a espessura é que a coisa mostra os estragos. Este ano esteve quase a ver-se um buraco no branco.

João disse...

De Rerum Natura:

"E a partir de 2001, essencialmente o aquecimento global parou. Já lá vão 7 anos."

Não vejo nem no vosso grafico que isto seja um facto. As temperaturas sobem desde 2001 até 2007. Certo? E depois descem em 2008. So um ano tem descida da temperatura. Acha que se pode concluir a reversão da tendencia?

Olhando para o grafico qual pode concluir que é a decada mais quente representada?

Gostava mesmo de ter uma resposta. Mesmo negando que 2005 e 2007 foram anos extraordinariamente quentes.

susskind disse...

Post muito rigoroso ...

Ja' agora, por que nao consultar o grafico que aparece na 'primeira pagina' do website do Climate Reseach Unit da Un, Norwich de onde citaram os dados brutos da temperatura global:

http://www.cru.uea.ac.uk/cru/info/warming/

Cito o que la' esta' escrito com o titulo "Global Temperature Record"

"The year 2007 was eighth warmest on record, exceeded by 1998, 2005, 2003, 2002, 2004, 2006 and 2001. This time series is being compiled jointly by the Climatic Research Unit and the UK Met. Office Hadley Centre. (...) Increased concentrations of greenhouse gases in the atmosphere due to human activities are most likely the underlying cause of warming in the 20th century."

susskind disse...

Tambem dizem isto no link que deixei ...

The period 2001-2007 is 0.21°C warmer than the 1991-2000 decade.

susskind disse...

Ainda nao recuperei deste choque epistemologico .... 2007, o ano mais fresco da decada .... e' certo, porem segundo a mesma fonte de Norwich o OITAVO MAIS QUENTE NOS REGISTOS! ...

alf disse...

Confesso que fui agradavelmente surpreendido por este post!

Quem sabe um mínimo de modelos climáticos sabe que os actuais modelos não podem fazer previsões crediveis da influencia do CO2 na temperatura; o seu papel é outro:

Como a Terra exibe um passado quente e isso é contrário às teorias físicas existentes, que exigem que o passado da Terra fosse congelado, aventou-se a hipótese de esse aquecimento inexplicado ser devido aos altos valores do CO2 do passado; desenvolveram-se então modelos climáticos destinados a verificar se haveria algum mecanismo através do qual fosse possível explicar as altas temperaturas do passado pelos altos valores do CO2 então existentes.

Entretanto, verificou-se uma ligeira subida da temperatura média da Terra; a explicação mais plausível para essa subida é o aumento da actividade solar entretanto verificada que, sem dúvida nenhuma, produz aumento da temperatura na Terra; só que entretanto os cientistas que trabalhavam na hipótese do CO2 terão ficado deslumbrados com a possibilidade de isso ser devido ao aumento do CO2.

Essa possibilidade era do maior interesse político, pois já há muitos anos que os governos procuram encontrar formas de diminuir a dependência do petróleo, logo teve um grande eco político - era uma hipótese tentadoramente útil e aparentemente certa.

Os especialistas da matéria há muito que sabem que a Terra está a arrefecer; por isso os modelos climáticos já foram alterados para preverem uma década de arrefecimento - à custa de mirabolantes alterações das correntes marítimas.É por isso que este arrefecimento não incomoda o IPCC - já está previsto.

O culto de ameaças globais, como a do CO2, é necessário à gestão global do mundo - antigamente os países inventavam inimigos externos para poderem ser gvernados, hoje é preciso ameaças globais. Têm uma grande vantagem: assim os EUA vão deixar de precisar de Bins Laden, ou Israel de palestianos em guerra, ou Arabes de americanos opressores

...se a mentira de uma ameaça global puder ajudar a acabar com as guerras locais...

Anónimo disse...

Para cientistas (os que sãio), vejo por aqui muitas certezas absolutas e poucas dúvidas.

Lembrem-se que tanto alarmistas como os que os contradizem não estão na posse de TODOS os dados, apenas "peças de um puzzle".

Se é para tirar conclusões, devemos ser conservadores e apostar pelo seguro. É que quando se joga com o futuro da nossa espécie, 99,9% de probabilidade dos alarmistas estarem errados não é suficiente.

Jorge Oliveira disse...

A porpósito de temperaturas aconselho uma consulta ao blg Mitos Climáticos :

http://mitos-climaticos.blogspot.com/2008/11/as-trapalhadas-de-james-e-hansen.html

EcoTretas disse...

Ainda bem que o conjunto de pessoas que começa a ficar consciente da realidade presente é cada vez maior! Já agora deixo o meu blog, onde acompanho assiduamente as barbaridades que estes alarmistas andam a apregoar, quais profetas da fim do mundo...
Ecotretas

João disse...

E eu aproveito para anunciar a minha loginha de bugigangas no chiado.

Tino disse...

Não quero discutir com quem sabe mais do que eu, mas olhando para este gráfico como se fosse o gráfico das cotações de uma empresa na bolsa, eu vejo claramente uma tendência ascendente de longa duração desde 1985.

Trace lá uma linha intermédia de longo prazo e veja se a tendência não é crescente, com pequenos períodos de 2 anos de descida?

Se fosse na bolsa, diria claramente que a tendência de longo prazo é bull, mesmo que nos últimos dois anos seja bear.

Fernando disse...

Extraordinário e preocupante é também não se perceber onde quer chegar o autor do post.
Como é obvio no gráfico e já foi comentado, estamos à direita mais quentes do que estávamos à esquerda.
Além disso a população mundial e as emissões de CO2 continuam a aumentar!

Jorge Oliveira disse...

