Trata-se dum tipo de exercício em que as crianças (de oito anos) devem estabelecer a ligação entre um item da primeira coluna e um item da segunda coluna.
Na apresentação deste exercício, em concreto, não consta qualquer indicação de que pode haver três ligações dessa ordem e uma ligação entre os quatro itens da primeira coluna (pinheiros, sobreiros, eucaliptos e castanheiros) e um só item da segunda coluna (madeira).
Assim, as crianças, deduzem, como hoje vi deduzirem, que só o pinheiro dá madeira.
Mas também podiam deduzir que um produto directo do eucalipto era a pasta de papel...
9 comentários:
A criança pode não saber tudo mas de outiva que há móveis construídos com pinho que associação a pinheiro que dá madeira.
E aqui pode ser o jogo da exclusão por partes, considerando que castanheiro e castanha têm a mesma etimologia=sons parecidos ou similares.
Depois, não há professor no ensino primário que não fale no sobreiro a dar cortiça, e de outiva alcançar os protestos que muitas vezes se captam por causa do derrube dos sobreiros.
Solucionadas e excluídas estas estas, agora é fácil concluir que o eucalipto dá a pasta para o papel.
E também por exclusão de partes, sei que não tenho oito anos, o que me põe numa situação falsa.
Troque as colunas.
João
O raciocínio que faz é possivelmente aquele que os autores esperam. E pensando assim acaba-se por fazer o exercício.
Mas a questão deve ser colocada de outra forma: qual o objectivo de um problema destes?
Ao tratar certas ligações como privilegiadas, apenas porque serão eventualmente mais frequentes, e ao ignorar as restantes, estamos a desenvolver o espírito crítico e a capacidade de descobrir relações ou estamos a sublinhar que só as ligações óbvias do senso comum devem ser consideradas?
Além do mais, como a Helena sugere, do lado direito aparecem ao mesmo nível os frutos (castanhas), os materiais que se extraem (madeira, cortiça) e produtos fabricados a partir das árvores (pasta de papel).
Estes exercícios podem ser um pesadelo para um aluno inteligente. São tanto mais simples quanto menos se pensar e mais se seguir o senso comum mais básico.
As nossas escolas têm que conseguir fazer melhor do que isto.
Criancices... de gente adulta! JCN
De exercícios tão "brilhantes" como este está a generalidade dos manuais cheia, independentemente das disciplinas e das respectivas áreas.
Como foi dito, há alunos inteligentes que manifestam um legítimo fastio e, por vezes, alguma revolta, com exercícios deste tipo. Que não é a único, longe disso... Há mesmo modos de perguntar que são autênticos hinos de estupidez. É por exemplo o que acontece com muitas perguntas dos exames de biologia e geologia do ensino secundário. Mas não se deve falar nisto. Nem da extensão dos ditos exames, que chegam a estender-se por 16 páginas! O que constitui também, para além do resto, uma mosntruosidade ecológica.
Para saber se um aluno sabe, e sabe raciocinar, não são precisos tais contorcionismos docimológicos nem escandalosos desperdícios de energia e recursos.
Sem qualquer benefício visível, senão o de dar emprego a umas quantas pessoas...
O grande problema são as deduções erradas que o exercício permite e que as crianças inferem, porque não são estúpidas! (apesar de o sistema, com o tempo, conseguir o milagre de assim as tornar).
Exemplos destes são já a regra, encontrar um instrumento de trabalho escolar com poucos erros científicos e/ou pedagógicos é um achado que já não se acha.
Já algúem olhou para o novo programa de português???
Para quem não está no meio - entre os professores há que distinguir os que têm uma formação científica sólida e uma conduta ética universal e os que não têm nem uma nem outra, sendo que estes últimos estão a ocupar cargos de coordenação, direcção e afins, com o conivência dos Encarregados de Educação que, exaustos, querem apenas que a escola onde depositam os filhos não lhes traga mais cansaço ainda. O resultado é uma praxis invertida em que "contra argumentos não há factos".
O resultado final é hediondo: domesticam-se crianças e adolescentes, retirando-lhes o direito (e o gosto) ao conhecimento, e bestializam-se adultos, retirando-lhes o direito à racionalidade no seu trabalho.
É preciso continuar a denunciar estas e outras situações fora das escolas, pois dentro delas já não é possível.
HR
Caro Carlos
Não acredito - e sei do que falo - que os livros do 3º ano de escolaridade, só têm exercícios do teor que a Professora Helena Damião apresentou.
Há exercícios de outro teor, e é bom não esquecer que a variedade colocada em exercícios de diversa construção e configuração motiva mais os alunos.
O exemplo apresentado é um deles, e não podemos avaliar o conteúdo por um exemplo isolado, por precário que pareça.
Agora, se me diz que são páginas e páginas com esta tipologia de exercício... então o aluno adormece e aborrece a escola.
Caro João
Ninguém por aqui disse que só tinham exercícios deste teor. O que se discute é se exercícios deste teor deveriam existir ou não.
Penso que não. Exercícios deste teor são contraproducentes. Se a variedade pode ser positiva, não incluo nessa variedade exercícios mal construídos, errados, que conduzem a uma confusão desnecessária ou mesmo a ideias erradas.
A crítica pública de manuais deve existir de forma pacífica. E é bom mencionar quais os manuais que apresentam erros.
Enviar um comentário