sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Desemprego ZERO!
Crónica habitual de domingo de J. Norberto Pires no Jornal de Notícias (25 de Janeiro 2009):
Segundo as previsões do Banco de Portugal, o país entrou em recessão no final de 2008, terá uma taxa de crescimento negativa em 2009, e verá a economia estagnada em 2010. Sobre emprego o banco prevê um aumento de desemprego a variar entre 0,7% e 1%, chegando ao valor de 500 mil desempregados. A população activa em Portugal ronda os 5,6 milhões pessoas, pelo que aquele valor de desempregados se aproxima muito de 9% da população activa. Considerando ainda que todos os anos as nossas universidades e politécnicos colocam no mercado cerca de 40 mil pessoas com formação superior, é fácil de perceber a dimensão do problema quando a economia “promete” não crescer nos próximos dois anos. Isso significa que o número de empregos gerados não será sequer suficiente para contrabalançar os que forem sendo perdidos, muito menos para acomodar aqueles que entram no mercado de trabalho.
Não sei o que pensam quando ouvem ou lêem estas coisas, mas eu confesso que estou farto de as ouvir ano após ano e que me soam a desculpa de quem não tem o país e as pessoas em primeiro lugar. Ouvi no domingo passado uma entrevista do Prof. Campos e Cunha ao Rádio Clube Português e ao Correio da Manhã, onde se dizia que o “sistema odeia pessoas sérias e integras”, o que adiciona à minha percepção de que vivemos muito de imagens e reféns de interesses que nada têm de colectivo ou façam parte de um projecto global de país.
Como cidadão, exijo uma política integrada para o emprego onde se coloque o que for necessário dos nossos recursos financeiros. Não votarei em mais nenhum partido que não apresente um plano para o emprego, sustentável, que eu reconheça como válido e eficaz. O desemprego é um problema de todos e não só de quem está desempregado, e tem de ser entendido assim pela comunidade. Não consigo perceber por que se aplicam milhares de milhões de euros dos nossos recursos para salvar bancos que viviam do risco, e que portanto sabiam o que lhes podia acontecer, e não os usar prioritariamente para promover o emprego qualificado e a formação dos desempregados de longa-duração. É inaceitável.
Só os 1,3 mil milhões de euros usados pelo estado no BPN, mais os 700 milhões de euros no BPP, dariam para uma política integrada de promoção de emprego qualificado nas pequenas e médias empresas (PME) portuguesas. Bastava que esse dinheiro fosse usado para baixar os impostos, dentro de certos limites, às empresas que oferecessem a licenciados e doutorados contratos de média/longa duração, por exemplo, no valor equivalente aos encargos com esses novos colaboradores. Isso permitiria aumentar a oferta para os mais novos, numa fase crucial da sua vida, mas também contribuir para a revolução necessária nas PME com um efeito muito significativo na sua competitividade.
Os parques de ciência e tecnologia são outra solução para o emprego, pois colocam o foco no conhecimento e na sua capacidade de gerar valor. O Coimbra Inovação Parque, por exemplo, vai custar nas duas fases, que incluem 100 hectares para mais de 60 empresas, cerca de 20 milhões de euros. Somente 10% do dinheiro usado no BPN e BPP daria para construir e financiar o funcionamento de dez parques de ciência e tecnologia deste tipo pelo país fora, com efeitos a médio e longo prazo na nossa capacidade de inovar e reinventar o futuro, no emprego e na competitividade global do pais.
Um plano para o emprego implica uma aposta decisiva e continuada na capacidade dos portugueses. É nisso que deve ser aplicado o investimento público.
J. Norberto Pires
"Sócrates e a Rua": Clara Ferreira Alves, aqui.
"Do BPN ao BPP": Saldanha Sanches, aqui.
"O BPN ou os parvos somos nós": Nicolau Santos, aqui.
"Capitalismo, Dinheiro e Ética", Miguel Sousa Tavares, aqui.
"CGD não consegue empréstimo apesar de aval do estado", Expresso, aqui.
"Brincar com o fogo na banca", Nicolau Santos, aqui.
"A CGD precisa de si", Expresso, aqui.