Este post tem um link para o blog de Anthony Watts, no qual se podem ler muitos comentários interessantes e encontrar estas duas citações antagónicas.

“We’re at a stage where warming is taking place at a much faster rate [than before]“.

“There has been no warming since 1997 and no statistically significant warming since 1995. Why bother with the arguments about an El Nino anomaly in 1998?”

A primeira é do Sr. Rajendra Pachauri, o Chairman do IPCC.

A segunda é de Richard Lindzen, Professor of Atmospheric Sciences do MIT, referido por Anthony Watts como “probably the most qualified prominent global-warming sceptic”.

Quem quiser que escolha. O curioso é que o próprio Richard Lindzen reconhece que há mais cientistas que apoiam as teses do IPCC do que os que não apoiam.

Ou seja, há mais alarmistas do que cépticos. Uma verdade incontornável. O que se torna intrigante é que, sendo os alarmistas mais numerosos e estando respaldados numa instituição laureada com um Nobel, caso do IPCC, e sobretudo nos governos de muitos países, incluindo a Comissão Europeia, liderada pelo grande visionário Barroso (ele sabe que isto há-de aquecer, só não sabe é quando) porquê a fúria vociferante e ameaçadora dos alarmistas a tentar provar que têm razão?

Além de recearem que o céu lhes caia em cima da cabeça, os alarmistas têm medo que um miserável e reduzido exército de cépticos faça mudar o quê?

João disse...

"porquê a fúria vociferante e ameaçadora dos alarmistas a tentar provar que têm razão? "

Deixa-me adivinhar... Será porque esta em causa o habitat natural de metade da população da Terra?

Barba Rija disse...

Como é obvio no gráfico e já foi comentado, estamos à direita mais quentes do que estávamos à esquerda.

Com raciocínios destes é que vamos longe!

Deixa-me adivinhar... Será porque esta em causa o habitat natural de metade da população da Terra?

É este o problema que tenho com o AG. Em nenhuma parte do relatório do IPCC se diz nada tão assertivo como isto, e no entanto fica no ar a "remota possibilidade de...", e é sobre esta remota possibilidade (que me parece bem mais remota do que aquilo que os próprios querem admitir) que devemos tomar todas as decisões.

O princípio precaucionário parece-me um princípio muito pouco sólido, pois é assimétrico, apenas admite os riscos de um lado da questão (não fazer nada), e omite os riscos do outro lado (cumprir as metas necessárias). Para tornar ainda mais claro o que digo, apresento o exemplo mais recente do princípio precaucionário: a guerra do Iraque.

João Vasco disse...

Nõ acho muito bem que este texto não esteja assinado.

Uma coisa é recomendar um livro com um pequenino texto copiado relativo à informação que que a editora presta, ou o anúncio de um evento cultural, ou a reprodução de um texto alheio.

Outra coisa é um texto que defende uma posição - e mais ainda polémica -, uma opinião pessoal, uma perspectiva própria.
Creio que é desadequado carecer de assinatura.

Camarelli disse...

João Vasco

Pela análise descuidada do gráfico diria que é coisa de filósofo, mas pelo anonimato fico na dúvida. Não quero é pensar que esta coisa tem o aval de um físico ou de um matemático, espero estar enganado.

Inclino-me a pensar que o post pretende ser jocoso e nada mais.

João disse...

Matarbustos:

Não creio que se este post fosse do Desidério ele não tivesse vindo já debater o assunto. Não faz parte dele nem o anonimato nem a ausencia de resposta a tanta crítica.

João Vasco:

Seja quem for o autor esta no seu direito de manter o anonimato, acho eu. Só te posso dizer que a teu favor podes argumentar que assim temos de aceitar que esta é a posição "oficial" do Blogue. Mas pelo andar da carruagem é mesmo.

Jorge Oliveira disse...

«Será porque está em causa o habitat natural de metade da população da Terra?»

Metade? Então o aquecimento não é global?

E o habitat está em causa porquê? Contra Al Gore, contra os distintíssimos Rajendra Pachauri e Ban Ki-Moon, contra Barroso e dezenas de chefes de Estado, contra jornais e televisões e contra todos os cientistas alarmistas, que diabo de perigo podem os cépticos representar? O perigo de terem razão? Oo será o perigo de distrairem a santa?

Rui Areal disse...

Há muitos pormenores a ter em conta, que um leigo como eu não consegue interpretar imediatamente. Fiquei surpreendido com um documentário que vi em que se afirmava e explicava que o aquecimento global provocaria uma nova era glaciar na europa... e esta? Será o gráfico já efeito disso?

João disse...

Caro Barba Rija:

Com o devido respeito que tenho por si, ja que lhe conheço a argumentação e opinião em muitos assuntos (e que é quase sempre igual à minha), deixe-me argumentar em resposta.

Acho que podemos ter uma discussão proveitosa:


O relatorio do IPCC considera provaveis uma serie de fenomenos com impacto grave nos ecossistemas, sistemas agricolas e pecuarios, recursos hidricos, etc. Podes encontrar na net o relatorio de 2007. Não diz em lado nenhum que vamos todos morrer. Nem eu digo. O que se desenha pela maior parte dos estudos climatologicos é que em muitas partes do nosso planeta, uma boa parte habitada pelo homem, o habitat vai ser alterado num sentido indesejavel ao ponto de haver aumentos das taxas de mortalidade e morbilidade.

Vão existir areas do planeta em que até é possivel que a vida seja mais agradavel para o ser humano, como eventualmente na penisula escandinava ou gronelandia. Sobre isso não me tenho interessado em saber mais por isso não posso argumentar, mas creio que não estas em desacordo.

