domingo, 16 de outubro de 2011

Os catastrofistas

Quando certos economistas afirmavam, com grande segurança, a ruína, a ruptura invitável e muito próxima do sistema financeiro europeu, com particular impacto em alguns países, entre os quais o português, dizia-se que não era assim, que não podia ser assim, que esses economistas estavam errados. Políticos e pessoas comuns consideravam-nos uns pessimistas, uns catastrofistas. Afinal, os dias, os meses, os anos passavam e nada se via de particularmente inqueitante que permitisse dar-lhes objectivamnte desse razão.

Mas, como bem sabemos, aconteceu.

Olhando para esse passado ainda tão próximo, não podemos deixar de perceber que, lamentavelmente, esses "catastrofistas" estavam certos, certíssimos; desconfio, até, que, por lhes escaparem dados (alguns eram, e são, segredos bem guardados) nem eles previram a inteira dimensão da desgraça. A desgraça que é o retrocesso em direitos constitucionais, porque direitos humanos.

Um desses direitos é o direito à educação escolar. À educação escolar para todos, sem qualquer distinção.

Não posso deixar de reconhecer que esse direito está em causa desde há muito. Um certo discurso ideológico e as medidas políticas (para o currículo, para a selecção, formação e a avaliação de professores, para o funcionamento das escolas…) têm gerado erros atrás de erros. Todos gravíssimos e a acumularem-se, produzindo um estranho engenho em auto-gestão, sem rumo nem controlo.

Alguns professores, investigadores, pensadores têm feito soar o alerta: apesar de haver excepções, os alunos do ensino básico, secundário e superior não aprendem nem manifestam vontade de aprender o que seria desejável que aprendam. Não sabem o que pensar e muito menos o que fazer. A desorientação consolida-se e alia-se a uma certa má consciência de não cumprirem um dever: o dever de educar.

Será que mais dia menos dia se irá reconhecer, abertamente, que o sistema de educação faliu como faliu o sistema económico? Se for, quando o será? E haverá uma espécie de FMI, a impor medidas de urgência? E serão medidas que contribuirão para a educação de todos, ou apenas de alguns?

2 comentários:

José Batista da Ascenção disse...

Oferece-se-me o seguinte comentário:

1º Aos professores do ensino secundário e superior, mas refiro-me especificamente aos do ensino secundário, compete ensinar. E só na medida em que ensinem bem estão a educar bem. Entendo que, a partir dos 14-15 anos, a educação, mais que ensinar-se, exige-se, sendo que quem a exige deve, obrigatoriamente, dar o exemplo.

2º O sistema de educativo, tal como existe e (não) funciona, faliu há vários anos. Anos esses em que temos vivido (nós os supostamente adultos e responsáveis) em estado de negação.

3º O alerta (dramático) vem tarde, e na interrogativa. No entanto, mais vale tarde do que nunca. Se é que ainda vem a tempo.

4º Corremos o risco de entrar em período de barbárie. Espero eu que os que ainda se possam educar não sejam aniquilados pelos (muitos) que não foram educados nem já estão recetivos a qualquer educação. Por estado de necessidade e por impossibilidade.
Foi o que construímos.
É o que temos.

5º Acalento uma certa esperança de estar enganado. "Perdoarei", de bom grado, a quem mo demonstre. Não tenho a mesma boa vontade em relação aos obreiros(as)disto. Nem a quem com eles(as) pactuou e/ou (de algum modo) com eles(as) pactua.

Desculpem qualquer coisinha.

Anónimo disse...

O direito à educação é importantíssimo porque garante-nos o futuro. No entanto, hoje o que está em causa é o direito à vida porque muita gente não está a ter o suficiente para comer e para medicamentos/tratamentos indispensáveis.

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