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35 comentários:
Considero que os discursos dos políticos portugueses deviam ter a estrutura desta crónica. Apresentar de forma clara e transparente os problemas e propor soluções. Bem como, depois levar a cabo o que propõem nos discursos (algo que muitas vezes não acontece).
De há umas semanas para cá que andava a pensar nos jovens que estão a terminar as licenciaturas e nos que estão a trabalhar há pouco tempo (alguns meses ou anos). É sobre esse capital humano, essas pessoas que investiram em formação e que receberam qualificação que a crise vai cair mais fortemente.
No caso dos jovens que estão a trabalhar há pouco tempo, porque na sua maioria está a recibos verdes ou contratos. Como a sua saída não implica custos para as entidades empregadores, vão ser os primeiros empregados a sair em muitas empresas.
O que vai ser desses jovens? Já se sabe que uns vão ficar em casa dos pais a consumir os recursos que estes levam para o agregado familiar. Outros vão conseguir juntar-se ao grupo dos que trabaham em hipermercados, call centers, lojas de grandes empresas, etc. Alguns arricarão investir num negócio próprio, não deverão ser muitos porque os convenceram de que a licenciatura serve para trabalhar por conta de outrém e as notícias diárias avisam acerca do panorama ecnonómico pouco atractivo.
O que interessa fundamentalmente são as consequências, algumas decritas de forma sucinta na crónica (com a qual concordo a 100%). Para as aferir é necessário interpretar o texto ao contrário. Ou seja, se não hovuer plano de emrpego, não vai haver contribuição para «a revolução necessária nas PME», não vai haver efeito significativamente positivo na produtividade, etc.
Portanto, o plano é este: vamos meter no desemprego as pessoas empregadas nos bancos (porque estes vão à falência se o estado não os ajudar), mas vamos criar empregos para os doutores e mestres. Além disso, vamos permitir que milhares de pessoas percam as suas economias, depositadas nos bancos, para criar esses tais empregos. Como é que ninguém pensou antes numa coisa tão brilhante?
“Não consigo perceber por que se aplicam milhares de milhões de euros dos nossos recursos para salvar bancos”
É muito difícil que venha a perceber. De facto não sabe distinguir o que é dar dinheiro do que é prestar um aval. No primeiro caso o dinheiro sai dos cofres do Estado mas no segundo caso o governo apenas garante que os novos empréstimos dos bancos serão pagos pelos contribuintes se o banco avalizado for à falência.
Obrigado Desidério Murcho pelo "brilhante" (muito simpático da sua parte).
Mas não é nada do que disse. Usei como argumento o facto de o estado estar disponível para injectar milhares de milhões de euros em bancos que vivem do risco. Não são bancos quaisquer, mas sim BPN e BPP (vivem do risco, e alguns com gestão muito estranha para dizer só isso). E não estar disponível para o mesmo esforço e promover o emprego qualificado, e a formação de desempregados de longa duração (por distração, esqueceu essa parte...).
E se quer que lhe diga, acho IMORAL a forma como o estado salva ricos (tenta) e não está disponível para, de forma continuado, promover o emprego da classe média: aquela que paga impostos e não tem voz. Até um dia.
O investimento público é para isso que deve ser canalizado. Para o futuro. O desiquilíbrio verificado, com dois pesos e duas medidas, não é de certeza no melhor do interesse do país.
Cumpts,
J. Norberto Pires
Caro António,
Obrigado pelo seu comentário. Eu seu muito bem o que é um aval.
Relembro-lhe só que o BPN foi nacionalizado.
Cumpts,
J. Norberto Pires
Excelente crónica. Muito bem!
Os comentários de alguns aqui são esclarecedores de uma certa confusão ou cegueira de alguns. E da frieza de outros. O Estado nacionalizou o BPN, injectou dinheiro mesmo. E no BPP também. E o pior é que é um BURACO sem fundo.
Diz muito bem Prof. Norberto. É inaceitável este estado de coisas.
José Dinis
Muitos empregos serão perdidos, em várias áreas empresariais. Nos bancos também, especialmente nos mal geridos.
O importante não é apoiar empresas sem futuro a qualquer custo (por muito que no curto prazo seja doloroso - e é - acho preferível deixar cair essas empresas e suportar os custos através da segurança social, apoiando a reorientação profissional das pessoas), mas sim apoiar a criação de empresas com futuro, que gerem empregos viáveis a médio prazo. Não só para mestres e doutores, mas para todos.