É nos paises mais quentes, e mais pobres que o problema se deverá tornar mais grave. A probabilidade de haver um cenario de seca, ondas de calor, e impactos graves na produção de alimentos é alta no sul da europa para os proximos 50 anos. Este cenario, não é uma previsão com 100% de certeza, coisa que concordarás não existe, mas a conclusão a que se chega quando se estuda o assunto da melhor maneira possivel é que é provavel.

E se é provavel um cenario que represente aumentos de taxas de mortalidade e morbilidade num grande numero de populações, o principio precaucionario tem de ser aplicado.

É essa a minha posição.

Este argumento colapsa se me consiguires mostrar que os métodos usados para tirar estas conclusões não foram os melhores possiveis...
Mas não estou a ver como poderás argumentar a cerca disso...

João disse...

Barba Rija:

E para aliviar o stress deixe-me dizer-lhe com toda a franqueza. Eu estou desejoso de ver que estou enganado.

Barba Rija disse...

Muito agradecido pelo respeito dado, devo dizer que é mútuo. Não posso nem por um momento levar a mal quem defenda a posição oficial do IPCC, pois tenho que uma sociedade, se quiser ser bem informada, deve realmente possuir instituições que a aconselhem em termos científicos sobre as consequências dos actos humanos, e como a política pode alterar o meio ambiente.

Em suma, eu gosto que algo como o IPCC exista. Mas há um problema. O IPCC não pode ser apenas um rótulo no qual uma mistura de políticos, antropólogos, historiadores e cientistas de vários campos se podem apropriar de uma tese que tem enormes consequências políticas e ao mesmo tempo negar que medidas de precaução metodológicas básicas se instituam. Não passa pela cabeça de ninguém por exemplo que o proponente de um gráfico HS, Michael Mann, tenha sido denominado o autor principal do capítulo da dendrologia e calhe a ele mesmo não só a auditoria do seu próprio trabalho, mas obviamente a escolha e promoção do seu trabalho em detrimento de outros semelhantes. Este tipo de amadorismo metodológico é constante no IPCC, e preocupante. Temo bastante que uma equipa de "elites" se tenha apropriado de todo o corpo institucional com o fim de promover a sua agenda científica, sem a existência da devida auditoria e contra-argumentação.

O resultado é um desconforto intelectual na disciplina, pois quem se atrever a não confiar no IPCC é catalogado como negacionista, e directamente equivalente a um negacionista do holocausto. Este é apenas um dos comentários mais constantes que se podem ler nos média actualmente:

I would like to say we're at a point where global warming is impossible to deny. Let's just say that global warming deniers are now on a par with Holocaust deniers, though one denies the past and the other denies the present and future.

Não me parece um bom ambiente de crítica metódica científica, até porque em lado algum do IPCC se sugere um "holocausto" no futuro. Ri-me imenso quando Al Gore sugeriu centenas de milhões de "deslocados" nos próximos cem anos. O óbvio corolário é, quantos milhares de milhões de pessoas não mudaram de habitat no séc. XX? Dizer que as pessoas serão forçadas a alterar o seu modo de vida no séc XXI é um truísmo decerto irrelevante.

O que me leva a responder à tua pertinente afirmação:

O que se desenha pela maior parte dos estudos climatologicos é que em muitas partes do nosso planeta, uma boa parte habitada pelo homem, o habitat vai ser alterado num sentido indesejavel ao ponto de haver aumentos das taxas de mortalidade e morbilidade.

A pergunta que te faço é simples, e no entanto ninguém no IPCC se atreve a questionar isto. Qual factor é que achas que mata mais, o clima ou a pobreza?

Comparemos. Em Burma morreram centenas de milhar de pessoas. Na china morreram 50 mil pessoas. Tudo devido a furacões. Furacões que tiveram a mesma potência que o que impactou Nova Orleães, onde morreram 3000 pessoas.

Parece-me então que se o objectivo é prevenir mortes devido ao clima, a resposta não é impedir o crescimento económico, mas acelerá-lo. Ou dito de outra forma, ao tentar impedir que o terceiro mundo tenha acesso às fontes de energia que lhes são minimamente acessíveis, estamos a fazer pior do que se os permitirmos.

É este o argumento central da minha questão da assimetria do princípio precaucionário.

Poderás contra-argumentar que a desaceleração do CO2 não é causador de uma desaceleração da economia. Eu discordo, neste momento não há modo de o fazer sem desacelerar a economia mundial, e se houvesse, nem sequer haveria discussão, teria sido uma mudança tão rápida e incontroversa como a abolição dos CFCs.

Como vês, existem questões importantes a debater, mesmo aceitando a tese principal do AG catastrófico, que ainda não aceito.

Dito isto, devo dizer que sou democrata por princípio, e se todos concordarem com as acções "necessárias", aceitarei. Votaria "não" num imaginário referendo, e tentaria informar ao máximo as pessoas das questões que me assolam.


Eu estou desejoso de ver que estou enganado.

Nem esperaria outra coisa :)

Barba Rija disse...

O que é extraordinário, mesmo preocupante, é tudo isto continuar a ser omitido pelas entidades responsáveis, como o IPCC ou o Prémio Nobel Pachauri. Fechando os olhos aos factos.

Esqueci-me de comentar sobre isto. Não me parece que um deslize das temperaturas nos últimos 7 ou 10 anos seja argumento suficiente para refutar a tese principal (a teoria é suficientemente elástica que permite que a temperatura desça ou suba e seja sempre "aquecimento global"), mas aquilo que me parece mais preocupante são as afirmações mais recentes de estudos científicos:

Global warming 'is three times faster than worst predictions'

Fonte. Como é que isto é possível, sendo que as últimas previsões foram de 2007, e 2008 foi um dos anos mais gélidos desde a década de 80?

