terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

OS ERROS E A POLÍTICA


A política tem esta coisa profundamente acientífica de nunca se admitir um erro, mas sim de o tentar esconder o mais possível. Um exemplo português recente é-nos oferecido pelas declarações produzidas ontem pelo primeiro-ministro José Sócrates na Conferência do Diário Económico sobre o Orçamento de Estado:

"Decidimos aumentar o nosso défice não por descontrolo, mas para ajudar a economia, as empresas e as famílias", "O défice orçamental português aumentou por uma boa razão, para responder à crise" (...) "O facto de o Estado português ter decidido aumentar o seu défice foi para resolver os problemas e numa dimensão em linha com as outras economias. Não se elevou demasiado, mas sim em linha com a média dos países evoluídos e numa proporção aceitável".

Em contraste, o ministro das Finanças Teixeira dos Santos disse quase na mesma altura na Assembleia da República, na discussão do mesmo Orçamento do Estado:

“As previsões falharam redondamente em todo o lado e não foi porque houvesse intenção de enganar” (...) "Eu engano-me mas não engano” (...) "Não tenho pejo em reconhecer a minha quota parte de responsabilidade no perfil de estagnação e de crescente endividamento."

Um deles está simplesmente a ser mais político do que o outro.

Fonte: Citações do "Público" on-line. Foto de Daniel Rocha do "Público".

9 comentários:

Anónimo disse...

"A política tem esta coisa profundamente acientífica...". Esta surpreendente frase mostra que o autor não faz ideia do que seja a política.

Freire de Andrade disse...

Óptimo comentário. Concluo que não apenas "Um deles está a ser mais político do que o outro." mas sim que um está a tentar enganar-nos. Já tinha escrito no meu blog Será que os anjos têm sexo sob re este assunto. Vou citar este postal. O que mais me espantou foi o facto de as televisões terem dado a notícia das duas afirmações sem notarem a contradição.

Anónimo disse...

Caro anónimo das 15:24
Ou não faz ideia do que é a Ciência. Como é professor de Física (tanto quanto sei) inclino-me mais para a sua hipótese.

Anónimo disse...

Que sorrisos... de malandrecos! "Porreiro, pá!" - parece estarem reciprocamente a dizer. "Já os levámos... na pandeireta!". JCN

Anónimo disse...

Quem duvida que em Portugal a política é mesmo... acientífica?! Faz-se ao sabor das circunstâncias e das conveniências. Umas vezes, bate certo; outras, dá para o torto. E daí?... JCN

Anónimo disse...

Caro anónimo das 23:30, nem podia ser de outra maneira.
Ana Paula

Anónimo disse...

Como se fossem garotos,
parece que estão dizendo:
"Se tudo assim for correndo,
não nos vão faltar os votos!

O que importa é fazer crer
que somos bons a valer,
embora todos saibamos
que à rasca nos encontramos!".

JCN

dumoc disse...

Claro que não percebem nada de Ciência e julgam que politica é enganar o povo e depois com o hábito prepotente e continuado acabam é mesmo no Gamanço descarado.
citando woody Alen: Their lack of education is more than compensated for by Their keenly developed moral bankruptcy.

Anónimo disse...

Ao Dumoc:
a política é arte de levar causas para a frente, uns ganham, outros perdem. Os que perdem, convencidos da justeza da sua causa, sempre disseram e sempre hão-de dizer que foram enganados. Quem perde e diz que muito bem?

DUZENTOS ANOS DE AMOR

Um dia de manhã, cheguei à porta da casa da Senhora de Rênal. Temeroso e de alma semimorta, deparei com seu rosto angelical. O seu modo...