quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

A FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES EM DESTAQUE NA REVISTA EDUCAÇÃO E EMANCIPAÇÃO

A Revista Educação e Emancipação, periódico de acesso aberto, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Maranhão faz vinte anos. Para assinalar a data, elegeu a formação contínua de professores como tema central. 

O seu volume 15, número 3, acabado de publicar, no formato de "dossier temático", com edição de Lélia Cristina Silveira de Moraes, tem por título: Formação continuada de professores da educação básica: investimento no processo de emancipação humana.

Eis o início do editorial que co-assino com Ilma Vieira do Nascimento e Joana Paulin Romanowski.
"As reformas dos sistemas educativos que se encontram em curso no mundo ocidental –declaradamente alinhadas a princípios neoliberais, integram desígnios de corporações globais – intentam transformar as finalidades da escola, o seu currículo e a avaliação, bem como o sentido do ensino e da aprendizagem. Em consequência, intentam transformar a formação de professores, multiplicando-se as recomendações supranacionais que incidem no modo de exercer a docência, as quais se vêem acompanhadas de programas, modelos e exemplos, constituindo-se, inclusivamente, consórcios para os implementar. 
Em termos de formação continuada, multiplicam-se as recomendações supranacionais para mudar rápida e radicalmente o modo de exercer a docência, as quais se fazem acompanhar de exemplos e programas, formando-se consórcios para os implementar. A formação em causa, que não deveria perder de vista a escola nem os seus professores, tendo sempre por referência os alunos, passa a ser determinada por intentos alheios aos educativos; e, em vez de se pautar por princípios de emancipação do trabalho do professor, pode contribuir, de modo dissimulado, para a sua cativação. Contraditoriamente, a pesquisa sobre a formação aponta para o acolhimento da reflexão crítica. 
O foco escolhido [neste número] é o processo de emancipação humana a ser contemplado nos estudos e pesquisas sobre formação continuada em que os professores desenvolvem sua emancipação e profissionalização. Na verdade, a revista (...) desde sua criação,tem privilegiado esse entendimento de que a emancipação humana é um processo inerente à educação assumida como intencionalidade para uma política de transformação social.

3 comentários:

Rui Ferreira disse...

"Com todas as limitações que estes profissionais [os professores], como pessoas que são, revelam, podemos aceitar que uma tal consciência é a melhor base que conseguimos conceber para a ação profissional autónoma, que deverá ser o mais livre possível de influências e poderes que tentam afastar a educação dos seus desígnios".

Serviço público a favor da consciencialização. A profissão do professor é intelectual. Exige, pois, a emancipação. Todos os professores deveriam ler.

Alberto disse...

Sem autonomia técnica e científica para ensinar, conforme está consagrado no Estatuto da Carreira Única dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário e dos Educadores de Infância, os Professores do Ensino Secundário, muitos dos quais com doutoramentos, mestrados e licenciaturas conferidos por Universidades públicas, que se reveem num passado profissional onde pontificaram figuras intelectuais, como José Régio, Rómulo de Carvalho, Álvaro Cunhal e Virgílio Ferreira, entre tantos outros, estão manietados por
paletes de grelhas de avaliação concebidas para substituirem os professores na apreciação das competências dos alunos em senso comum de rua (aprendizagens essenciais).
No meio da confusão, da violência e da indisciplina escolar, entramos na fase do:
- Salve-se quem puder!

Helena Damião disse...

Caro Leitor Alberto, precisamos de voltar a uma racionalidade e a uma razoabilidade que dá sentido à profissão docente. Como o Leitor Rui Ferreira tem reiterado neste blogue e noutros contextos, é reconhecida em letra de lei a autonomia pedagógica do professor. Precisamos de nos concentrar nisso mesmo para (re)assumiremos a nossa profissionalidade. Entendo que a autonomia em causa só pode ter sentido em função da responsabilidade que solicita. Ou seja, como professores, somos livres (e deve-nos ser reconhecida a liberdade) de escolhermos os procedimentos pedagógicos que concorrem para as finalidades mais elevadas da educação, ou seja, para o que é bem, o que é certo em termos de formação das crianças e dos jovens. Não podemos, não devemos escolher os procedimentos pedagógicos que concorrem para o contrário. É evidente que esta obrigação ética causa (sempre causou) problemas a quem se assume como Educador. A questão é se seremos capazes de, individual e colaborativamente, enfrentarmos esses problemas. O momento que atravessamos põe-nos à prova. Cumprimentos, MHDamião

NOVA ATLÂNTIDA

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