Anónimo disse...

@barba rija

"Como é que isto é possível, sendo que as últimas previsões foram de 2007, e 2008 foi um dos anos mais gélidos desde a década de 80?"

O degelo do Ártico poderá já estar a ter os seus efeitos na corrente do Golfo. Atenção que eu digo "poderá", isto é, é uma hipótese.

Por outro lado, se formos a ver, o clima terrestre depende de vários factores, ou não fosse o resultado de interacções que existem. É como a predicção do futuro: tendo toda a informação sobre o Universo, poderíamos facilmente prever o futuro... mas não temos. O mesmo se passa com os modelos climáticos.

Com isto quero dizer que por haver uma descida de temperatura (segundo aquele gráfico... se bem que se nota que o Verão este ano não se prolongou), não quer dizer que estamos perante uma mudança sustentada, até porque como já foi dito, comparando com a década de 1980, ainda estamos mais quentes (no geral).


Acho que se requer mais precaução quando se fala de eventos que poderão ter consequências mais vastas que apenas a subida das águas. O que acontecerá aos países que poderão desaparecer ou ficar sem terreno fértil para a agricultura?

Acho que a precaução não é descabida, sendo que posições extremadas de um lado e do outro não ajudam em nada. Há que nos preocupar mais em apurar factos e tentar ser humildes na compreensão do nosso planeta, que querer ter razão a qualquer custo só para não admitir erros. A beleza da ciência está no seu carácter revisionista, como tal, o provável todos estarmos errados sobre muita coisa.

João disse...

Barba Rija:

O teu argumento das desigualdades é pertinente. A minha opinião pende para o lado de tentar travar o aquecimento global (não só o CO2 e não só o aquecimento global, que em muitos estudos vão apenas ter um efeito cumulativo, ou seja, por si não fariam diferença, mas como se sobrepoem a outras alterações como Ph, poluentes, etc, o efeito cumulativo pode ser dramatico), por varias razões:

1- o aquecimento global, pode causar alterações irreversiveis.
2- Não ha evidencia que se o dinheiro não for gasto na prevenção do aquecimento global que va servir para acabar com a fome no mundo
3- provavelmente as alterações ambientais nos paises pobres vão ser as mais graves e não compativeis com a sua agricultura, pecuaria e ou subsistencia. O que levaria a fome no longo prazo. Não é possivel fazer de toda a Africa um novo Dubai.
4- Acredito que podemos tentar as duas coisas ao mesmo tempo. Com sacrificios é certo, mas vamos ter de os fazer quer queiramos quer não. E deixar os pobres queimar mais que os ricos e produzir mais CO2
5- Achas que vai haver beneficios para os paises pobres os mais ricos continuarem a enriquecer?
6-Mesmo que não te preocupes com os paises pobres, pensa no sul da europa. Portugal incluido. Se isto ficar tudo seco e com cheias ocasionais que quantidade de riquesa temos de produzir para compensar o problema? E queremos viver em redomas de vidro e beber agua desalinizada?

Podes argumentar que eu não posso provar nada disto, e não posso, mas creio que são duvidas razoaveis.

Em resumo, acho que o preço de deixar o habitat deteorar-se é incomensuravel (ha demasiadas variaveis para saber o impacto economico que, tens de admitir, isso acarreta). Acho que continuar o curso actual não vai acabar com a fome. Nota bem também que não defendo acabar com a produção de CO2 do dia para a noite. Apenas que esse cenario tem de ser levado em conta.

João disse...

"Apenas que esse cenario tem de ser levado em conta."

quero dizer
Apenas que esse cenario de reduzir as emissões tem de ser levado em conta.

Barba Rija disse...

João, todos os teus pontos são razoáveis. Vou tentar respondê-los em relação ao que sei, que como diria Sócrates, é pouco :).

1. Tudo o que fazemos pode causar danos irreversíveis. Aquilo que devemos perguntar não é se é irreversível ou não, mas antes, tendo estas opções, qual o caminho a tomar. Repara que bem dentro desta posição mais filosófica que científica (irreversibilidade), reside uma crença quasi-religiosa de que vivemos dentro de um Éden sobre o qual alterámos irreversivelmente o rumo da Terra.

Claro, é um truísmo. Se pensares no problema da "borboleta", até uma borboleta causa uma reacção em cadeia que irreversivelmente altera tudo na Terra. E embora esta frase seja tão extrema quanto a tua possibilidade (ao contrário), não deixa de ser apontável que a Terra está sempre em alteração.


2. Diminuindo o crescimento económico mundial diminui a capacidade destes países se emanciparem em todos os factores de desenvolvimento. É um ponto fundamental, mas concordo que não é suficiente. A corrupção é uma realidade paralela a esta questão.

3. De toda a teoria, esta é a mais frágil das conclusões. Mesmo considerando que fosse real, não é dito em alguma parte que toda a África sofrerá disto, haverá ainda enorme espaço para a agricultura, sendo este continente considerado por alguns como o "celeiro do mundo". O que lhes falta para acabarem a fome? Pensa na resposta. Será uma resposta ao CO2, ou uma política de crescimento económico da agricultura africana?

4. Fallacy of the broken Window"

Citação:

The parable describes a shopkeeper whose window is broken by a little boy. Everyone sympathizes with the man whose window was broken, but pretty soon they start to suggest that the broken window makes work for the glazier, who will then buy bread, benefiting the baker, who will then buy shoes, benefiting the cobbler, etc. Finally, the onlookers conclude that the little boy was not guilty of vandalism; instead he was a public benefactor, creating economic benefits for everyone in town.

