sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ainda a fuga de cérebros

A TVI24 também deu destaque aos meus comentários à Lusa sobre o Orçamento de Estado. Transcrevo do sítio desse canal televisivo:

O físico Carlos Fiolhais, da Universidade de Coimbra, está preocupado: com os cortes previstos no Orçamento do Estado para 2012, «há o perigo de alguns jovens cérebros brilhantes se sentirem tentados a ir para fora de fronteiras e, pior do que isso, a lá ficar. Para eles poderia ser bom, mas era mau para nós».

Ou seja, aos jovens «a quem demos bolsas, temos de lher dar vida. Não basta dar-lhes apenas uma bolsa, mas temos de lhes dar também a possibilidade de ascenderem à cátedra e criarem os seus grupos de investigação dentro da universidade».

O docente defende maior ligação da ciência à universidade e, dentro desta, maiores oportunidades para os investigadores. E defende a «ligação dos jovens talentos à economia. É preciso que os jovens brilhantes na investigação vão também para as empresas. E é preciso que as empresas percebam que tem ali também uma maneira de asssegurar o futuro». Os agentes económicos devem deixar de «ver apenas a curto prazo» e porem os jovens com alta formação nas empresas «a fazer o futuro», acrescenta à Lusa.

Para Fiolhais a esperança está na a criação uma base de dados que espelhe a «diáspora científica» e que «jogue a nosso favor», no sentido de assegurar que talentos que preferiram fixar-se noutros países continuem a colaborar com Portugal e o seu tecido científico e empresarial.

O reitor da Universidade do Porto, Marques dos Santos, afina pelo mesmo diapasão e também ele receia que os cortes possam levar à fuga dos «melhores» e deixa apelo aos cientistas e investigadores para que fiquem «a ajudar a desenvolver o país».

Marques dos Santos entende que, actualmente, «não se pode pensar no que o Estado pode fazer por nós, mas no que podemos nós fazer pelo Estado».

Menos pessimista, o director executivo do Health Cluster Portugal (HCP), Joaquim Cunha, desdramatiza uma eventual fuga de cérebros do país por causa dos cortes orçamentais, desde que essa «fuga» seja compensada.

«Não faz mal que saiam e que regressem mais tarde desde que outros venham ter connosco. Quer em termos de Ciência, quer em termos de Economia estamos num mundo global, daí que acho que não faz mal nenhum as pessoas hoje estarem a trabalhar na Holanda, nos Estados Unidos ou na Alemanha».

2 comentários:

Cisfranco disse...

Isto é um desafio aos políticos para que criem condições para que estas pessoas se sintam estimuladas a trabalhar no país. Ninguém faz opções de vida simplesmente por razões patrióticas, pelo que, num mercado de trabalho globalizado, cada um se decide por onde se sinta melhor, pesados todos os aspectos.

Cláudia S. Tomazi disse...

"a quem damos bolsas temos, de lher dar vida?"
poderiam por exemplo: "oferecer uma carreira"


"jogue a nosso favor"
aposta - jogo, roleta, sorte ou azar...
"construam, evoluam a nosso favor"

fazer o que...
Qual a ética deste Estado?
reflexo: é responsável ou responsabilizado.

Os jovens são a chave do futuro.
Não há fuga de cerébros, mas da perspectiva das ações.

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