sábado, 1 de outubro de 2011

A lógica do sistema


Destaque habitual para a coluna de J.L. Pio Abreu no "Destak":

"O sistema financeiro que nos governa tem uma lógica implacável: a selecção dos fortes, que mais fortes ficarão, e a aniquilação dos fracos. O truque está nos juros que substituíram os dividendos da riqueza produzida. Os mais ricos (pessoas, famílias, empresas, Estados) podem pedir emprestado com juros baixos, frequentemente para emprestar com juros elevados. É tudo ganho. E a quem vão eles emprestar? – Aos mais fracos, que são esmagados pelos juros até à sua aniquilação. Sugado o pouco dinheiro que tinham, serão depois desapossados dos seus bens.

Este sistema foi imaginado por Milton Friedman e seus colegas de Chicago, e implementado por Ronald Reagan e Margaret Thatcher. O ideólogo de serviço era Friederich von Hayek, um filósofo-economista com formação biológica e psicológica que se baseou num apressado modelo darwiniano da evolução espontânea através da selecção natural competitiva. Por outras palavras, o seu modelo era a selva. Cego para a Declaração Universal dos Direitos Humanos e para a Justiça Social, von Hayek argumentava que a natureza também não era justa.

Mas ninguém pensou que a actividade predatória, comandada pelos CDSs e pelas agências de rating, atingisse as proporções actuais. A desconfiança e o salve-se quem puder acabaram por paralisar a Europa, onde apenas se pergunta quem será a próxima vítima. E já todos perceberam que têm de inverter a lógica do sistema. Afinal, na selva, nem os elefantes estão seguros."

José L. Pio de Abreu

17 comentários:

Unknown disse...

Custa ler, aqui neste blogue que é uma referência em termos de seriedade intelectual, um poste como este, recheado óbvias falsidades, e alguns habituais lugares comuns de inspiração ideológica.
Não sei quem é Pio de Abreu, mas não é certamente economista. E de Friedman e Hayek, só deve ter lido as gordas.
Lamentável...

Leonardo disse...

Concordo com o comentarista O-Lidador. O senhor José Abreu não parece entender muito das ideias de Hayek e Friedman, pelo visto. Sabemos que o maior problema que aí está (Europa e USA) é causado justamente pelo Estado de bem-estar-social, ou social-democracia. Há tempos que os EUA já não são como na era Reagan e nem a Inglaterra como na era Thatcher, se estívessemos naqueles tempos, creio que a Europa e EUA não estariam em situação tão calamitosa.

António Pedro Pereira disse...

Senhor O-Lidador:
José Luís Pio-Abreu é psiquiatra e prof. na Universidade de Coimbra, de reconhecido mérito e com abundante obra publicada de reflexão sobre vários aspectos da saúde mental, da cultura e da sociedade.
Não poderá pronunciar-se igualmente sobre a economia e os seus efeitos na sociedade?
Ou apenas os economistas o poderão fazer? É que estes vivem numa babilónia de ideias contraditórias que só confundem o cidadão comum, apresentando uns soluções que outros consideram desastrosas, e vice-versa.
Quanto ao que diz serem «óbvias falsidades, e alguns habituais lugares comuns de inspiração ideológica» era bom que as indicasse objectivamente.
O que fez foi aquilo de que acusa Pio-Abreu: limitou-se a fazer uma apreciação crítica marcada por uma visão meramente ideológica.
Outra acusação gratuita que fez a Pio-Abreu foi a de, sobre «Friedman e Hayek, só … ter lido as gordas». Não sei o que leu, mas Pio-Abreu faz uma apreciação crítica bem precisa e substancial, pelo que deve ter lido mais do que as gordas.
O senhor O-Lidador ter dito o que disse é que nos leva a concluir que talvez não tenha passado das «gordas».

António Pedro Pereira disse...

Senhor Leonardo:
E o senhor perceberá mesmo o que se passa?
Comparar o Estado Social da Europa ao dos EUA (onde não existe) e, pasme-se, culpar este e a social-democracia pela crise é de quem conhece verdadeiramente o mundo em que vive.
Quem criou o Estado Social na Europa após a Guerra de 1939-45 (excepto nos países nórdicos) foi a democracia-cristã, pois os partidos sociais-democratas ou socialistas apenas acederam ao poder de forma mais generalizada a partir dos anos 90, quando os efeitos da globalização que se seguiu à queda do muro de Berlim (e o fim do comunismo, o verdadeiro motivo para a criação do Estado Social) se começaram a fazer sentir.
E não considerar precisamente a globalização (com a consequente transferência da produção industrial e dos serviços para o Oriente) e a financiarização da economia (com a desregualação tacheriana e reaganiana que se prolongaria até hoje) como as raízes dos problemas é de mestre.
Será que considera que o Lemon Brothers (e o nosso BPN), o Subprime e a falência da Enron e da AGC, tudo nos EUA, resultado do Estado Social e da social-democracia?
É evidente que o Estado Social é inviável nestas condições de organização da produção e da economia. Mas apesar de a crise do Estado Social na Europa, é precisamente nos países nórdicos governados pela social-democracia (onde o Estado Social mais se aprofundou) que este melhor resiste. Paradoxal, não é?
Viva feliz com os seus preconceitos ideológicos, mas, ao menos no factual, poupe-nos a paciência.

MM disse...

Achei a opinião do senhor José L. Pio de Abreu, de uma sensibilidade superior. aconselho o
documentário The Shock Doctrine (2009)Milton Friedman e Friedrich Hayek.