Analogias com o boom das energias renováveis são evidentes.

5. Claro. Vê o caso da China.

6. Boa pergunta. Respondo-te com outra pergunta. Pensa em 1908. Não existe telefone, não existe hambúrgueres, etc. Agora tenta colocar-te nessa posição e tenta adivinhar como será Portugal no ano 2000. Boa sorte.

Repara que não estou a fazer nenhuma falácia. O próprio IPCC decidiu nas suas projecções principais postular que o crescimento económico é tal que em 2100 o PIB mundial é 17 vezes maior que em 2000. Se essa riqueza não estará cá, dificilmente iremos emitir tanto CO2 como as projecções dizem (e menos nos devemos preocupar).

JSA disse...

A discussão vai bem adiantada.

Só uma nota: concordo com o que se diz acima, parece-me mal que este post não venha assinado. Assim sendo também assumo que seja uma posição colectiva do DRN.

Quanto às temperaturas de 2008, duas notas:

1. Não se pode usar 2008 como exmplo nem de aumentos nem de diminuições de temperatura. O clima é um sistema dinâmico, como tal está sujeito a flutuações que podem ser relativamente fortes de tempos a tempos na sua busca por um novo equilíbrio. Isso significa que as temperaturas, nessas mudanças devido à sua dinâmica própria, podem perfeitamente baixar num ano ou noutro ou até em dois anos consecutivos. A questão seria sempre ver o que se passaria no longo prazo, na tendência. Desta forma, uma queda de temperatura em 2008 tanto pode ser o primeiro passo para uma queda de temperaturas global como pode ser apenas um soluço e 2009 voltar a ser quente.

2. As temperaturas globais pouco dizem sobre os efeitos nos gelos. O grande problema do derretimento das calotas polares prende-se com a duração dos Verões e com a duração dos Invernos. Não importa que a temperatura seja muito alta. Basta que seja relativamente alta para provocar derretimento de gelo. Isto acontece sempre, mesmo sem aquecimento global. O que se passa é que, no Inverno, a temperatura desce e volta a haver aumento da quantidade de gelo. Já se o Verão for longo e o Inverno curto, aí teremos que o gelo perdido no Verão não será recuperado no Inverno, mesmo que o Inverno seja rigoroso e o Verão fresquinho. O que conta é mesmo a quantidade de tempo em congelação e derretimento.

JSA disse...

a-real: a explicação para essa possibilidade (é uma possibilidade, nada mais) é simples. O derretimento das calotas polares levaria à introdução de água fresca (o gelo não é composto por água salgada) no Oceano Atlântico. Essa introdução causaria perturbações à corrente do golfo, a qual leva água quente dos trópicos para o hemisfério norte e água fria que vem em sentido inverso. Dessa forma, a corrente do golfo deixaria de funcionar, o que significa que a sua influência no clima da Europa (e de partes da América do Norte) deixaria de ser sentida. Ou seja, o "aquecedor" que é a corrente do Golfo seria desligado. Isso levar-nos-ia a ficar com um clima semelhante ao de países com amesma latitude mas sem a mesma influência.

Para se compreender a influência, basta ver o clima do Porto e de Nova Iorque, que ficam mais ou menos à mesma latitude e ambas as cidades estão junto ao mar. Ou com Tashkent, que fica no Uzbequistão e é bastante mais fria.

Barba Rija disse...

Não se pode usar 2008 como exmplo nem de aumentos nem de diminuições de temperatura

Concordo absolutamente, meu caro. Então refutará em coro comigo a notícia de que o aquecimento global está a "acelerar" desde as últimas previsões feitas.

As temperaturas globais pouco dizem sobre os efeitos nos gelos.

Interessante, e mais uma vez refuta o artigo que citei, ou pelo menos o título idiota.

Gostaria também de dizer que a tua explicação sobre a possibilidade da idade do gelo devido à congelação da corrente oceânica é extremamente interessante, mas gostaria de enfatizar um ponto: é ficção científica. Repito, é ficção científica. As alegações de Al Gore sobre o assunto são pouco elucidativas, pois admite a possibilidade de a Gronelândia derreter o gelo e este fenómeno acontecer. Aquilo que não se apercebe é que para este fenómeno acontecer teria de haver um degelo extraordinariamente rápido. O IPCC projecta o degelo da Gronelândia... em milénios.

Mas concordo que dá para um bom filme. Como deu.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Julgo que 'não tem pés nem cabeça' querer tirar conclusões (sejam elas quais forem) a partir de registos de períodos 10 anos ou semelhantes.
De contrário, porque não olhar para o gráfico da forma já aqui referida e que se pode ver [aqui]?

João disse...

Barba rija:

Vejo que chegamos em pouco menos de nada a um impasse em que pusemos pesos numa balança, eu de um lado e o BR do outro. Eu digo que os meus são mais pesados e o BR diz que os seus são mais pesados. Eu considero imponderavel avaliar os danos causados no ambiente e por outro lado o Luis diz que vai ser mais barato pagar a factura e apostar no desenvolvimento economico, que se quisermos evitar os estragos vai ter de abrandar a um ponto mais prejudicial que o preço a pagar pela factura. Mas vamos continuar.

1- Não vejo que tenha refutado a minha questão, porque por esssa ordem de raciocinio não podemos fazer previsões acerca de nada. Por isso eu aceito aquelas que têm uma probabilidade razoavel de acontecer. A probabilidade de muitas alterações serem irreversivel é grande. A diminuição da biodiversidade é uma delas.

