Apesar da minha cabeça ser povoada pelo mundo dos livros (por profissão) e pelo mundo do Cosmos (por formação académica e paixão íntima), hoje gostaria de assinalar o desaparecimento de uma figura do mundo da música: Henryk Górecki, provavelmente o mais conhecido compositor polaco dos nossos tempos, deixou-nos no passado dia 12 deste mês.
A obra mais conhecida foi a sua 3.ª Sinfonia - "Symphony of Sorrowful Songs" - uma peça que retrata todo o turbilhão emocionalmente pesado, triste, densamente melancólico associado à tragédia dos judeus na 2.ª Guerra Mundial. Nessa mesma obra, foram incorporadas elementos vocais do texto do séc. XV "Holy Cross Lament" e algumas frases que recuperou das paredes de uma prisão da Gestapo, acrescentando assim um componente imensamente dramática nessa sua famosa sinfonia.
Porém, gostaria de realçar uma outra criação de Górecki, não tão conhecida mas igualmente poderosa do ponto de vista da beleza e da sua origem. Em 1973, a UNESCO declarou que esse seria o ano de Copérnico, uma forma de relembrar os 500 anos do nascimento de um dos mais importantes homens da revolução astronómica dos séculos XV e XVI. Quem melhor do que um seu compatriota para glorificar musicalmente o seu impacto? Assim nasceu a sua Sinfonia n.º 2, II Symfonia "Kopernikowska". Apesar de menos conhecida, é uma obra que capta todo o fascínio, mistério, deslumbramento e triunfalismo que o intelecto de Copérnico trouxe dos céus para a ciência e cultura do Homem.
Para apreciar (a sua parte final).
2 comentários:
Parabéns, Miguel, pela associação a um tão ilustre naipe de pensadores.
Obrigado, Luís. De facto, é uma honra pesada pela excelência da qualidade. Espero estar à altura.
Abraços,
MG
Enviar um comentário