Unknown disse...

Sr António, nem Hayek nem Friedman são redutíveis a caricaturas, como este Sr Pio faz.
Claro que se trata de um poste e de uma opinião intelectual (um intelectual é quem opina sobre assuntos nos quais não é especialista) mas, justamente porque tem uma reputação a defender,deveria evitar fazer sínteses claramente FALSAS, do pensamento de dois notáveis Nobel da Economia.
Seria, mutatis mutandis, como eu resumir em duas frases burlescas, o trabalho do Dr Pio, na sua área de especialização.
Obviamente que não me atrevo.

E repare o António que o que fez, ao rebater o meu comentário, foi atirar-me à cara os galões do autor, numa area que nada tem a ver com o assunto.
A opinião do Dr Pio sobre esta matéria, é tão válida como a do Cristiano Ronaldo sobre fisica de particulas. Sobre esse assunto, está cá o Carlos Fiolhais...

Unknown disse...

"Será que considera que ... o Subprime.... e a resultado do Estado Social e da social-democracia?"

Sim, em grande parte. O crédito de risco foi uma iniciativa federal. Foram instituições hipotecaŕias federais ( Fannie Mae e Fredie Mac) quem assumiram a liderança, sob a batuta do governo federal. Os bancos privados foram sugados para o negócio, uns porque acreditavam que se o estado garantia, o negócio não tinha risco, outros porque as autoridades pressionaram (houve ate ameaças de processos judiciais).
O que aconteceu a seguir foi o normal aproveitamento ganancioso de uma situação perversa criada pela intervenção errada do Estado.

MM disse...

O-Lidador, os economistas está mais que provado que são um bando de especuladores sem terem a certeza absolutamente nenhuma das parvoíces que debitam. volto a referir para ver o documentário sobre esse ser matreiro que foi o Milton F.
ou então a entrevista da professora brasileira Maria da Conceição Tavares fez na tv. está no youtube.
a sua intelectualidade é pouco humilde.

António Pedro Pereira disse...

Caro Cônsul F. Excelsior:

Não estará a ser demasiado ousado na sua crítica aos «deuses do novo pensamento único»?
Cuidado, eles são (cada vez mais) intocáveis.
Ainda se arrisca a ser vítima de Auto-de-fé em pleno Terreiro do Paço por heresia (agora não religiosa mas económica).

MM disse...

Caro António Pedro Pereira, qualquer dia fazem franchising das suas doutrinas, ou então direitos de autor pela exclusividade de toda a "matéria" universal. taxada com juros obviamente.

António Pedro Pereira disse...

Senhor O-Lidador:

«A opinião do Dr. Pio sobre esta matéria, é tão válida como a do Cristiano Ronaldo sobre fisica de particulas. Sobre esse assunto, está cá o Carlos Fiolhais... »

Mas as opiniões valem pelo conteúdo ou pelo currículo do seu autor?

É que por esse critério o Prof. C. Fiolhais não se podia expressar sobre Educação. As suas opiniões valeriam tanto como as do Cristiano Ronaldo.
Para mim não valem, talvez para si.

Que tristeza de contra-argumentação a sua.

Unknown disse...

Exactamente, meu caro António. É por isso que, na discussão, se deve evitar argumentar com os galões do autor, como fez o nosso Consul.
Respondendo à sua pergunta, se eu não souber nada do assunto, tendo a aceitar melhor a opinião de um Carlos Fiolhais, do que a de um taxista.
Mas não ponho as mãos no fogo. E se Carlos Fiolhais escrever uma óbvia asneira, é claro que a contesto. Ora como o Dr Fiolhais, tal como o DR Pio, têm reputações de seriedade intelectual a defender,devem ser cuidadosos naquilo que afirmam.C
Coisa que o Dr Pio não fez. E, lamentavelmente, o blogue publicou.

Unknown disse...

"os economistas está mais que provado que são um bando de especuladores sem terem a certeza absolutamente nenhuma das parvoíces que debitam"

Bem, as afirmações dogmáticas, pela sua natureza, não são rebatíveis.
Na verdade este tipo de afirmaçõẽs irritadas, dizem-nos sobretudo do que vai na cabeça de quem as profere...e nada de particularmente exaltante.

MM disse...

Nada de exaltante sem dúvida caro O-Lidador, reconheço. Contudo, a sua conformidade pactua com os estado deplorável a que a humanidade atingiu. introduz uns chavões de cátedra para defender um autêntico crime premeditado por governos subservientes aos gananciosos senhores do livre capital!
seja feliz.

Unknown disse...

"uns chavões de cátedra para defender um autêntico crime premeditado por governos subservientes aos gananciosos senhores do livre capital!"

Como chavão, seria dificil arranjar melhor. Ouço-o constamente, papagueado por revolucionários de teclado, taxistas enfadados, intelectuais frustrados, sindicalistas a tempo inteiro e politicos Peter Pan.
Fique bem...não me interessam os debates em que uma parte se limita a declamar pensamento enlatado.

Unknown disse...

Ah, quanto à economista que refere, trata-se do claro exemplo gramasciano de marcha dos intelectuais orgânicos atraves das instituições.
Os marxistas não são referência para ninguém, em matéria de ciência.
É matéria teológica...

MM disse...

A sua exclusividade arrogante deve-se com certeza ao perímetro de uma lata de salsichas do tipo Frankfurt ( de 6 unidades!).

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