2- Não creio que se os paises mais ricos estabilizarem a economia que isso seja um problema para os paises do terceiro mundo. SO o seria se houvesse uma boa distribuição de riqueza - o que não ha. Isto se todos os outros factores não se alterassem. E como tu referes a entropia economica desses paises é um dos seus principais problemas.

3- Porque dadas as condiçoes em que esses paises realmente se encontram, agora, uma diminuição dos seus recursos basicos e aumento das doenças teriam um efeito cunulativo. Acho que a probabilidade de eles serem os mais afectados é enorme. Mesmo que as alterações climaticas sejam moderadas nesses sitios (o que parece que não serão). Porque ja estão por um fio. Se todos os outros factores não se alterarem as alterações climaticas vão dar cabo deles...
4-OK, esta é dificil de explicar e parece um pouco utopica. Ou seja, os ricos reduzem as emissões de poluição enquanto deixam os mais pobres fazerem o que for preciso para sair da fossa. Eu sei porque dizes que é uma falacia mas eu não estou de acordo. Porque a probabilidade do aquecimento global ser antropogenico é elevada e a nessecidade de agir tambem é elevada. Mas é isso que esta em discussão por isso deixo a minha utopia para mais tarde.
5- A China... Não creio que as razoes que estão a levar a China a enriquecer sejam reproduziveis noutros paises.
6- Desenvolve la isso. Se o mundo acima de nós mantiver um bom crecimento economico, nós para alem das dificuldades que já temos vamos ter secas, falta de agua, doenças etc. Todo o sul da Europa. Se se conseguir evitar isto temos muito mais hipoteses de ter um pais produtivo, mesmo com um abrandamento ligeiro na economia devido a procurar emitir menos CO2


O que não me consegues convencer, para resumir tudo, é que a fome causada directamente pela redução da poluição e seus efeitos na economia vai matar mais do que a alteração do ambiente somanda aos custos que isso vai acarretar.

No minimo, este problema economico, se tem tantos factores imponderaveis tem de se optar pela probabilidade de menor risco

Em todo o caso, podemos não viver num Eden, mas isso é uma boa razão para não querer piorar as coisas.

Barba Rija disse...

Caro João, vejo que há um certo equívoco acerca da compreensão da minha posição, e a culpa é minha. Vou clarificar aquilo que quero dizer em resposta ao teu comentário.

...o Luis diz que vai ser mais barato pagar a factura e apostar no desenvolvimento economico, que se quisermos evitar os estragos vai ter de abrandar a um ponto mais prejudicial que o preço a pagar pela factura.

Se quiseres reparar melhor, eu não defendi acção ou inacção nenhuma. A minha posição em termos de acção (ou inacção) é muito mais parecida com a de Bjorn Lomborg, que acredita no AG como uma crise, mas dá-lhe uma importância relativa e vê essa crise de um ponto de vista frio, racional e matemático. O ponto de vista é o seguinte: não investir nada do que se propõe investir (ver plano de Gore em alterar o mix energético dos EUA em energias renováveis em 10 anos), mas sim investir na investigação de energias renováveis e acelerar o processo de optimização / resolução de problemas estruturantes na energia solar / geotérmica / etc., sobretudo em questões de preço.

Deste modo, não só consegues avançar o mix energético no futuro sem grandes gastos económicos, como podes inclusivamente convencer automaticamente países como a China ou a Índia a adoptar essas fontes de energia, o que a meu ver é a melhor justificação deste plano. Nunca conseguirás convencer a China de que não podem colocar mais CO2 na atmosfera quando por habitante eles o fazem muito menos que nós.

Desta maneira tudo acontece automaticamente.

O problema dos planos discutidos actualmente é que são manifestamente maus nas consequências económicas e não farão grande diferença no plano geral, dada a enorme aceleração dos países emergentes na emissão destes gases.

1. Reconheço que o argumento é fraco. No entanto, guardo a minha opinião sobre aquilo que é provável sequer de ser previsível, e o clima a 100 anos parece-me não pertencer a esse grupo. Mantenho o espírito aberto.

2. "estabilizar" é um eufemismo, uma retórica que não deves utilizar. Pensa antes em travar. Se vires as consequências que esta crise económica está a ter no 3º mundo deverias perceber que o 3º mundo está irreversivelmente ligado ao 1º, e se este sofre o outro sofre a dobrar.

3. "Porque já estão por um fio". Outra vez. A razão é ambiental ou económica? Não vejo razões para acreditar que seja ambiental. Vejo antes problemas sociais, políticos e económicos gravíssimos. São esses que estão a determinar as atrocidades que testemunhamos diariamente. Hoje. Não no séc XXI, não "possibilidades" deduzidas através de modelos matemáticos questionáveis, puro empiricismo básico e actual.

4. Na tua proposta, o problema não é resolvido. A quantidade de CO2 emitido pela China já é quase igual ao dos EUA. Dentro de uma década ou década e meia, será o dobro. Essa solução, como disse já antes, apenas trará problemas económicos ao ocidente e não resolve o problema do CO2.

5. Não? Porquê? De onde pensas que vem a riqueza da Coreia? Da Malásia? Da Indonésia? Da Índia? Vê o crescimento da Venezuela, Brazil, Argentina, etc., etc. O mundo nunca cresceu tanto como nesta última década, e os países que cresceram mais rápido foram os países emergentes.

6. Aquilo que eu quero dizer é que não sabemos qual a riqueza ou panorama social em Portugal daqui a 20 anos, quanto mais 100. Pensa. Há 5 anos não havia Blogger. Há 10 não havia Google. Há 15 não havia praticamente Internet. Há 20 os computadores eram uma curiosa máquina de joguinhos. Há pouco mais de 30 anos vivíamos numa ditadura. O séc. XX passou por duas guerras mundiais, uma grande depressão, etc.

