Há uns anos, penso que cinco ou seis, convidei para uma aula de pedagogia, sobre o funcionamento do sistema educativo, o presidente do conselho executivo duma certa escola secundária que considerava, e ainda considero, das melhores do país.
Esse (agora) director começou por afirmar a dificuldade de orientação nesse sistema pela falta de uma linha condutora.
Didacticamente, explicou: a dispersão das políticas e medidas para o ensino por inúmeros documentos, torna o domínio do seu conhecimento praticamente impossível; as incongruências que, quando comparados, revelam, perturbam a sua compreensão; as mudanças constantes impede uma reflexão digna desse nome e o consequente aperfeiçoamento; a linguagem equívoca não pode deixar de suscitar dúvidas insolúveis.
Tudo isto, e muito mais, faz perder tempo precioso e energia, gera conflitos inúteis, provoca insegurança em quem tem de decidir. Desencadeia, enfim, um desnorte que parece ter-se tornado geral, crónico e impossível de superar…
Aqui chegados, um estudante perguntou: “Se tivesse oportunidade para mudar o estado que refere, o que faria?”. O convidado, ponderou e respondeu muito naturalmente: “Parava o sistema por um, dois anos ou os que fossem necessários para ler tudo, ver o que se poderia aproveitar e começava a partir daí".
Este texto continua aqui.
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1 comentário:
Parar para pensar, faz todo o sentido. Parar o sistema - as utopias são imprescindíveis, são a força motriz das verdadeiras mudanças. E é disso que precisamos!
"a linguagem equívoca não pode deixar de suscitar dúvidas insolúveis." - só não creio que valesse a pena perder tempo a ler as palhaçadas dos documentos que desnorteiam a educação já há demasiados anos consecutivos. Eu pegaria simplesmente nos grandes pensadores, nos clássicos,nos especialistas - naqueles poucos que não suscitam dúvidas a quase ninguém - e partiria daí, rodeando-me de pessoas de bem que, estimuladas pela simplicidade, se exprimissem com clareza.
É bom haver convidados com respostas inspiradoras.
HR
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