sexta-feira, 13 de março de 2020

A UTOPIA DE ACABAR COM A CORRUPÇÃO




“Um partido é a loucura de muitos para proveito de poucos” (“Gazeta Madrid”, n.º 35, 21.Março.1833).

Tenho publicado vários textos  inspirados em enunciar   casos, quiçá, um tudo ou nada pessimistas, de um Portugal pouco risonho, macambúzio mesmo,  anestesiado do  perigo que representa o “corona vírus” que pouco preocupou o Governo numa crise em que, por obras  de um deus misericordioso,  sairíamos  frescos que nem uma alface.Infelizmente, o presente fez acordar os portugueses para um pesadelo de proporções imprevisíveis.

Mas o que assusta mesmo são as declarações premonitórias (2012) de Cristine Lagarde, directora do FMI: “Os anciães vivem demasiado e isso é um risco para a economia global. Temos que fazer algo e já!” Sem especificar que coisa é essa de “fazer algo e já”! Nem sempre o ditado “a palavra loucas, orelhas moucas” se cumpre por o corona vírus lhe ter aplanado o caminho de chegar a esse objectivo.

Entretanto, dou comigo a pensar  na responsabilidade  de uma legislação com caminhos ínvios para serem percorridos a alta velocidade e sem portagens por prevaricadores que, para enriquecerem fácil e rapidamente, agem na permissividade de leis que não acautelam  que todos os portugueses possam aspirar a uma velhice digna e bem-aventurada!

Assim, um dos grandes problemas da legislação portuguesa foi diagnosticado por António Almeida Santos (cito de memória): As leis publicadas em Portugal depois de 25 de Abril chumbavam na 4.ª classe do antigo ensino primário. Ou seja, falando apenas de ignorância léxica ficando de fora os interesses de vários partidos, formados por laços familiares, nanja de pessoas de real valor, "boys" oportunistas  que como abutres insaciáveis esperam pela podridão da política para se saciarem de carne pútrida.

Ainda hoje, a ministra da Saúde, uma frágil figurinha apanhada num turbilhão de soluções  para homens de barba rija, não estou sequer a pensar num Marquês de Pombal, veio chorar sobre o leite derramado por não ter agido atempadamente  numa crise  que assola e assusta de morte a população portuguesa.

Nesta emergência, seja-me permitido o atrevimento em propor um governo de emergência nacional formado pela melhor gente  possível de todos os partidos políticos com assento na Assembleia da República para não transformar as bancadas de São Bento pejadas, como diria Eça, de “deputados sentados de cócoras”, em intermináveis discussões de putos partidários que se acusam uns aos outros: não fui eu, foste tu o  culpado pelo actual “status  quo”!

Depois, o mais grave é um sistema de (in)justiça que protege aqueles que têm resistência de corredores de maratona e que, "ipso facto", são resguardados pela deficiência de articulados legislativos  que permitem  aguardar com paciência de Job que os crimes de colarinho branco de que estão acusados  prescrevam depois de  passados décadas em banho-maria.

Antigamente, dizia-se quem tinha padrinhos não morria mouro, a que corresponde, actualmente, quem tem bons advogados safa-se sempre, ou, sem ser tão drástico, quase sempre. Como combater esta tristeza de um tempo invernoso’? Com gente honesta de uma democracia musculada que ponha cobro a tantos e diversos desmandos.

Afonso de Albuquerque sentenciou: "Um fraco rei faz fraca a forte gente". A fraqueza em nossos dias, reside em  políticos  que poem os seus interesses próprios e de familiares acima da ética e da moral destruindo os caboucos   de uma sociedade de poucos cidadãos  que reagem e dão o exemplo de honestidade e doação ao próximo como é o caso exemplar de médicos e enfermeiros nesta crise.

De tudo isto, colho de Millôr Fernandes o pessimismo: “Acabar com a corrupção é o objectivo de quem ainda não chegou ao poder”. É, portanto, apenas uma questão de tempo e paciência que de tantos em tantos anos chegará a vez tão desejada dos políticos em chegar ou voltar ao poder!

2 comentários:

Rui Baptista disse...

Portugal é um país de cozinheiros que andam à procura de tachos sem se preocuparem, minimamente, com a limpeza das suas cozinhas! E a sujidade campeia neste quintal (jardim, seria um eufemismo) imundo onde há abutres que "comem tudo e não deixam nada para ninguém"! Ou melhor, presentearam-no, por incúria nacional, com o corona vírus!

Rui Baptista disse...

Onde escrevi, no comentário anterior, presentearam-no, por incúria nacional, com o corona vírus" acrescento, em abono da verdade, presentearam-no, por incúria nacional em deixar desembarcar em Lisboa dois navios com milhares de turistas, pelo dinheiro que entraria na fazenda pública, descurando, o mais que provável, aumento de número de casos de corona vírus em território nacional, com governantes ajoelhados no trono do vil metal tonificador da corrupção, qual Hidra de sete cabeças, que cada vez que se decapita uma delas logo outra surge em sua substituição!

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