Miguel
“Relembro-lhe só que o BPN foi nacionalizado.”
A forma de nacionalizado foi através da integração dos activos e passivos do BPN na CGD. Portanto dos cofres do estado não saiu um euro. Só no futuro podemos dizer se o negócio foi bom ou mau para o estado portugês, agora apenas podemos dizer que se evitou uma corrida aos depósitos do BPN e talvez por arrastamento a toda a banca. Nestas coisas dos bancos a confiança é decisiva. Certamente sabe as consequências de uma corrida generalizado aos bancos e o que isso significa para qualquer economia. O governo pode ter tomado muitas decisões erradas mas a nacionalização do BPN foi uma decisão acertadíssima, basta ler as opiniões de grande maioria dos economistas.
Norberto, todos nós temos momentos infelizes. A tua crónica é um desses momentos. Como economista, deveria ser mais sofisticada. Limita-se a dizer o que o povão afirma, sem que torne minimamente plausível essa posição. Eu limitei-me a apresentar a objecção óbvia, que num artigo bem pensado já devia estar respondida. Compreendo que te sintas frustado com a política económica do governo, mas é preciso mais do que mandar bocas.
Caro António,
Nem mais. Integração de activos e passivos na CGD (banco do estado).
Cumpts,
J. Norberto Pires
Desidério. Não acho infeliz, antes pelo contrário. Mas opiniões são assim. A sua objecção é o que é. Eu cá defendo o seguinte: empresas, bancos, falidos, são para deixar cair. Nomeadamente qd o que se identifica é um conjunto de fraudes e ilícitos verdadeiramente assustadores.
norberto
“Nem mais. Integração de activos e passivos na CGD (banco do estado).”
A integração de activos e passivos na CGD não significa que o estado tenha perdido seja o que fôr. Eventualmente até pode acontecer que, passada a crise, o negócio do BNP se venha a revelar altamente vantajoso para a CGD.
A C.G.D. é um banco do Estado e muitos economistas (em número significativo não compremetidos com o paradigma marxista p.e Paul Krugman), pensam que para ultrapassar a crise será necessário reformular o sector bancário com a nacionalização, pelo menos, dos principais bancos.
O problema, Norberto, é que os princípios gerais muito certinhos e bonitos na academia quando chegam à rua fazem estragos e dos grandes. Eu concordo em geral que as empresas ineficazes devem cair, caindo ainda mais quem as geriu desse modo. Mas na realidade é preciso ter mais sensatez e tacto -- e abrir excepções, que são sempre teoricamente aborrecidas, mas é a vida. Quando deixamos de olhar para a realidade é porque deixamos de nos preocupar com ela e ficámos obcecados com os princípios gerais: chama-se a isso ideologia.
Caro António,
Aumentou o passivo da CGD. E o que o estado tem de avaliar é o interesse público das suas medidas, nomeadamente ao salvar bancos que foram geridos da forma como estes foram. É IMORAL. E para mim, acima de tudo está a justeza das coisas. Infelizmente, neste caso, não posso concordar com o interesse público (apesar do numero de economistas que acham "acertadíssima").
Cumpts,
J. Norberto Pire
Desidério,
Nem imagina como discordo de si. Ainda bem.
Eu não concordo com este tipo de intervenções e fectivamente por estar a olhar para a realidade. Abrir excepções tem de ser sempre por causas justas. Nunca para defender a má gestão, a corrupção, a defesa do interesse colectivo. Isso tem um caminho que tem de ser bem conhecido por todos.
Enfim, custaria claro, mas mais valia o estado deixar cair e ter uma atitude pedagógica defendendo os princípios de boa gestão, transparência e justiça. E isso não são principios gerais, são coisas essenciais: basic things.
Back to basic stuff: honestidade, trabalho, justiça, transparência e fair-play.
Como dizia Obama:
Our challenges may be new. The instruments with which we meet them may be new. But those values upon which our success depends -- hard work and honesty, courage and fair play, tolerance and curiosity, loyalty and patriotism -- these things are old. These things are true. They have been the quiet force of progress throughout our history. What is demanded then is a return to these truths.