Parece-me incrível que alguém sequer possa considerar Portugal a enfrentar os problemas do séc XXII como se fosse ainda gerido pelo PS do Sócrates ou algo do género, nem sei se me faço entender.

João disse...

Barba Rija:

A tua explicação foi crucial para eu ter a tua perpectiva (não pun intended). Ok. Faz muito mais sentido.

Ainda assim discordamos acerca da urgência de reverter o processo das alterações climaticas. Acho que só nisso.

So poderei estar de acordo contigo se as alterações climaticas poderem ser reversiveis. Desse modo o que tu dizes faria perfeito sentido. Se tivermos de acartar com os estragos para sempre (ou um pouquinho menos) não faz sentido.
Também não faz sentido se os danos ambientais forem elevados (e aqui voltamos ao mesmo...)

Nuno disse...

Exactamente! O Aquecimento Global é treta! UFA que alívio.
Vivam os gráficos!

Bora lá tudo queimar pneus, desflorestar a amazónia, fazer tudo em plástico descartável e andar de carro todas as distâncias maiores que 10 metros!

É para mostrar aos maricas dos ambientalistas quem é que tem bom-senso, olarila!

Barba Rija disse...

Só para atirar achas para a fogueira, ler este artigo da BBC (dificilmente uma fonte "negacionista") sobre um recente estudo:

Climate change 'to halt ice age'


A new model of the Earth's climate suggests that human-made carbon dioxide emissions may prevent the onset of the next ice age.
Based on geological history, the Earth would be expected to enter a new ice age in 10,000 to 100,000 years.

Researchers say even small changes in carbon dioxide levels right now could prevent this from happening.


Para ser justo eles também fazem a vénia inevitável à ortodoxia:

They tell the journal Nature this may not be good news as the planet could change in ways that are unprecedented.

Parece-me que cada vez mais sabemos que menos sabemos sobre a ecosfera. E será de espantar, dado o inerente caos do clima? Lorentz ou Mandelbrot não me saem da cabeça...

João disse...

Barba Rija:

ontem não tive tempo de te responder mais do que o que viste, e cheguei a ter uma resposta mais elaborada que perdi antes de enviar. Mas acho que os pontos de discução anteriores perderam alguma da sua pertinencia.

Ainda assim: Africa tem muitos problemas ambientais ja atualmente. Desertificação, diminuição dos recursos aquiferos e salinização, doenças humanas e animais, etc. Ja para não falar de uma entropia enconomica capaz de fazer benzer um criacionista. Os outros paises que mencionaste não têm a recuperação que tem a china e não o estão a fazer excatamente do mesmo modo. Mas isso é uma discussão que não interessa agora, porque o que esta em causa, acho, é só se há urgencia ou não em ter uma solução ja. Por outro lado não nego que a globalização resulte numa interdependencia economica geral. Sim, também é verdade que são esses os paises que crecem mais, o problema é que alguns estão tão la em baixo que não se nota nada. (China e India são boas excepções, o Brazil é só razoavel mas vai melhorar).
Quanto a Portugal... Espero que tenhas razão, mas sem ofença, não estas a acusar de algum Sebastianismo? (Isto foi uma provocação, não resisti).

Quanto à estabilização da economia... Não vai haver hipotese. O crescimento actual dos paises industrializados é insustentavel. A não ser que surja muito rapidamente um novo paradigma energético.

Mas olha, acho que estes pontos perderam a sua razão de ser. Ate provavelmente chegariamos a um consenso.

O que me interassa agora discutir é porque é que achas que temos tempo para esperar haver alternativas antes de desligar os gases com efeito de estufa e a poluição. Propões alguma daquelas medidas tipo lançar enxofre na atmosfera? Simular um vulcão?

nuvens de fumo disse...

Sobre as confusões de muita gente relativamente à temperatura aqui está a resposta a quem se interesse por ciencia e pela complexidade deste tema.

Fica aqui também a resposta a se a temperatura tem ou não aumentado, spoiler à parte TEM.

Este é um dos mais fascinantes temas da ciencia actual, primeiro por ser extremamente abrangente:
engloba análises do passado (paleoclimatologia) , compreensão de modelos físicos e químicos, compreensão da atmosfera , dinâmicas de campo magnético terreste e solar, estatística avançada, computação de dados, ciclos solares, proxys variados, calibragens,etc etc.

Por esse motivo é que análises simplistas nunca poderão ser mais do que "conversa de café".
Independentemente de todas as pessoas poderem ter uma ideia, logo à partida a maioria confunde tempo com clima !, variação anual com tendÊncia, séries curtas de longas e numa cadeia lógica basta uma das ideias estar errada que a conclusão ...

Deixo o link e espero que sirva para aumentar o interesse "sustentado" por este tema.


http://www.realclimate.org/index.php/archives/2008/11/mind-the-gap/langswitch_lang/fr


Notar que as seguintes instituições apoiam as conclusões de "causa antropogénica para as alterações climáticas".
( Já estou a ouvir o coro grego dos argumentos da autoridade, mas lembro-me de ler um artigo aqui sobre esse tema....)


