Breve introdução: Numa altura de
ondas alterosas da actual pandemia virótica, assiste-se a pessoas a surfar em
ondas alterosas para chegarem à praia de um ensino não presencial justificável em tempos de crise de contágio pelo coronavírus. O meu receio reside em que, descida a ponte levadiça da crise, venham elas a tentar aproveitarem-se desta situação anómala. A bem do ensino, farei tudo que
estiver ao meu alcance, habituado que estou a pugnas desportivas, para que esta
discussão decorra com “fair-play” e elevado espírito crítico que alunos, pais e possíveis
leitores merecem.
“Alea jacta est”,
transcrevo este meu post publicado neste blogue, com o título em epígrafe (21/10/2008),
que transcrevo: A polémica sobre o “Magalhães” está longe de ter
chegado ao fim. Todos os dias são publicados estudos sobre a utilização dos
computadores na escola. No meu último post, “Magalhães e obesidade” debrucei-me,
apenas, sobre o uso desta tecnologia em crianças do 1.º ciclo do ensino básico
(antiga instrução primária), tendo apresentado estudos nacionais e estrangeiros
que suportam os seus malefícios no desencadear e agravamento da obesidade.
Numa notícia da Agência Lusa, de 17 de
Outubro deste ano, foi divulgado um estudo que envolveu mais de 500 crianças e
encarregados de educação de escolas da Grande Lisboa, apresentado na “II
Conferência Anual da Entidade Reguladora Para a Comunicação Social”, decorrida
em Lisboa. Segundo ele: “11,1% dos
jovens inquiridos confessaram que usam a Internet para visitar sites pornográficos”. Entretanto, também aí é acrescentado que “84,1% dos pais acredita que os filhos o fazem para procurar
informação”.Os resultados deste estudo são reforçados por um
outro, revelado em Setembro deste ano, e intitulado “Projecto Kids Online”, que
informa que “Portugal, é a par da Polónia,
o único em 21 países europeus onde os pais portugueses menos conhecem o que os
seus filhos fazem on-line”.
Num dos comentários ao meu texto, foi levantada a seguinte questão: “Estou a perder dotes de ortografia com os correctores automáticos (…)”. Pelo seu interesse, mereceu-me a seguinte resposta:
”Falemos, então, do corrector
de texto. Numa perspectiva hedonística de ensino tem vantagem evidente sobre os
maçadores ditados do meu tempo de escola primária. Mas como é hábito dizer-se,
o que arde cura. Fazendo a transferência para a aprendizagem quando ela é feita
com esforço perdura; o que se aprende facilmente entra por um ouvido e sai pelo
outro”.
Neste mesmo blogue perspectivei outras
questões, de natureza cognitiva, num post intitulado “A entrega de portáteis
nas escolas”. Nessa altura, não se tratava da “oferta” de “Magalhães” a alunos
1.º ciclo do ensino básico, mas de computadores mais sofisticados a estudantes
do ensino secundário a preço de saldo e com idêntica pompa e circunstância da
presença do “staff” governamental. Sobre o perigo do uso dos computadores,
escrevi o seguinte: “Pesquisar na
Net pode ser uma arma de dois gumes: pode pesquisar-se o que se deve e o que
não se deve, pondo nas mãos dos jovens essa triagem e essa responsabilidade num
período da vida escolar deveras perigoso porque marca a transição de um ensino
básico permissivo para um ensino secundário que se tem sabido manter firme no
seu exigente papel de antecâmara do ensino superior”.
Mas há mais. Assim, recordo o que escrevi sobre a
entrega de portáteis na escola: “As horas que
deviam ser dedicadas ao estudo correm o risco de se transformarem em ‘conversas
da treta, com os colegas”. Confirma-nos agora o último estudo: “Na utilização da Internet, as crianças respondem que o fazem para conversar
e ouvir música.
Penso que ambos, os estudos da Grande Lisboa e o do “Projecto Kids Online”, podem servir de tira-teimas à acalorada polémica sobre computadores no ensino, ainda que eu deduza que a procissão ainda vai no adro da igreja.”
Penso que ambos, os estudos da Grande Lisboa e o do “Projecto Kids Online”, podem servir de tira-teimas à acalorada polémica sobre computadores no ensino, ainda que eu deduza que a procissão ainda vai no adro da igreja.”
Confirma-se, assim, que ainda há-de correr muita água debaixo da ponte até que se chegue a um consenso
acerca desta matéria que deve ser discutida na paz do Senhor, nunca em época em
que o ensino se tem de adaptar ao indesmentível facto de as vidas humanas
estarem em grande perigo, quer sejam letradas, assim-assim ou iletradas.
Como
aprendi, em meus tempos de serviço militar, não se limpam armas em tempo de guerra. Agora a guerra é contra um inimigo
que se chama pandemia e que ceifa vidas sem arvorar a bandeira branca da
rendição.
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