Claro: simples "ideologia".
norberto
“E o que o estado tem de avaliar é o interesse público...”
Foi isso exactamente que o governo fez ao evitar uma situação de pânico. Uma corrida aos depósitos do BPN empolada pela comunicação social provocaria uma corrida generalizada. Ninguém pode esquecer esta hipótese reconhecida pelos manuais.
Caro António,
Os manuais dizem N coisas, e não são hipóteses para esquecer. Não penso que o BPN fosse algo que provocasse pánico, e teria algumas vantagens até pedagógicas. E não se passava à população a imagem de navegação à vista e sem critério. Mas acima de tudo, que paga ser desonesto, ter amigos em locais certos, e boas ligações.
Como dizia Eça de Queirós citado pelo Carlos Fiolhais no post sobre "cunhas".
J. Norberto Pires
Enquanto os partidos não apresentarem (e cumprirem o que prometem), um plano para a solução dos problemas dos portugueses, irei passar a votar nulo, riscando os partidos que não considero merecedores do meu voto.
JM
Gostei muito desta crónica. Diz bem o que os Portugueses sentem, pelo menos o que eu sinto como mulher e cidadã. Eu tb estou farta disto, desta enorme confusão diária, desta falta de dimensão, da total despreocupação pelas pessoas e pelo seu bem-estar; pela classe média e por aqueles que ainda acreditam em Portugal, e que querem um projecto de país coerente no qual acreditar.
Obrigado :)
Joana
Norberto, não me fiz compreender. Eu não concordo com o que está a ser feito, nem em Portugal nem nos EUA. Mas a sua crónica, sendo um economista, tem de apresentar com imensa clareza argumentos que sejam cogentes para quem defender a política do governo. Do modo como escreveu, só concorda consigo quem já concordava consigo desde o início, como eu. Mesmo a objecção mais óbvia que eu levantei o seu artigo não contempla. O seu artigo na verdade nada contempla: limita-se a dizer o óbvio que diz o povão.
Depois há outro problema de fundo; se uma pessoa defender a moralidade e o interesse público nas decisões económicas, já abandonou a teoria económica clássica segundo a qual agir racionalmente é agir de modo egoísta. Eu concordo com este abandono, mas é preciso então explicar também esse abandono. Do ponto de vista da economia clássica nenhum governante jamais irá fazer outra coisa senão atender aos seus interesses pessoais e empresariais, e aos dos seus amigos, que é precisamente o que faz o actual governo.
Caro Desidério,
Ponto prévio: eu não sou economista, não ser de onde tirou essa ideia. Sou Engenheiro Físico e professor no departamento de engenharia mecânica.
Mas eu usei um argumento que foi o esforço feito pelo governo para "salvar" os bancos em causa, e já expliquei pq razão não concordo. Depois mostrei que esse esforço seria mais bem aplicado num plano integrado de emprego. Fi-lo no espaço que tenho para uma crónica: 3000 chars, incluindo espaços. E apesar de eu ter até orgulho que me identifiquem com o povão, tenho mesmo, lamento dizer que o povão não diz isso. Infelizmente o povão não quer saber, vive preso a ilusões e de facto não vive a democracia que tanto nos custou a conquistar.
O objectivo das crónicas é colocar as pessoas a pensar, usando uma linguagem simples. Fiz isso, e lamento não concrodar consigo, estou muito satisfeito com o resultado.
E nunca tenha medo de dizer o óbvio, pq muitas vezes (ou quase sempre) isso é o mais complicado de ver. Como dizia o menino da estória das roupas do imperador: "o rei vai nú". Pois vai, e é tão óbvio que até doi.
Sobre aquilo que acha uma questão de fundo, a moralidade e o interesse público. Pois é, não é? Como é possível isso ser uma questão de fundo? Como é possível termos chegado até aqui sendo isso agora uma questão de fundo? Aquilo que devia ser a base de tudo, a justificação para as nossas acções, é afinal um problema a resolver. O "rei vai nú" e não se canse de dizer o óbvio. É mesmo peciso.
Cumpts,
J. Norberto Pires
Ah, na categoria de bitaites, compreendo a crónica. E também sei o que é a chatice de escrever apenas 3 mil caracteres com espaços. Erradamente, pensei que eras economista e daí a minha desilusão: queria algo mais sofisticado do que o mesmo tipo de opinião que também eu tenho.
