domingo, 14 de novembro de 2010

Por isso, vamos lá...

Como sabem os leitores, o De Rerum Natura é um blogue onde se fala de várias coisas do mundo, procurando expor-se a sua natureza e compreendê-las, tanto quanto isso for possível. Uma das coisas de que pouco temos falado, apesar de ser uma das coisas mais naturais do mundo, é a doença.

Uma pessoa próxima de um de nós fez-nos chegar a mensagem que um amigo seu, neurocirurgião, lhe mandou recentemente pelo facto de lhe ter acontecido o que nos pode acontecer a qualquer momento: adoeceu. Agradecendo a confiança que depositou neste sítio, e com as devidas autorizações, aqui reproduzimos, a seu pedido, embora sem referir nomes, essa mensagem que, além de além de saber técnico, revela sensibilidade, afinal duas vertentes da mesma humanidade.

“Não sendo especialista na área, vê-se bem um tumor a nível do pulmão esquerdo no lobo superior e localizado posteriormente - aqui, por não conhecimento de causa não te posso dar mais opinião em relação ao tratamento, isto é, não sei se teria indicação cirúrgica ou não e no caso de não ter, qual o tratamento adequado. Tentei falar com o Colega mas ainda não o consegui, vou continuar a tentar e digo-te depois a opinião dele. Em relação à parte cerebral o tratamento proposto está 100% correcto e numa grande percentagem de casos é muito eficaz, no caso particular de lesões secundárias a tumor do pulmão. A droga proposta que te dão é para diminuir o edema que se vê à volta da lesão frontal, que muito provavelmente foi também a que provocou a crise convulsiva. Não sei se estás a tomar ou não antiepilépticos, mas se não estiveres, se voltares a ter alguma convulsão isso torna-se mandatório.

Agora é fazer os tratamentos, força e muita esperança. Como sabes, a parte psicológica é muito importante e não raras vezes temos resultados surpreendentes, por isso meu amigo, vou-te contar a história da minha mãe: Há um ano e meio tiraram-lhe um rim por um tumor que a histologia veio provar ser o mais maligno possível: carcinoma com grande componente sarcomatoso. Tinha ainda duas metástases pulmonares, pelo que acharam que não devia fazer mais nada, nem rádio nem quimio e disseram-me que teria quatro meses de sobrevida, que aproveitasse... Bom, ela disse "nem pensar", com a grande vontade de viver que tem. E já lá vão quase dois anos...

Acreditas que as metástases desapareceram e que o tumor está completamente "limpo"? A TAC não mostra nada na área. Claro que o caso dela era diferente... era muito mais grave!!! Por isso, vamos lá atacar o touro pelos cornos e mostrar quem manda aqui."

1 comentário:

cristina simões disse...

A ciência humanizada que deveria ser uma prática generalizada. Mas só transmite uma mensagem dessas, quem tem noção dos seus limites e confia no ser humano.
Emocionante.

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