No dia 14 de Outubro próximo, às 18 h, Alfredo Barbosa Henriques, do Centro Multidisciplinar de Astrofísica do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, proferirá uma conferência intitulada O Universo de Einstein. A entrada é livre.
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Videodifusão http://live.fccn.pt/fcg/
"A contemplação dos céus constituiu desde sempre uma fonte de inspiração para os seres humanos. O firmamento e os astros eram o reflexo do que se passava na Terra, por vezes idolatrados, outras vilipendiados, marcando pela sua presença constante os ritmos da vida social. O modo de olhar e de compreender o nosso planeta e as suas características influenciou de forma igualmente poderosa o pensamento sobre o cosmos e os seus componentes. Pode-se dizer que o conhecimento dos astros e o saber sobre a organização das sociedades humanas sempre funcionaram como um jogo de espelhos.
Por esse motivo, quando em 1610 Galileu publica o Siderius Nuncius (Mensageiro dos Céus) a mensagem que se anuncia é a da formidável revolução científica e social que a modernidade então encetava. A natureza iria igualmente revelar as suas leis, tal como qualquer sociedade civilizada, em benefício da humanidade. E, de facto, descobriram-se novos horizontes e as fronteiras do cosmos caminharam para o infinito, no espaço e no tempo. O Universo das vozes e das súplicas transformou-se num mundo de luz. Uma riqueza imensa e inesperada de novos fenómenos emerge desta extraordinária exploração, que urge apreender e compreender.
O Ano Internacional da Astronomia celebra precisamente este formidável empreendimento. A Fundação Calouste Gulbenkian, a Associação Cientistas no Mundo e o Centro Ciência Viva de Constância colaboram nesta comemoração, dando a conhecer a todos o mundo em que vivemos, a sua beleza e a sua dinâmica, mas também o entusiasmo e a imaginação daqueles que diariamente interrogam e questionam as suas fronteiras."
João Caraça, Director do Serviço de Ciência da Fundação Calouste Gulbenkian
Começaremos a palestra com uma exposição, que se pretende simples, dos conceitos básicos que definem a relatividade geral, chamando a atenção para as diferenças importantes que separam esta teoria da mecânica newtoniana. Feito isto, entraremos, então, na descrição do modelo do Big-Bang. Veremos o papel crucial que a relatividade geral tem no estudo da cosmologia, em particular na compreensão desse fenómeno espantoso que é a expansão do universo, expansão que não é uma expansão através do espaço, mas sim uma expansão do próprio espaço. Deste fenómeno da expansão poderemos tirar importantes conclusões sobre o passado do universo, sobre a história da sua evolução e sobre os fenómenos físicos que foram relevantes nesta evolução.
Como não podia deixar de ser, importantes dificuldades foram e estão a ser encontradas, à medida que as nossas observações se foram tornando mais precisas e sofisticadas, exigindo a introdução de novas componentes de energia e matéria do universo, cuja interpretação é, ainda, altamente problemática. Uma das maiores dificuldades, do ponto de vista teórico, resulta da aparente incompatibilidade entre a teoria da relatividade geral e a mecânica quântica que rege todos os fenómenos físicos conhecidos, com excepção das forças gravitacionais. É aqui que nos aparece a teoria das supercordas, como tentativa de ultrapassar aquelas dificuldades, através de uma unificação de todos os tipos de forças conhecidas, baseando-se numa nova representação dos fenómenos mais elementares, mas que está, ainda, longe de nos dar resultados definitivos. O mesmo se passa com outras teorias em desenvolvimento, como seja a teoria da gravitação quântica em “loop”, de que, também, falaremos muito genericamente.
Será que, da resolução deste problema, relatividade geral vs. mecânica quântica, surgirá a solução das nossas dificuldades?"
Alfredo Barbosa Henriques
1 comentário:
Tive o enorme prazer de ter tido aulas com o professor Alfredo Barbosa Henriques no IST. Os seus conhecimentos de física são impressionantes, embora como professor nem sempre conseguisse muito bem compreender as dificuldades dos alunos e explicar as coisas de forma mais perceptível, o que é normal em professores com mais idade, e que já não se lembram muito bem do que é ser aluno. De qualquer forma, uma pessoa extremamente acessível e sempre com grande vontade de ajudar. Estarei com toda a certeza nessa conferência.
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