Concordo que o óbvio por vezes precisa de ser dito. Orwell escreveu sobre um livro de filosofia política do Russell que "descemos a um ponto tal que a reafirmação do óbvio é o primeiro dever dos homens inteligentes". Apenas tive a reacção que tive por esperar uma crónica onde um conhecimento especializado da economia fizesse a diferença. Erro meu, pois não és economista! Ficam as minhas desculpas pelo meu erro.
Um nota ao meu comentário. Concordo com a crónica porque se refere especificamente ao BPN e ao BPP.
Não sou da opinião de que os bancos são para deixar cair. É sabido que quando um banco cai na falência poderá causar um efeito que afecte os outros. Uma vez que poderá levar a uma corrida aos depósitos. Levando à queda de todo um sistema financeiro. E os bancos são a base dos sistemas em que o Estado não assume o controle total da economia. Daí a necessidade do Estado intervir no sentido de impedir que os bancos caiam.
Passando ao caso daqueles dois bancos. O BPP é um banco com características especiais. Essas caracteristicas são suficientes para justificar uma abstenção de intervir do Estado.
Quanto ao BPN. Seria mesmo necessário nacionalizar? Não vi serem apresentados argumentos que o justificassem.
Em todo o caso, não vejo no auxílio aos bancos impedimento para que o Estado tenha um plano para fazer face ao desemprego. Pelo contrário.
O estado necessita que as pessoas trabalhem e consumam para poder sustentar-se. Quando o desemprego aumenta, as famílais diminuem o consumo, como consequência o estado arrecada menos impostos. Quando as famílias diminuem o consumo, as emrpesas reduzem o investimento e a produção, como consequência o estado arrecada menos impostos.
Quando as pessoas não trabalham, além do estado (social) não arrecadar tantos impostos como se estas trabalahssem, ainda vê as suas despesas aumentarem com o pagamento de subsídios.
Por estes e outros motivos, face a uma grande crise como a actual, é fundamental que um Estado (social) como o português construa um plano que vise estimular o investimento e o emprego.
:-)
Qual bitaites?! :-D
De sofisticação estamos um pouco fartos, olhando depois para os resultados práticos.
Sempre estive tb ligado a empresas, e ao mundo empresarial. Mas não era esse o objectivo desta crónica, que atingiu os seus objectivos.
norberto
Pessoalmente, admira-me como é que ainda há tanta gente com emprego. São mais de 90% de empregados.
Afinal a inovação, as máquinas, os robots, os computadores servem para quê ? Não é para nos tirar o trabalho (aborrecido, perigoso, pesado...) os deixarmos a eles trabalhar ? Será que é consequente criar máquinas que substituem 5, 10, 20 operários...e depois querer arranjar emprego para os operários ! E é colocando estes operários a desenhar mais máquinas que vamos criar emprego ? Como ?
O fundo da questão não está a ser debatido: que sociedade ocidental e industrializada é esta, em 2009, que ainda vive obcecada com o materialismo (ter mais e mais, produzir mais e mais bens supérfluos...)e não consegue viver sem trabalhar mais e mais. Talvez o segredo esteja em deixar as máquinas trabalhar e repartir o pouco trabalho que ainda há para fazer.
Globalmente estamos a mudar a forma como trabalhamos. E isso não é um erro, apesar de no processo alguns perderem emprego pq o seu posto de trabalho deixa de ser necessário: todos os processos de mudança têm custos. No entanto, no processo são criados outros postos de trabalho. No futuro, a médio/longo prazo, o espaço de trabalho será partilhado por pessoas e máquinas que cooperam tendo como objectivo o mesmo fim. Falamos hoje no "coworker scenario" e na "cognitive factory", que constituem cenários futuros nos quais o trabalho será muito diferente do que temos agora. Coloca novos desafios, mais exigências, mas não é de temer.
norberto
“Ponto prévio: eu não sou economista, não ser de onde tirou essa ideia. Sou Engenheiro Físico e professor no departamento de engenharia mecânica.”