Um bom fim de semana a todos

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--------------------------------
National Oceanic and Atmospheric Administration
Environmental Protection Agency
NASA's Goddard Institute of Space Studies
American Geophysical Union
American Institute of Physics
National Center for Atmospheric Research
American Meteorological Society
State of the Canadian Cryosphere
The Royal Society of the UK
Canadian Meteorological and Oceanographic Society
--------------------------------
--------------------------------
Academia Brasiliera de Ciencias (Brazil)
Royal Society of Canada
Chinese Academy of Sciences
Academie des Sciences (France)
Deutsche Akademie der Naturforscher Leopoldina (Germany)
Indian National Science Academy
Accademia dei Lincei (Italy)
Science Council of Japan
Russian Academy of Sciences
Royal Society (United Kingdom)
National Academy of Sciences (United States of America)
-----------------------------
-----------------------------

Australian Academy of Sciences
Royal Flemish Academy of Belgium for Sciences and the Arts
Caribbean Academy of Sciences
Indonesian Academy of Sciences
Royal Irish Academy
Academy of Sciences Malaysia
Academy Council of the Royal Society of New Zealand
Royal Swedish Academy of Sciences

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JSA disse...

Barba Rija, regresso às suas respostas, mesmo que isto venha um pouco atrasado (relativamente ao João).

«refutará em coro comigo a notícia de que o aquecimento global está a "acelerar" desde as últimas previsões feitas».

Isto foi escrito a propósito de eu dizer que 2008 não serve para conclusões. Mas isso não quer dizer que a tal ideia de o aquecimento estar a acelerar esteja errada. Pode estar (não digo nem uma coisa nem outra), mas essas previsões poderão não ter (e não creio que tenham) nada a ver com 2008. Podem ser apenas o resultado de estudos que surgiram agora (corais, novos registos de gelos, descoberta de dados que estavam enterrados algures, etc) ou até refinação dos cálculos (que podem indicar novos valores para a aceleração do aquecimento). Tudo isto recorrendo aos mesmos anos que anteriormente. Repito: não digo que o aquecimento esteja a acelerar, abrandar, recuar ou estagnar. Não sei. Apenas digo que, muito provavelmente, essas "novas previsões" não terão especificamente a ver com 2008 (mesmo que 2008 possa estar incorporado nelas).

«a possibilidade da idade do gelo devido à congelação da corrente oceânica é extremamente interessante, mas gostaria de enfatizar um ponto: é ficção científica». Eu nunca disse que era verdade. Expliquei o conceito a alguém que perguntou. O comentário não lhe era dirigido, porque me apercebi que conhece perfeitamente o assunto. Se é ficcção científica ou uma teoria científica altamente improvável não sei. Sei que, em qualquer dos casos, nunca poderia ser rápido o tal arrefecimento e que antes disso entraríamos numa idade do gelo apenas por via dos ciclos habituais que nos levariam ao fim do Haloceno.

Barba Rija disse...

jsa, digo que a tua resposta carece da mesma assertação que deste no teu comentário anterior acerca de alguém poder dizer que o clima está afinal a arrefecer porque 2008 foi mais fresco. Não tens grande desculpa, as afirmações que dei são exactamente simétricas, independentemente da particularidade do estudo efectuado (degelos, faunas, etc.). Se não se pode dizer que o clima desacelerou o aquecimento num ano, igual proposição se deve defender ao contrário. Ponto final.

No fundo, o meu contrariarismo deriva também desta falta de objectividade imparcial que me assusta. Existe demasiado apego emocional nesta questão que me parece que tende a escolher os factos consoante as agendas científicas, políticas ou sociais adoptadas, o chamado "efeito do observador". E parece-me que este efeito é transversal, desde o mais leigo ao cientista mais especializado.

João, tentarei responder ao teu comentário quando tiver mais tempo, mas li com atenção o que escreveste.

JSA disse...

Barba Rija, não compreendo o comentário. Eu escrevi inicialmente

«Não se pode usar 2008 como exmplo nem de aumentos nem de diminuições de temperatura»

Isto porque não se pode usar um único ano para conclusões de tendências. Isto parece-me óbvio. Em que é que isto contradiz a sua opinião?

João disse...

Barba Rija:

Só agora li o teu ultimo cometario do post acerca do Al Gore. Ajudou muito a perceber melhor o que defendes. Peço desculpa pela desatenção.

Tens uma posição que não considero que seja antagonica à minha, se percebi correctamente. Nem discordamos propriamente de como agir, mas sim quando.

Porque eu estou do lado precaucionario da linha e tu do outro.

Quando estas guerras começaram eram biologos de um lado e economistas e matematicos do outro. Faz para ai uns dez anos ou mais. Ainda não havia geologos ou fisicos metidos na confusão.

Os biologos viam que pequenas alterações no habitat tinham repercursões enormes nos ecossistemas. Tentavam explicar isto com estatistica e modelos logo eram derrubados metodologicamente. A coisa nos dias de hoje é diferente, esta muito mais sofisticada, mas o problema é o mesmo. Não vou argumentar mais sem ver a tua resposta, mas esta é uma chamada de atenção para a fragilidade da biologia.

Anónimo disse...

Agora já mudaram o cartaz da propaganda de "aquecimento global" para "alterações climáticas". Já repararam que deu bandeira.
Os inquisidores e a maquinaria anti-CO2 não desarmam.
O objectivo disto tudo é apenas um: taxar o CO2 para encher os cofres dos governos, pagando luvas brancas aos cientistas do IPCC. Mais um imposto a juntar aos muitos que já temos (legado dos romanos).
É cómico ver notícias nos me(r)dia sobre alterações climáticas e CO2 e a acompanhar vem sempre uma foto de uma chaminé a cuspir fumo (ora o CO2 não é incolor?). Aquilo que se vê são gases venenosos daqueles que os media não falam.

Unknown disse...

Velyn não é, evidentemente, o meu nome verdadeiro. Pessoalmente, sou friorento e a favor do aquecimento global.

Sociedade Civil

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