O excerto final de Vitorino Magalhães Godinho, que surge mesmo no fim do seu livro "Mudar Portugal" (Colibri, 2009):
"Leio na imprensa (Diário de Notícias, 3-12-2009) uma apreciação global do FMI sobre a situação portuguesa e um articulado de recomendações para a recuperação. Surpreende-nos a superficialidade do diagnóstico e a inadequação do plano de intervenção. Diagnóstico: "economia altamente endividada, condições monetárias provàvelmente mais restritivas, fraca produtividade e necessidade de consolidação da posição orçamental"; reconhece-se, é certo, que os problemas préexistiram à crise. Sem dúvida o alto endividamento e a fraca produtividade fazem parte da caracterização estrutural da economia portuguesa, mas não bastam, como vimos, para definir a sua estrutura. Toda a política proposta se norteia pelo objectivo de consolidação orçamental, que não passa, não deve passar de um instrumento de uma política económica global. Ora o que o FMI propõe é a contenção no aumento dos vencimentos na função pública - e sem dúvida também nos salários do sector privado -, condena a subida do salário mínimo, que é uma das medidas mais indispensáveis. A obsessão é evitar o aumento do défice em 2010 (em 2009 será de 8%), mas entendemos que pode ser necessário mantê-lo elevado por mais um ano ou dois ou mesmo mais. Para atingir aquele objectivo, recomenda o FMI cortes nos apoios sociais - quando se impõe mantê-los e até alargá-los -, e o cúmulo é atingido quando pretende restringir o subsídio de desemprego - a mais grave consequência da crise estrutural. Por outro lado, quere alargar a base contributiva, quando o importante é combater eficazmente a fraude fiscal e subir as taxas para os ganhos faraónicos: e aceita até a subida do IVA - notório atentado ao nível de vida dos desvavorecidos e mesmo da classe média. Para debelar a crise há que tomar medidas de emergência (como a regulação do sistema financeiro e os auxílios), mas simultâneamente realizar a refundição estrutural que leve à economia mixta norteada pelo interesse público."
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
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2 comentários:
Mas lembremos-nos que o FMI mais não é que uma instituição controlada pelos interesses imperialistas dos EUA (por enquanto) acham que iriam apoiar medias sociais?
A questão é que o país vive há décadas da subsidio dependência, que vai acabar em breve e causar uma crise social e esperamos que não mais que isso!
O país está falido e metem-se a construir obras de tgv, aeroportos, terceira ponte sobre o tejo, não sabem que o dinheiro tem que se pedir emprestado a juros altíssimos? Ora e quem paga? o mesmo de sempre, o contribuinte!
Mas o problema é que a máquina fiscal pela sua natureza nunca deixa escapar o pequeno contribuinte mas deixa escapar o grande, aquele que mais tem que pagar é aquele que mais facilmente consegue escapar, deveria ser ao contrário, mas enfim..
Depois se o governo se propõe a arrecadar x milhões em impostos, ele arrecada, vai busca-los aos que não conseguem fugir porque pagam pelos outros grandes!
Se todos pagassem o que devem dava menos a cada um!
Portugal é um país de fraca produção! Há séculos que andamos nisto! Enquanto não nos mentalizar-mos que não podemos viver ás custas do estado, dos subsídios, das aldrabices e que temos que trabalhar, isto não vai lá.
Façam as contas, da população verdadeiramente activa que tem que trabalhar e descontar para suportar uma economia parasitária de muitos que andam para ai a passearem-se a fazerem que governam e outros que declaradamente não querem trabalhar e pedem o rendimento mínimo!
Depois os socialistas que nunca o foram no meio desta crise ajudam os banqueiros, os bancos não eram privado?, ora deviam ter sido deixados à sua sorte, falência com eles, também não distribuíram os lucros por ninguém quando os tiverem e têm, escondidos claro!
E assim se governa este país, à base da aldrabice, da carolice de alguns, da malandragem de muitos e de todos tentarem arranjar uma maneira de ganhar mais dinheiro fazendo muito menos, de preferência sem trabalharem! e os políticos são profissionais nesta arte de se "governarem" sem fazerem nenhum, brincam à política!
Pelo que concluo e com muito pesar meu e de aqueles que trabalham e são honestos, que este país é um país de malandros e calões!
Pode-se ainda adicionar o excessivo peso do estado na economia, os cerca de 2/3 da população que dependem do estado. E como somos todos bons rapazes, à corrupção a que isso origina...
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