Eu só comentei porque pensei que era economista. Não quero com isto dizer que não esteja habilitado a ter opiniões sobre ecomomia, mas no caso concreto estou de facto convicto que não sabe distinguir o que é sair dinheiro dos cofres do estado e prestar um aval.
Os exemplos históricos de corrida aos bancos são imensos e como os manuais dizem muitas vezes começaram com um rastilho insignificante. Depois…
:-)
Sei perfeitamente. Temo é que muitos destes se transformem rapidamente em saídas reais dos cofres do estado. Aliás, no caso do BPN (nacionalizado), isso é bem claro!
jnp
E só mais esta pequena nota, que vem do Nicolau Santos (Expresso):
A 2 de Novembro, o Governo anunciou que ia propor à Assembleia da República a nacionalização do Banco Português de Negócio, utilizando para o efeito a Caixa Geral de Depósitos. Motivo: a inviabilidade da instituição, devido não só a prováveis fraudes cometidas pela administração de Oliveira Costa, que liderou o banco durante 15 anos, como a eventuais políticas comerciais erradas seguidas durante anos, em particular a prática de taxas de juro claramente acima do mercado.
Desde essa data, a Caixa já injectou mais de mil milhões de euros no banco (quase o dobro do que pretendia Miguel Cadilhe, então presidente da instituição, para a viabilizar, plano que foi recusado pelo ministro das Finanças) e o BPN é gerida por uma administração onde tem assento três altos quadros da Caixa: Francisco Bandeira (presidente), Norberto Rosa e Pedro Cardoso.
É por isso mesmo ainda mais surpreendente que, numa comparação entre as taxas de juro oferecidas para depósitos a prazo aplicadas através da internet, o BPN continue a ser dos bancos mais competitivos. As taxas que oferece são a terceira melhor para depósitos até 10 mil euros a três anos; são a mais competitiva para depósitos a seis meses até 10 mil euros, entre 10 mil e 50 mil e entre 50 mil e cem mil; e voltam a ser as melhores a 12 meses entre 10 mil e 50 mil e entre 50 mil e cem mil euros.
Ora, ponto 1, é surpreendente que o banco mantenha esta política de taxas de juro, que era uma das marcas da administração de Oliveira Costa que mais surpreendiam o mercado e lançavam suspeitas sobre a instituição; ponto 2, mais surpreendente ainda é que tais políticas se mantenham quando o banco, aparentemente, dificilmente sobreviverá enquanto tal a esta intervenção do Estado; e ponto 3 tudo se torna mais incompreensível quando os contribuintes já injectaram no BNP mais de mil milhões de euros para que o banco possa continuar a flutuar.
Ou alguém explica isto muito bem ou então os contribuintes têm todo o direito de pensar que alguém julga que eles são parvos.
Aliás, efectivamente já saiu dinheiro dos cofres do estado. Real. Basta ver que a CGD fez um aumento de capital de mil milhões de euros, que foi "causado" pelo apoio ao BPN e BPP. Ou seja, no total 1.5 mil milhões gastos pelo estado na CGD, só para apoiar BPN e outros.
Lamento, mas são os Portugueses a pagar as aventuras de alguns, e a tendência de não quer seguir príncipios gerais de honestidade, trabalho, trasnparência.
J. Norberto Pires
Caro JNP
“Só os 1,3 mil milhões de euros usados pelo estado no BPN, mais os 700 milhões de euros no BPP, dariam para uma política integrada de promoção de emprego qualificado nas pequenas e médias empresas (PME) portuguesas.”
“Temo é que muitos destes se transformem rapidamente em saídas reais dos cofres do estado.”
Entre a primeira afirmação no texto e a segunda no comentário é fácil ver o seu erro.
Não saiu nenhum dinheiro dos cofres do Estado, apenas aumentou o Passivo da CGD. Mas também entraram activos. Neste momente sabemos que o saldo é nagativo de acordo com a avaliação feita em tempos de crise, daqui por algum tempo, muito ou pouco não sabemos o saldo até pode ser positivo.
Além disso a deslocação de muitos depósitos da banca comercial para a CGD permitiu que a CGD descesse a taxa de remuneração dos depósitos, logo os lucros são potencialmente aumentados, logo os dividendos para o Estado são maiores, logo o IRC que vai pagar irá ser maior. E ainda o financiamento que eventualmente a CGD venha a obter do Estado vai ser remunarado a uma taxa superior àquela que o Estado vai pagar pelos recursos obtidos.
