A 23 de Abril celebra-se o Dia Internacional do Livro e também o nascimento de William
Shakespeare.
Deste poeta, um soneto retirado de um livro extraordinário: Os sonetos de Shakespeare: versão integral bilingue, traduzido por Vasco Graça Moura (Círculo de Leitores, 2011, página 153).
Não chores mais por mim quando eu morrer
do que ouças sino lúgubre que diz
aviso ao mundo de que eu fui viver,
ido do mundo vil, com vermes vis.
Nem o ler deste verso te recorde
a mão que o escreveu, pois te amo tanto,
que em teu doce pensar eu não acorde
se o pensar em mim te causar pranto.
Ou se (digo eu) olhares esta linha,
quando eu já for (talvez) lama abatida,
não repitas o nome que eu já tinha
e caia o teu amor com a minha vida.
Se não o mundo ao ver-te em luto pôr
há-de troçar de ti quando eu me for.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
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7 comentários:
Que boa maneira... de estropiar a poesia de Shakespeare! JCN
A tradução não estropia a poesia de Shakespeare. É suficientemente bela para despertar a curiosidade de o ler em inglês, acredito que mesmo a um leitor que goste de poesia mas nunca tenha lido nada de Shakespeare.
Se eu acaso nunca tivesse lido e apreciado a poesia dos sonetos de Shakespeare, confesso que, depois de ler esta tradução, ninguém me convenceria a lê-lo, pois seguramente não lhe acharia graça alguma, pese a chamar-se Graça o respectivo tradutor! Ironia à parte, claro está. JCN
Traduzem-se as palavras; não se traduz a poesia, cujo perfume se esvai, a não ser que o tradutor tenha a craveira do poeta a traduzir. Será o caso? JCN
Opiniões...
E daí?... JCN
Ao meu jeito, arremedando o genial autor:
Quando eu morrer, ninguém chore por mim:
basta-me o lúgubre tanger dos sinos
para espalhar a nova do meu fim
com seus pungentes ecos genuínos.
É que eu deixo este mundo sem saudade,
onde impera a vileza refinada,
a fim de repousar na eternidade
onde minha alma espera dar entrada.
Nem sequer leias este meu poema
se por acaso te fizer chorar,
pois o teu pranto me daria pena
por não podê-lo já... suavizar.
Não deixem que ninguém vos escarneça
se de cinza cobris... vossa cabeça!
JCN
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