"Quando ouço e leio hoje cronistas, comentadores e gente
anónima falar em guerra mundial quando pronunciam o nome da COVID-19, ao mesmo
tempo que correm a fechar-se em casa e a esconder-se debaixo das mantas...
Na II Guerra Mundial, recordo, centenas de milhares de pais
americanos enviaram os seus jovens filhos saudáveis para a frente de batalha na
Europa, sacrificando as suas vidas, para enfrentar o vírus do nazismo. Isto é
que é estar em guerra.
Agora existe o risco de pessoas como eu ou os mais idosos
poderem morrer... Se isso me acontecer, não é agradável nem para mim, nem para
aqueles (poucos, muito poucos) que me estão próximos, mas não tem comparação
com a morte em massa de jovens saudáveis como aconteceu na I e II Guerras
Mundiais.
Temos, obviamente, de
ter alguns cuidados e procurar cumprir as indicações de quem tem essa
responsabilidade. Mas todos nós também conhecemos a história da Bela
Adormecida: apesar de viver encerrada no castelo, quando ia fazer 16 anos, e os
pais terem mandado cortar todos os picos do reino para evitar de se picar, isso
não evitou que se picasse.
E, apesar da
esmagadora maioria dos portugueses ser pensionista, funcionário público ou receber
prestações sociais, temos todos de ter também consciência que não é possível um
país inteiro sobreviver fechado em casa em regime de bar aberto, meses a fio,
até porque o dinheiro só é importante se se puder comprar alguma coisa com ele.
E, se toda a gente ficar fechada em casa, rapidamente deixa
de haver o que comprar e o que comer, para já não falar nos cuidados de saúde
que, para serem prestados, exigem a mobilização de centenas de milhares de
pessoas que também têm fi lhos e família (médicos, enfermeiros, farmacêuticos,
fornecedores, funcionários, bombeiros, seguranças, autoridades,
transportadoras, empresários, operários, etc. etc.)..."
Ou vamos dividir os portugueses em brancos e pretos: uns ficam
em casa com salário garantido e direito a férias, quando o vírus permitir; e os
outros vão trabalhar para garantir que não falte nada àqueles que ficam
fechados em casa."
Santa-Maia Leonardo
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