Suponho que isto está um bocado confuso, mas para terminar acho o seu texto um bom texto de combate político é péssimo quanto ao rigor de natureza financeira.
Caro António,
Não é verdade o que diz, nem existe falta de rigor. Saiu dinheiro dos cofres do estado com o BPN.
1. Aumentou o passivo da CGD. A CGD teve de fazer face aos compromissos assumidos pelo BPN: estava em insolvência;
2. Com o apoio a bancos falidos e insolventes, que foram nacionalizados (BPN), a CGD teve de decidir um aumento de capital. Ou seja, saiu mesmo dinheiro dos cofres do estado.
3. Com estas operações a CGD diminui a sua credibilidade, e com isso perde dinheiro pq os empréstimos no exterior são mais caros (viu-se isso com o "falhanço" do pedido de empréstimo de 2 mil milhões que só em parte foi obtido com spread muito alto);
4. Qd a economia voltar a "aquecer", a CGD estará frágil e será, talvez, um alvo fácil. Ou seja, mais uma vez o estado será prejudicado.
Overall, os contribuintes pagaram a treta do BPN e BPP, perderam dinheiro, diminuíram os seus activos. Mau negócio. Ruinoso negócio.
:)
João Miguel,
A teoria de que as máquinas, os computadores e outras tecnologias iriam retirar empregos não teve até agora aplicação prática.
Ocorreu o inverso. Criou-se mais empregos. Reduziram-se tarefas rotineiras. Aumentou a necessidade de mão-de-obra especializada.
A inovação demonstrou ser de grande utilidade. Tornando-se no «motor» do crescimento económico. Se o desenvolvimento de tecnologia e a inovação estagnassem, o crescimento económico iria parar algures. Porque os recursos (tempo, recursos naturais, etc) são escassos, a partir de um certo nível, só a a utilização de novas tecnologias permite melhor optimizar os recursos.
Uma máquina pode substituir uma pessoa na realização de um tarefa ou auxiliá-la. Não pode substituir completamente uma pessoa. Cria até novas necessidades que requerem pessoas.
Exemplo: a utilização de computadores criou a necessidade de existência de técnicos especializados para os consertar em caso de avaria, a existência trabalhadores que continuasse a desenvolver essa tecnologia e até a existência de operários em fábricas destinadas a produzir os seus componentes.
Se o mundo deixasse as máquinas, a globalização morreria, as pessoas regressariam na sua maioria ao campo onde trabalhariam de «sol a sol». Voltaríamos a uma sociedade semelhante áquela que havia no período anterior à revolução industrial. Uma sociedade de faca mobilidade social, com grande quantidade de pobres. Entre outros problemas, actualmente mais atenuados devido às consequências positivas do crescimeto económico.
Caro JNP:
«Aumentou o passivo da CGD. A CGD teve de fazer face aos compromissos assumidos pelo BPN: estava em insolvência»
Certo, é verdade pela via do aumento do capital saiu de facto dinheiro do Estado. Mas, há uma diferença muito grande entre aumento de capital da CGD e sua afirmação no texto:
«Só os 1,3 mil milhões de euros usados pelo estado no BPN»
Está de acordo? Isto seria um erro imperdoável num especialista que não é o seu caso como eu inicialmente pensava.
Quanto à sua afirmação:
«Com estas operações a CGD diminui a sua credibilidade...»
A situação seria bem pior se o BPN fosse à falência dados os critérios de risco da “Standard & Poor’s credit rating”.
Bem, parece que os economistas começam a dizer que afinal a nacionalização foi um ENORME ERRO. É no que dá ceder nos princípios. E isso dos "especialistas" teria muito que comentar, mas nunca se faz isso: bicos de pés não é o meu forte.
Agora os economistas, os tais especialistas, que aplaudiram de pé a nacionalização do BPN, com medo da corrida aos depósitos, vêm agora dizer que isso não devia ter sido feito. Pois. Especialistas da TRETA. A mim, tal como ao Nicolau Santos do Expresso (ver caderno de economia do fim de semana 7-8 de Fevereiro de 2009), apetece-me chorar.
J. Norberto Pires
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